A propósito de um texto publicado pelo professor da FEUC José Manuel Pureza aqui divulgado pela Ecila, com o qual concordo plenamente - sim, de facto a ciencia económica abrange um pouco mais além da teoria da maximizacao dos lucros e calculacao de taxas de risco associadas a subprimes -, lembrei-me de um programa de TV com o qual ocupei um bocado da minha manha preguicosa de ontem, programa esse de teor informativo composto por investigacoes jornalísticas sobre a arte de sobrevivencia do sector primário, nomeadamente a agricultura e a pecuária. Existe, de facto, uma transferencia de responsabilidades. Os agricultores actuais nao assumem aquela imagem pré-definida do iliterado de boiné, de unha suja e capaz no limite de conduzir o próprio tractor. Nao, o agricultor moderno apresenta-se hoje como empresário, bem formado ou pelo menos com uma ideia concreta em relacao ao significado de balancos, producao a custos mínimos, mecanizacao dos processos, sustentabilidade e responsabilidade em relacao ao ambiente. O Sr. Silva da província sabe quais os produtos mais procurados no mercado e conhece o potencial ecológico das suas colheitas. Estabelece contacto com engenheiros químicos ou do ambiente, professores universitários ou investigadores que o auxiliem no desenvolvimento das espécies cultivadas. Uma maca só será aceitável por parte do público se tiver no mínimo 80% de cor, nao amadurecer demasiado depressa, se a sua carne for suculenta e resistente à dentada e, mais importante, se crescer numa amostra de árvore que nao ocupe mais de 25 cm na sua largura, de forma a poder permitir uma colheita mecanica. That is the perfect apple!
Nada é deixado ao acaso, apesar de haver uma manutencao manifesta do que é natural, i.e. o respeito das estacoes e da capacidade do solo. Existe uma premeditacao com um fim: A própria preservacao por intermédio do lucro. Qual empresa.
O mais subtil na reportagem foi a mensagem transmitida sobre a necessidade em relacao ao pessoal empregue. Máquinas substituem cérebros. Obviamente que tal fenómeno nao é novidade, nao o foi aquando da Revolucao Industrial, até ver a sobrevivencia foi garantida. Foi mesmo? Apesar de as várias eras económicas terem sido aparentemente capazes de se recriar por intermédio do nascimento de postos de trabalhos alternativos, será mesmo que toda esta industrializacao nos terá deixado assim tao imaculados?
Para o Sr. Silva de hoje, a resposta nao interessa, ele poupou 70% dos seus recursos laborais. Resta saber se o público para os seus produtos estará assim tao certo no futuro próximo.
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1 Kommentar:
Espero que a informacao que temos ao nosso dispor hoje em dia, gracas aos esforcos "interneticos" pelo mundo fora, venha a acabar com a mania pouco saudável das macas iguais e sem sabor a maca. Nao há coisa mais aborrecida do que filas de géneros iguais e polidos, sejam eles pessoas ou macas ;-)
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