Sonntag, 27. Juli 2008

Presentear

A propósito de um aniversário redondo que se avizinha no qual irei participar, entrei num panico ansioso pois nao faco a mínima ideia o que poderei dar como presente. Mentalmente dei por mim a correr uma lista de possibilidades, as quais rapidamente descartei, uma por uma. Simplesmente porque a pessoa em questao tem absolutamente tudo o que precisa. De tudo o que se poderia comprar, claro está. Indaguei sobre a utilidade de presentear alguém hoje em dia. A essencia de dar um presente perdeu muito do seu significado, nao só na história, como na vida de cada um. Presentear é alterar a propriedade de um bem, transferi-la sem exigir uma recompensa. A maior parte dos presentes assume a forma de objectos: um carro, uma caneta da loja chinesa, um vaso de porcelana que imediatamente se troca. Adequado à falta de originalidade ou uma menor proximidade para com a pessoa que deverá ser presenteada será o vale de x Euros na Virgin, Habitat ou H&M). Tudo o resto - um beijo, muito amor e carinho, um pequeno-almoco servido na cama é fugaz, efémero e nao deixa resíduos, nem mesmo o pequeno-almoco. Muito menos se poderá trocá-los por algo que realmente nos interessa (ah, aquela coffee table fantástica do Ikea por EUR 19,90...).
As ocasioes de presenteio acumulam-se, nao só temos os famosos aniversários anuais (porque os tais romanos se decidiram pela mesura anual do tempo), como épocas de festejo tais como o Natal ou a Páscoa (grandioso conceito de marketing de uns quantos apóstolos, o qual se encontra actualmente em tempos de grande amargura - já alguém se lembrou de contratar uma empresa de consultadoria ou um encenador para levantar a moral da Igreja Católica?). À falta de eventos durante o resto do ano, alguém bastante perspicaz, muito provavelmente da área financeira da microeconomia, se lembrou de introduzir outras festividades. Porque ficar à espera de manisfestacoes espontaneas de afecto, quando se poderá criar o Dia dos Namorados? Ou o dia do Pai? Ou da Mae? Ou da Crianca? Ou da Avó? Ou da Árvore?
Voltemos ao universo pessoal. Em tempos infantis, receber um presente significava algo muito especial, nao era todos os dias que se recebia algo que se desejava ardentemente. A bicicleta com mudancas, a boneca da moda, o puzzle de 1000 pecas, o modelo ultimativo da Playstation, o castelo Playmobil. A celebracao era enorme, a alegria incomensurável. Para acordar do sonho só mesmo um beliscao. Cada objecto desempenhava o seu papel muito próprio, nao perdia automaticamente o seu valor após um dia. Enquanto nao se trabucava, nao se manducava. Hoje, cada um pode adquirir aquilo que no seu amago mais ambiciona. Se nao for por meios próprios, há um crédito, mesmo que tal signifique viver mal e comer pior durante 30 anos. Mas o objecto de desejo foi comprado, admirado, assimilado, sugado. O sentimento de posse mitigado.
Em tempos da idade média, o nível de vida nao seria comparável ao de hoje, mesmo as possibilidades de cada individuo seriam igualmente limitadas, como hoje em dia no denominado terceiro mundo. Aquilo que conhecemos na civilizacao ocidental é que pouco falta a cada um.
A história de uma parte da humanidade desenvolve-se em paralelo com a vivencia de cada um. À medida que o tempo passa, aumenta a soberania financeira.

Com tudo isto, como hei-de saber o que comprar como presente?

Dienstag, 22. Juli 2008

We can?

E nao é que o Obama anda a fazer-se a honras de presidente eleito? Com que entao discurso em frente ao Brandenburger Tor, heim? Virado para leste? Nem pensar, a Angela nao deixa. Alternativa seria a Siegessäule, monumento tao querido do austríaco Adolfo, erigido no século XIX em celebracao da vitória das tropas prussianas contra Dinamarca, Austria e Franca. Deveras simbólico.
Pompas e circunstancias esperam-se comedidas a propósito da visita do senador norte-americano que, quanto a mim, tem algo de pouco fiável. Ou será porque as expectativas sao grandes que o receio de falhanco se soprepoe à vontade de mudanca?

Ele há coisas.

Torci o pé, perna adormecida, devo andar a mexer-se com poupanca. Ando com um papo ao invés de um tornozelo. E com este fantástico sentido de oportunidade perdi a Love Parade em Dortmund, com o seu número de visitantes record de 1,6 MILHOES. Já vai pior que Berlim.

Para nao falar de um reencontro pre-anunciado com MOL, que já nao vejo há paí dez anos.
Nao sei bem porque, mas a malta fixe vai toda parar a Bruxelas. Cheira-me a lobby...

Mittwoch, 16. Juli 2008

O cheiro da privacao

Alemanha, tempos difíceis.
Poupando nos gastos, enfrentando as limitacoes do ambiente.
Quantas vezes será sensato tomar banho por semana?
E cheirar a nós será assim tao terrível como cheirar a Dolce & Gabbana?
Nao há cheiros ruins, apenas partículas diversas.

Às compras em Milao

Deambulei este fim-de-semana no maravilhoso mundo dos saldos em Milao. Via Montenapoleone, Via della Spiga, Galleria Vittorio Emanuele, Via Sant'Andrea...
Apercebi-me de algo que me fez sentir completamente desorientada e misplaced:
1. 90% das mulheres ostentando sacos de compras da Prada eram louras;
2. 50% dos transeuntes passeando os ditos sacos de compras eram de origem russa (ou arredores);
3. 75% dos mesmos consumidores na faixa etária entre 30 e 40 anos;
4. 99% dessas damas abaixo dos 50 kilos;
5. 98% bronzeadas;
6. 99,5% de saltos acima dos 18 cm.

Special agent A. em observacao. Algo deve ter corrido mal na transformacao do meu ser.

Entrevistas - Parte II

O que pensar de um candidato que, durante uma entrevista de trabalho:
- usa a palavra "merda" no mínimo sete vezes;
- emprega sem pudor a expressao "apanhar na tromba" duas vezes;
- se compromete a uma performance pessoal de 120% (como deverá ser hábito) com notas de aprendizagem de 3;
- desculpa a nota de 3 com black outs;
- se despede da potencial futura manager com um piscar de olhos maroto?

Nao há paciencia...

Blogs e emocoes - Uma instalacao

Um sistema analisa e visualisa emocoes transmitidas por todos nós, bloggers. Aqui.

Vai e vem

Ando perdida numa viagem sem respostas.
Encanta-me a melancolia da questao, mas impacienta-me a possibilidade de nao atingir um consenso pessoal. Muitas vezes nao sei o que quero, para mim. A conjuncao de interesses nao é sempre possível, entre os vários desejos nao consigo encontrar-me. Nao tenho um rumo certo, mesmo aquele que calcorreio nao me convence nem me preenche. Há algo sempre que fica para trás. Um momento nao vivido, uma escolha mal-tomada. O que seria se...? No fundo, a parte da personalidade que fala mais alto é aquele da estabilidade, quase como se o passar do tempo e o acumular da idade tivessem supremacia sobre todos os sonhos e desejos do antigamente. Questiono-me sobre a felicidade alheia, o que os olhares de rua me transmitem com um esgar por vezes assustador. Conto todas as manhas com os dedos de uma mao as pessoas que encaram o privilégio de acordarem para um novo dia com um sorriso nos lábios ou nos olhos. Nao me sossega o pensamento, naqueles dias tenebrosos nos quais tudo parece correr mal, de que haverá pessoas com piores problemas além dos diários conhecidos "o despertador nao toca, o café arrefece, as olheiras resistem à maquilhagem, a t-shirt deliberadamente escolhida durante o duche apresenta-se ao servico cheia de nódoas, a chuva fustiga as janelas e encobre o astro das hormonas, as chaves do carro escondem-se de mim"... Também nao me questiono sobre a fortuna alheia (porque ele e nao eu?), há obras do acaso, nem tudo terá uma explicacao óbvia?
A propósito de explicacoes, alguém ou algo terá tido ideias brilhantes a propósito da anatomia humana. Por vezes imagino o que seria se só tivessemos um olho e o sexo fosse no meio da testa. Nao teria jeito nenhum...
Mas deixemo-os de divagacoes, que a noite já vai longa aqui na Europa Central e eu nao quero exagerar no meu primeiro post desde há um mes, há que recomecar devagarinho, como se tivessem sido umas férias prolongadas.