Mittwoch, 31. Dezember 2008

Que venha ele, esse tal de 2009!

O 2008 despediu-se de uma forma digna de Inverno. Esteve um dia lindo nesta Alemanha, ar gélido, sol esplendoroso. Chave de ouro para um ano sem grandes sobressaltos ou progressos a nível pessoal (o mesmo nao pode dizer o mundo...). Escancaremos entao as portas para o Sr. 2009. A julgar pelos princípios cíclicos, só poderá ser melhor!
Um brinde à vida que pulsa! Hoje à noite em Colónia!
Até para o ano!

Freitag, 12. Dezember 2008

O desaparecimento de um mito

Desengane-se aquele que pensa que skins sao o mesmo que neo-nazis.
Hoje aprendi muito ao falar com um skin (um trabalhador meu) que se mostrou um pouco ofendido por eu referir os nazis ao ouvi-lo contar que um amigo seu tinha uma tatuagem na testa a dizer "Duisburg Skin". Olhe que nao é a mesma coisa, retorquia ele, de modo quase amuado.
E nao é que ele tem toda a razao?

Os skins tem a sua origem no proletariado ingles nos finais dos anos 60, os outros sao uns copioes de primeira (os chamados "boneheads", por serem radicais que nem uns feijoes), e terao surgido nos anos 80, muito mais rapados que os originais.
Há Skins para todos os gostos, os Trojan (tradicionais), os SHARP (anti-racismo), os Redskins (de extrema esquerda), os OI-skins (Oi em antítese ao joy - "Kraft durch Freude" = "Strength through Joy", muito NS) e os neo-nazis, que representam uma ideologia diferente e assumiram o aspecto físico radical e agressivo dos skins.
Estes últimos compatibilizam com negros, mas menos com paquistaneses. De qualquer forma, o movimento skin parece mais civilizado e menos agressivo, em oposto ao dos frustrados suásticos.
Estamos sempre a aprender...

Donnerstag, 11. Dezember 2008

O valor dos protocolos

Seguindo o relato da pobrezita da MOL, alvo de burocracias sem razao aparente, lembrei-me de contar uma história real que me sucedeu no Brasil. Ao registar-me junto das autoridades como cidada portuguesa residente em Sao Paulo, foi-me dado o chamado "protocolo". Este pedaco de papel era mais pequeno que um normal BI, tipo um terco de uma folha A5, nao plastificado, claro está. O único pedaco valioso no papel era a minha foto, tirada à pressao num daqueles locais de conveniencia junto às autoridades (como as antigas lojas de fotocópias junto das faculdades, que aliás já terao visto melhores dias... o terror do copyright... bem feito, sangue-sugas!), eu, completamente descabelada e com sinais visíveis de jetlag... Enfim, adiante. Após ter esperado no mínimo duas horas para ser atendida (os sul-americanos sao bem piores que nós a esse nível...), lá recebi o protocolo. Ninguém me quis explicar bem a importancia do papelito, eu guardei-o na minha carteira sem soltar perguntas, que farta de esperar estava eu. Meses mais tarde, decidi pegar em mim e ir passar uns dias a Buenos Aires, ali tao pertito. Comprei bilhetes, fiz o check-in. Ao tentar entrar na área dos passageiros, tive que passar pelo controlo dos passaportes. O meu passaporte era ainda válido e estava em dia. Qual nao é o meu espanto quando o badameco do polícia me pergunta pelo protocolo. Eu já nem me lembrava do que isso era. Quando ele me falou no pseudo-documento que havia recebido aquando do meu "registro" no Brasil, lá se fez luz no sotao. Sinais do papel? Népias, completamente perdido na imensidao de Sampa. E nao é que o homem nao me queria deixar fazer a viagem? Eu, uma cidada europeia, presa por um protocolo perdido? Fiz uma escandaleira, já a ameacar um incidente internacional. O polícia levou-me para uma saleta, paredes amarelas e frias, ar impessoal e asqueroso. Eu comecei a sentir um friozinho na espinha, principalmente por o polícia ter comecado a fazer perguntas do género "e voce onde vive? e tem namorado?". Um cenário de horror passou-me pla cabeca, já nao pensava na embaixada, nas represálias de Portugal contra o Brasil, no embargo económico e cultural, na manchete nos jornais. NAO, queria era pirar-me dali o quanto antes. Lá me deixou ir, após uns minutos de suspense e olhar viscoso. Carimbou-me o passaporte com o valor da multa que tinha que pagar ao regressar ao país. "Don't cry for me, Argentina!!", lá fui eu passar uns dias a B.A. De regresso, ninguém olhou para a multa e nem sequer para o passaporte. Saí do país duas vezes entretanto, uma delas definitivamente, sem ter pago a multa de quase cem euros por nao ter o bendito protocolo comigo. O meu sentido de honestidade nao foi suficiente para apelar ao pagamento da multa, foi mais uma questao de orgulho. Já troquei o passaporte e vestígios de multa, nenhuns. Sou novamente uma cidada sem cadastro.

O paraíso das salsichas

Um verdadeiro mercado de Natal alemao tem que estar composto pelo menos por 50% de Stands dedicados à gastronomia. Há de tudo, desde docaria (quilos e quilos de chocolate a derreterem em objectos centrífugos ou coracoes de gengibre com palavras quentes como "Adoro-te, meu torraozinho") a salgados, sejam eles batatas fritas aos montes, cujas porcoes só existem com maio ou ketchup, simples nao há quem queira, ou entao salsichas. Ele há a Krakauer (polaca), a Thüringer (do sul), a Bockwurst (de Berlim) ou a Currywurst (que, atencao, nao sabe a caril!). Se alguém me contasse quantas tonalidades de rosa uma salsicha poderia ter na Alemanha, eu jamais acreditaria. Mas após ter presenciado mercados de Natal consecutivos, já nao me surpreende quao variada a cozinha alema efectivamente é.
WURST, em qualquer mercado perto de si.

Repare-se no aspecto fálico do tubo de ketchup pendurado na tenda. A clicar, está um pouco escuro, mas dá para ver...

Mittwoch, 10. Dezember 2008

Coincidencias

Cheguei de viagem. Andei pelo sul desta Alemanha gélida e cinzenta. Após uma reuniao de trabalho tortuosa e plena de altos e baixos, com um tempo de preparacao bastante prolongado, só me apetecia mesmo enfiar-me no comboio e esquecer o presente, lembrando coisas boas ou entao coisa nenhuma. Eis que o destino me obriga a mudar de comboio na estacao de Estugarda já que uma qualquer carruagem tinha um defeito técnico irreparável, súbito e inexplicável, como é sempre um atraso da Deutsche Bahn. Eu, ao telefone e já no outro comboio, opto por um compartimento, onde dá sempre para fechar a porta e nao incomodar ninguém com conversas à telemóvel do tipo "Ah, já chegaste? E entao, onde estás? E o que ves? E com quem estás? E etc etc e tal". Acabo a chamada, deixo-me conduzir pela leitura de uma revista que se veio a revelar de esquerda, a qual, sem estar muito consciente desse facto, havia comprado na estacao.
Umas paragens depois chega um tipo de mala de cabedal e aspecto simpático, instalando-se no assento oposto a mim. Após uns minutos, decide oferecer-me uma bolacha de um pacote aberto na hora. Eu recuso. Comeca a contar que chegou mesmo hoje de Espanha, quase que nao apanhava o comboio devido ao controlo do aeroporto, que nao surpreendeu muito pelo facto de trazer consigo uma garrafa de rum, blá blá blá. Portugal também conhece, adorou lá estar, Lisboa é o máximo. Os portugueses parece nao nutrirem uma grande simpatia por bicicletas, nem mesmo os caes estao habituados, ladram a qualquer ciclista que passe, nao só carteiro, mas também turista (eu fiquei a pensar se será mesmo assim...).
Horas de conversa seguidas saiu em Duesseldorf. Eu, de novo sozinha e entregue aos meus pensamentos, nem reparei que o moco tinha deixado o pacote das bolachas em cima da mesa. Pode-lo-ia ter avisado... Pensando melhor... Após uns momentos de auto-controlo e ponderacao (sim, nunca se sabe o que uma bolacha possa conter, do tipo gotas KO ou assim... nao devia ter dado ouvido a tantas histórias paranóicas, ai isso nao...), lá meti a mao ao pacote.
E nao é que descobri que eram BOLACHAS MARIA à espanhola? Com o mesmo sabor, a mesma forma, os mesmos buraquinhos, tudo igual! É claro que guardei o pacote e trouxe-o comigo.
Fiquei feliz por terminar um dia tao longo com sabor a casa.

Dienstag, 9. Dezember 2008

Idas ao Cinema

Na semana passada deu-me um grande vaipe e decidi a meio da noite (às 22:30, sim, meio da noite, que isto aqui escurece já a partir das quatro do pomeeeeeriggio) meter-me no carro e ir ao cinema, sessao tardia, após ter feito uma paragem muito pouco obrigatória na bomba do King, Burger King. Há que tempos que andava sequiosa de umas fritli, como diriam os suicos.
Chego ao grande espaco que é hoje em dia a sala de cinema (uma pessoa nao sente individualidade nenhuma a nao ser que...*) e ponho-me a perscrutar o cartaz. Tudo uma m***a de mainstream. Eis que nao é que deparo com Vicky Cristina Barcelona, realizado pelo provavelmente mais ilustre habitante de Manhattan, com excepcao obviamente da Sinapse. Ponho-me na fila, a noite ia longa, a fila ainda mais. Chego ao guichet e a vendedora pergunta quantos bilhetes.
Eu - "Uma entrada para VCB".
Ela - "Quantos bilhetes?"
Eu - "Um."
Ela - "Estará sozinha na sala, ou nao?"
Eu (sem muitas certezas sobre o significado da pergunta) - "Como assim, sozinha?"
Ela - "É só mesmo uma entrada?"
Eu - "Sim..."
Ela - "Ah... (pausa) *Sabe que estará sozinha sem companhia?"
Eu - "Tal nao me incomoda..." (já comiserada)
Ela - "Ah, isso passa, a situacao de certeza que se altera e muito provavelmente haverá alguém a juntar-se a si!!"
(eu pensei: será ela a ter pena de mim??)
Eu - "Obrigada."

Pobres dos singles e sem amigos para uma sessao improvisada de cinema às 10 e meia da noite. Até a vendedora tem pena...
Afinal ela tinha razao, houve mais UM espectador para Woody Allen. O resto da multidao entreteve-se com James "Bonzao" Bond.

PS: O filme é muito giro, cheio de sinais de Allen. Permanecemos curiosos durante o filme inteiro para saber como a história acaba e quem fica com quem. Interessante a interpretacao de Penélope Cruz com um Bardem um pouco repetitivo (propositadamente?) e uma Johansson como sempre, mistura de naivité e sensualidade.

Sonntag, 7. Dezember 2008

Regresso às origens

Por circunstancias banais decidi ontem por-me a caminho de Düsseldorf sem carro, recorrendo aos famosos transportes públicos. Apercebi-me que solidao nao se restringe a viver só, mas, como diria o autor do artigo blogosferiado pela Sinapse, principalmente a sentir-se só. O que pode acontecer efectivamente se se escolhe o veículo próprio como único e legítimo meio de mobilidade e esfera privada. Quem nao opta pela pequena grande intimidade de por a música favorita a altos berros no rádio do carro e cantar a pulmoes soltos e desalmados estrofe por estrofe por saber que ninguém ouve (a nao ser que se esteja parado num semáforo e se tenha esquecido da réstia de janela aberta...)? Um aspecto positivo de se locomover a meios próprios. A grande desvantagem, da qual me apercebi nitidamente ontem, é a de isolacao quase imediata. Usamos as quatro rodas qual redoma de vidro tao inconscientemente que acabamos por nao nos aperceber de quao diverso o resto da humanidade efectivamente é. Ao entrar ontem no metro da cidade, deixei-me envolver pelo cheiro humano, pelas vozes a fundo, pelas cores, pelas feicoes onde se leem biografias. Modus vivendi de geracoes, racas, mistura de opcoes de vida, estilos, modos de educacao, respeito e desrespeito, tudo numa miscelanea corporal semi-harmoniosa em quatro paredes de vagons. Ao sair do metro para apanhar o comboio seguinte, isto no centro da cidade e incorporada no mercado de Natal tao germanico e, como tal, sob uma apertada vigilancia policial, como é o caso com todas as concentracoes de rua alemas, apecebo-me de uma manifestacao marxista-leninista contra o poderio dos monopólios do ramo da Energia (aqui no sítio concentrados nas maos da RWE), através da qual fiquei a saber que ontem foi o Dia Mundial do Ambiente. Chamem-me desinformada, mas às 12:30 da tarde de sábado ainda nao tinha pegado no jornal. Teria optado pelo carro, nao teria sabido. Deixei-me influenciar por um membro do partido e acabei por comprar material didáctico sobre formas alternativas de reciclagem de lixo como fontes inovadoras de provisao de energia. Senti-me, por uns momentos, parte de um todo que me é quase todos os dias distante e alheio. Segui caminho com um comboio regional apinhado de pessoas. O odor, um tanto ou quanto nauseabundo, mistura nao de musk, mas de corpo humano, inverno, janelas fechadas, calor artificial e álcool, muito álcool, quase que me embriagou. Tentei ler, mas nao me consegui concentrar, o ar estava demasiado pesado. Lá encontrei um lugar sentado, ao pé da janela, no parapeito da qual se encontravam já duas garrafas de espumante vazias e seis copos, esses também vazios. A referir, era uma da tarde de sábado. Ponderei no porque de tal consumo desenfreado de álcool nestas alturas, como se o alemao estivesse constantemente em busca de um motivo especial para iniciar o processo de embriaguez às 10 da matina, seja ele o mercado de Natal, o Carnaval ou o feriado de Unificacao Nacional. Nao é normal todos os fins-de-semana. A bem dizer, felizmente. Li há umas horas um artigo pequeno sobre o porque deste consumo exagerado de álcool. O Alemao está supostamente no centro entre o latino-mediterranico e o escandinavo. O latino consome regularmente álcool, mas com moderacao. O escandinavo faz uso do álcool em ocasioes mais especiais, mas é menos moderado; nesta cultura, o estado de embriaguez é considerado perfeitamente normal (os finlandeses que o digam...). O alemao é entao aquele que bebe regularmente (como o latino) e bastante (como o escandinavo).
Pisei chao de estacao, aliviada por poder respirar ar fresco novamente. Iniciei a minha viagem de caca ao presente de Natal. Até ver, bem sucedida.

Montag, 1. Dezember 2008

Descobertas em Essen

Nao, a foto nao está ao contrário. Trata-se de uma parede de troncozinhos de madeira, irrigados constantemente por água. Local de meditacao onde se inspira puro oxigénio fresco (será que a combinacao existe?). Faz-me lembrar a Escandinávia...

O meu pequeno-almoco de sábado

O grau de inclinacao da foto deve-se à pequena ressaca com que acordei...

Um dia de neve