Mittwoch, 31. Dezember 2008

Que venha ele, esse tal de 2009!

O 2008 despediu-se de uma forma digna de Inverno. Esteve um dia lindo nesta Alemanha, ar gélido, sol esplendoroso. Chave de ouro para um ano sem grandes sobressaltos ou progressos a nível pessoal (o mesmo nao pode dizer o mundo...). Escancaremos entao as portas para o Sr. 2009. A julgar pelos princípios cíclicos, só poderá ser melhor!
Um brinde à vida que pulsa! Hoje à noite em Colónia!
Até para o ano!

Freitag, 12. Dezember 2008

O desaparecimento de um mito

Desengane-se aquele que pensa que skins sao o mesmo que neo-nazis.
Hoje aprendi muito ao falar com um skin (um trabalhador meu) que se mostrou um pouco ofendido por eu referir os nazis ao ouvi-lo contar que um amigo seu tinha uma tatuagem na testa a dizer "Duisburg Skin". Olhe que nao é a mesma coisa, retorquia ele, de modo quase amuado.
E nao é que ele tem toda a razao?

Os skins tem a sua origem no proletariado ingles nos finais dos anos 60, os outros sao uns copioes de primeira (os chamados "boneheads", por serem radicais que nem uns feijoes), e terao surgido nos anos 80, muito mais rapados que os originais.
Há Skins para todos os gostos, os Trojan (tradicionais), os SHARP (anti-racismo), os Redskins (de extrema esquerda), os OI-skins (Oi em antítese ao joy - "Kraft durch Freude" = "Strength through Joy", muito NS) e os neo-nazis, que representam uma ideologia diferente e assumiram o aspecto físico radical e agressivo dos skins.
Estes últimos compatibilizam com negros, mas menos com paquistaneses. De qualquer forma, o movimento skin parece mais civilizado e menos agressivo, em oposto ao dos frustrados suásticos.
Estamos sempre a aprender...

Donnerstag, 11. Dezember 2008

O valor dos protocolos

Seguindo o relato da pobrezita da MOL, alvo de burocracias sem razao aparente, lembrei-me de contar uma história real que me sucedeu no Brasil. Ao registar-me junto das autoridades como cidada portuguesa residente em Sao Paulo, foi-me dado o chamado "protocolo". Este pedaco de papel era mais pequeno que um normal BI, tipo um terco de uma folha A5, nao plastificado, claro está. O único pedaco valioso no papel era a minha foto, tirada à pressao num daqueles locais de conveniencia junto às autoridades (como as antigas lojas de fotocópias junto das faculdades, que aliás já terao visto melhores dias... o terror do copyright... bem feito, sangue-sugas!), eu, completamente descabelada e com sinais visíveis de jetlag... Enfim, adiante. Após ter esperado no mínimo duas horas para ser atendida (os sul-americanos sao bem piores que nós a esse nível...), lá recebi o protocolo. Ninguém me quis explicar bem a importancia do papelito, eu guardei-o na minha carteira sem soltar perguntas, que farta de esperar estava eu. Meses mais tarde, decidi pegar em mim e ir passar uns dias a Buenos Aires, ali tao pertito. Comprei bilhetes, fiz o check-in. Ao tentar entrar na área dos passageiros, tive que passar pelo controlo dos passaportes. O meu passaporte era ainda válido e estava em dia. Qual nao é o meu espanto quando o badameco do polícia me pergunta pelo protocolo. Eu já nem me lembrava do que isso era. Quando ele me falou no pseudo-documento que havia recebido aquando do meu "registro" no Brasil, lá se fez luz no sotao. Sinais do papel? Népias, completamente perdido na imensidao de Sampa. E nao é que o homem nao me queria deixar fazer a viagem? Eu, uma cidada europeia, presa por um protocolo perdido? Fiz uma escandaleira, já a ameacar um incidente internacional. O polícia levou-me para uma saleta, paredes amarelas e frias, ar impessoal e asqueroso. Eu comecei a sentir um friozinho na espinha, principalmente por o polícia ter comecado a fazer perguntas do género "e voce onde vive? e tem namorado?". Um cenário de horror passou-me pla cabeca, já nao pensava na embaixada, nas represálias de Portugal contra o Brasil, no embargo económico e cultural, na manchete nos jornais. NAO, queria era pirar-me dali o quanto antes. Lá me deixou ir, após uns minutos de suspense e olhar viscoso. Carimbou-me o passaporte com o valor da multa que tinha que pagar ao regressar ao país. "Don't cry for me, Argentina!!", lá fui eu passar uns dias a B.A. De regresso, ninguém olhou para a multa e nem sequer para o passaporte. Saí do país duas vezes entretanto, uma delas definitivamente, sem ter pago a multa de quase cem euros por nao ter o bendito protocolo comigo. O meu sentido de honestidade nao foi suficiente para apelar ao pagamento da multa, foi mais uma questao de orgulho. Já troquei o passaporte e vestígios de multa, nenhuns. Sou novamente uma cidada sem cadastro.

O paraíso das salsichas

Um verdadeiro mercado de Natal alemao tem que estar composto pelo menos por 50% de Stands dedicados à gastronomia. Há de tudo, desde docaria (quilos e quilos de chocolate a derreterem em objectos centrífugos ou coracoes de gengibre com palavras quentes como "Adoro-te, meu torraozinho") a salgados, sejam eles batatas fritas aos montes, cujas porcoes só existem com maio ou ketchup, simples nao há quem queira, ou entao salsichas. Ele há a Krakauer (polaca), a Thüringer (do sul), a Bockwurst (de Berlim) ou a Currywurst (que, atencao, nao sabe a caril!). Se alguém me contasse quantas tonalidades de rosa uma salsicha poderia ter na Alemanha, eu jamais acreditaria. Mas após ter presenciado mercados de Natal consecutivos, já nao me surpreende quao variada a cozinha alema efectivamente é.
WURST, em qualquer mercado perto de si.

Repare-se no aspecto fálico do tubo de ketchup pendurado na tenda. A clicar, está um pouco escuro, mas dá para ver...

Mittwoch, 10. Dezember 2008

Coincidencias

Cheguei de viagem. Andei pelo sul desta Alemanha gélida e cinzenta. Após uma reuniao de trabalho tortuosa e plena de altos e baixos, com um tempo de preparacao bastante prolongado, só me apetecia mesmo enfiar-me no comboio e esquecer o presente, lembrando coisas boas ou entao coisa nenhuma. Eis que o destino me obriga a mudar de comboio na estacao de Estugarda já que uma qualquer carruagem tinha um defeito técnico irreparável, súbito e inexplicável, como é sempre um atraso da Deutsche Bahn. Eu, ao telefone e já no outro comboio, opto por um compartimento, onde dá sempre para fechar a porta e nao incomodar ninguém com conversas à telemóvel do tipo "Ah, já chegaste? E entao, onde estás? E o que ves? E com quem estás? E etc etc e tal". Acabo a chamada, deixo-me conduzir pela leitura de uma revista que se veio a revelar de esquerda, a qual, sem estar muito consciente desse facto, havia comprado na estacao.
Umas paragens depois chega um tipo de mala de cabedal e aspecto simpático, instalando-se no assento oposto a mim. Após uns minutos, decide oferecer-me uma bolacha de um pacote aberto na hora. Eu recuso. Comeca a contar que chegou mesmo hoje de Espanha, quase que nao apanhava o comboio devido ao controlo do aeroporto, que nao surpreendeu muito pelo facto de trazer consigo uma garrafa de rum, blá blá blá. Portugal também conhece, adorou lá estar, Lisboa é o máximo. Os portugueses parece nao nutrirem uma grande simpatia por bicicletas, nem mesmo os caes estao habituados, ladram a qualquer ciclista que passe, nao só carteiro, mas também turista (eu fiquei a pensar se será mesmo assim...).
Horas de conversa seguidas saiu em Duesseldorf. Eu, de novo sozinha e entregue aos meus pensamentos, nem reparei que o moco tinha deixado o pacote das bolachas em cima da mesa. Pode-lo-ia ter avisado... Pensando melhor... Após uns momentos de auto-controlo e ponderacao (sim, nunca se sabe o que uma bolacha possa conter, do tipo gotas KO ou assim... nao devia ter dado ouvido a tantas histórias paranóicas, ai isso nao...), lá meti a mao ao pacote.
E nao é que descobri que eram BOLACHAS MARIA à espanhola? Com o mesmo sabor, a mesma forma, os mesmos buraquinhos, tudo igual! É claro que guardei o pacote e trouxe-o comigo.
Fiquei feliz por terminar um dia tao longo com sabor a casa.

Dienstag, 9. Dezember 2008

Idas ao Cinema

Na semana passada deu-me um grande vaipe e decidi a meio da noite (às 22:30, sim, meio da noite, que isto aqui escurece já a partir das quatro do pomeeeeeriggio) meter-me no carro e ir ao cinema, sessao tardia, após ter feito uma paragem muito pouco obrigatória na bomba do King, Burger King. Há que tempos que andava sequiosa de umas fritli, como diriam os suicos.
Chego ao grande espaco que é hoje em dia a sala de cinema (uma pessoa nao sente individualidade nenhuma a nao ser que...*) e ponho-me a perscrutar o cartaz. Tudo uma m***a de mainstream. Eis que nao é que deparo com Vicky Cristina Barcelona, realizado pelo provavelmente mais ilustre habitante de Manhattan, com excepcao obviamente da Sinapse. Ponho-me na fila, a noite ia longa, a fila ainda mais. Chego ao guichet e a vendedora pergunta quantos bilhetes.
Eu - "Uma entrada para VCB".
Ela - "Quantos bilhetes?"
Eu - "Um."
Ela - "Estará sozinha na sala, ou nao?"
Eu (sem muitas certezas sobre o significado da pergunta) - "Como assim, sozinha?"
Ela - "É só mesmo uma entrada?"
Eu - "Sim..."
Ela - "Ah... (pausa) *Sabe que estará sozinha sem companhia?"
Eu - "Tal nao me incomoda..." (já comiserada)
Ela - "Ah, isso passa, a situacao de certeza que se altera e muito provavelmente haverá alguém a juntar-se a si!!"
(eu pensei: será ela a ter pena de mim??)
Eu - "Obrigada."

Pobres dos singles e sem amigos para uma sessao improvisada de cinema às 10 e meia da noite. Até a vendedora tem pena...
Afinal ela tinha razao, houve mais UM espectador para Woody Allen. O resto da multidao entreteve-se com James "Bonzao" Bond.

PS: O filme é muito giro, cheio de sinais de Allen. Permanecemos curiosos durante o filme inteiro para saber como a história acaba e quem fica com quem. Interessante a interpretacao de Penélope Cruz com um Bardem um pouco repetitivo (propositadamente?) e uma Johansson como sempre, mistura de naivité e sensualidade.

Sonntag, 7. Dezember 2008

Regresso às origens

Por circunstancias banais decidi ontem por-me a caminho de Düsseldorf sem carro, recorrendo aos famosos transportes públicos. Apercebi-me que solidao nao se restringe a viver só, mas, como diria o autor do artigo blogosferiado pela Sinapse, principalmente a sentir-se só. O que pode acontecer efectivamente se se escolhe o veículo próprio como único e legítimo meio de mobilidade e esfera privada. Quem nao opta pela pequena grande intimidade de por a música favorita a altos berros no rádio do carro e cantar a pulmoes soltos e desalmados estrofe por estrofe por saber que ninguém ouve (a nao ser que se esteja parado num semáforo e se tenha esquecido da réstia de janela aberta...)? Um aspecto positivo de se locomover a meios próprios. A grande desvantagem, da qual me apercebi nitidamente ontem, é a de isolacao quase imediata. Usamos as quatro rodas qual redoma de vidro tao inconscientemente que acabamos por nao nos aperceber de quao diverso o resto da humanidade efectivamente é. Ao entrar ontem no metro da cidade, deixei-me envolver pelo cheiro humano, pelas vozes a fundo, pelas cores, pelas feicoes onde se leem biografias. Modus vivendi de geracoes, racas, mistura de opcoes de vida, estilos, modos de educacao, respeito e desrespeito, tudo numa miscelanea corporal semi-harmoniosa em quatro paredes de vagons. Ao sair do metro para apanhar o comboio seguinte, isto no centro da cidade e incorporada no mercado de Natal tao germanico e, como tal, sob uma apertada vigilancia policial, como é o caso com todas as concentracoes de rua alemas, apecebo-me de uma manifestacao marxista-leninista contra o poderio dos monopólios do ramo da Energia (aqui no sítio concentrados nas maos da RWE), através da qual fiquei a saber que ontem foi o Dia Mundial do Ambiente. Chamem-me desinformada, mas às 12:30 da tarde de sábado ainda nao tinha pegado no jornal. Teria optado pelo carro, nao teria sabido. Deixei-me influenciar por um membro do partido e acabei por comprar material didáctico sobre formas alternativas de reciclagem de lixo como fontes inovadoras de provisao de energia. Senti-me, por uns momentos, parte de um todo que me é quase todos os dias distante e alheio. Segui caminho com um comboio regional apinhado de pessoas. O odor, um tanto ou quanto nauseabundo, mistura nao de musk, mas de corpo humano, inverno, janelas fechadas, calor artificial e álcool, muito álcool, quase que me embriagou. Tentei ler, mas nao me consegui concentrar, o ar estava demasiado pesado. Lá encontrei um lugar sentado, ao pé da janela, no parapeito da qual se encontravam já duas garrafas de espumante vazias e seis copos, esses também vazios. A referir, era uma da tarde de sábado. Ponderei no porque de tal consumo desenfreado de álcool nestas alturas, como se o alemao estivesse constantemente em busca de um motivo especial para iniciar o processo de embriaguez às 10 da matina, seja ele o mercado de Natal, o Carnaval ou o feriado de Unificacao Nacional. Nao é normal todos os fins-de-semana. A bem dizer, felizmente. Li há umas horas um artigo pequeno sobre o porque deste consumo exagerado de álcool. O Alemao está supostamente no centro entre o latino-mediterranico e o escandinavo. O latino consome regularmente álcool, mas com moderacao. O escandinavo faz uso do álcool em ocasioes mais especiais, mas é menos moderado; nesta cultura, o estado de embriaguez é considerado perfeitamente normal (os finlandeses que o digam...). O alemao é entao aquele que bebe regularmente (como o latino) e bastante (como o escandinavo).
Pisei chao de estacao, aliviada por poder respirar ar fresco novamente. Iniciei a minha viagem de caca ao presente de Natal. Até ver, bem sucedida.

Montag, 1. Dezember 2008

Descobertas em Essen

Nao, a foto nao está ao contrário. Trata-se de uma parede de troncozinhos de madeira, irrigados constantemente por água. Local de meditacao onde se inspira puro oxigénio fresco (será que a combinacao existe?). Faz-me lembrar a Escandinávia...

O meu pequeno-almoco de sábado

O grau de inclinacao da foto deve-se à pequena ressaca com que acordei...

Um dia de neve


Sonntag, 30. November 2008

Tres dias de festa

Já nao me divertia assim há algum tempo. Nos últimos tres dias andei de bar em festa. Nao admira que nao tenha tempo para actualizar o meu CV... Quinta e sexta, dias de trabalho árduo em Frankfurt. Ou melhor, nos arredores do aeroporto, da City nao se ve mesmo nada. Sao aquelas viagens a trabalho, totalmente passadas em zonas industriais pouco glamorosas, mas com odor a indústria.
De quinta para sexta deitei-me às duas da matina, após um jantar bem humorado com pessoal de gravata, regado com um óptimo vinho italiano. O problema foi realmente levantar-me às seis da matina na sexta e ter energia para enfrentar um dia de reunioes, brainstorming, viagens de comboio e jantar espectáculo na Nokia Promi Night, com convidados do género Tears for Fears, 10 cc, Kim Wilde ou um dos irmaos Gibb, que fez questao de deliciar o público com sons do Saturday Night Fever. "Ah ah ah ah Stayin' Alive Stayin' Alive".
Apesar de eu, com os meus 32 aninhos, ter descido a média de idade do público, valeu mesmo a pena pelo champagne e pelo disco-beat do Gibb.
Após algumas tentativas, ontem decorreu o segundo jantar Star Tracker, o primeiro organisado por mim em Düsseldorf. O Grupo "Portugueses na Alemanha - Fraccao Frankfurt" juntou-se em forca pela primeira vez. Fomos 15, eu nao conhecia ninguém. Até ontem. O jantar foi muito harmonioso. Nesta altura do Natal nao há hipóteses de se arranjar uma mesa em uma única cervejaria da Altstadt sem marcar com pelos menos um mes de antecedencia. Uma loucura. Mas gracas a um Tuga que vive em DUS lá encalhámos por acaso num restaurante espanhol com a maior távola de madeira do Bundesland. Conseguimos espaco para toda a malta. A noite durou até às duas da matina, saboreámos sangria, Glühwein e muita Weissen. Eu excluindo, que tinha que vir a conduzir para casa.
Hoje dormi até bem tarde, agora há horas em frente ao PC a preparar a semana dura que se aproxima e a lutar contra um prazo que termina amanha. Achei bem passar pela Blogosfera um pouco para desanuviar e mostrar que ainda estou por aqui.

Montag, 24. November 2008

Passagem para a outra margem

Estou possessa. Passada. Quase me passo para a margem dos insanes. E nao é que a minha previsao (mais um receio do que uma visao à la Nostradamus) se concretizou? Chego ao pé do carro e vejo, estupefacta, exactamente o mesmo que há duas semanas: Vidro partido, pegadas no tapete, sistema de ventilacao arrancado, sistema de navegacao completamente esburacado. Desta vez nao conseguiram levá-lo e, como tal, escavacaram o vidro do ecra. Totalmente inutilizavel. O carro está outra vez para reparacao. Falei com a empresa, a qual secamente retorquiu que nao podem fazer nada, se eu quiser garagem, terei que a financiar eu mesma. Eu mesminha? Era o que mais faltava. Protesto. A ver no que dá...

Sonntag, 23. November 2008

Flocos

Hoje nevou pela primeira vez este Inverno.

Donnerstag, 20. November 2008

Orgulho de amiga

Conheco uma pessoa que alcancou mais do que aquilo que posso imaginar atingir na minha vida profissional. Esse meu amigo has it all. Ficará para a eternidade como aquele que conseguiu a sua imagem de corpo inteiro numa caneca de café, objecto de marketing de culto da empresa onde trabalha.

Já encontrei os meus presentes de Natal para os próximos 50 anos

Compro certificados de CO2. E depois troco-os pelos litros de petróleo ainda por explorar no Ecuador. Uma ideia fabulosa!

Mittwoch, 19. November 2008

Vida nova?

Tenho um novo país favorito: A HOLANDA!
A querida Andorinha des-norteada concedeu-me ainda mais motivos para comecar a pensar em mudar de casa. A visita de fim-de-semana, muito curta, deu para cheirar Amsterdao por umas quantas horas e sentir o conforto húmido de Breukelen, uma cidade tao holandesa quanto o croquete. Adorei, adorei, adorei.
Sinto-me impelida a mandar CVs...

Dienstag, 11. November 2008

Um dia triste

Faz hoje um ano que falei contigo a última vez. Sinto a tua falta. Nao te verei nunca mais. Tu, uma parte de mim. Espero que te tenha dado muito, mas que nao foi tudo. Foste feliz? Fiz-te feliz? Recordo-te com um sorriso amargo nos lábios, o de uma perda, o de um ganho. O tempo ajuda, mas nao sara. Gosto muito de ti. Para sempre.

Samstag, 8. November 2008

Forca, Professores!

Nao há números, porém fala-se em 120.000 hoje em Lisboa...

Donnerstag, 6. November 2008

Sonntag, 2. November 2008

Maternidades

"It is not sufficient to be a mother: an oyster can be a mother."
Charlotte Perkins Gilman

O Olhar Proibido sobre a Nudez

Este é o título da maior exposicao de Voyeurismo e Onanismo na qual eu até hoje participei. Alusoes ao sexo feminino (o curiosamente mais apetecido e retratado - isto porque? Homens e lésbicas sentem desejo, mulheres hetero curiosidade, no fundo a humanidade inteira deseja ve-las, as grandes, felpudas V) eram mais que muitas, na forma de frescos (Gerome), pinturas (Richter ou Bacon), estatuetas (Rodin ou Dègas), instalacoes (Kienholz ou Baquié), fotografias (Araki ou Newton) ou esbocos (Picasso ou Rembrandt). Fiquei intrigada com a quantidade de visitantes que a exposicao recebeu, hoje, domingo, dia apostólico dedicado à família. Adorei o seu conteúdo irreverente e perscrutador das tendencias dos tempos, porém fiquei a pensar na intencao de grande parte das pessoas que fui encontrando ao longo das salas e disposicoes. Algumas de semblante curioso, outras de testa enrugada e olhos cerrados, os menos de olhares repugnados, muitos de risos patéticos. O nu dá nisto. Algumas pessoas apresentavam-se de tal forma chocadas que mais pareciam ter sido arrancadas do sofá de convencoes e arrastadas, em protesto, a um calvário de libertacoes, do que propriamente em regime de puro e simples voluntariado. Afinal o nome da exposicao nada esconde, assim como as suas obras. Senti-me por vezes num ambiente de masturbacao colectiva. A demonstracao aberta de que algo existe contribui para uma aceitacao generalizada do que deveria ser o normal.

Daqui a 9 meses dever-se-á registar um boom de nascimentos em Duesseldorf e arredores.

Pintura: Eric Fischl, Bad Boy, 1981, retirada daqui

Samstag, 1. November 2008

Privilégios

Acordei cedíssimo para o meu hábito num sábado de manha. A hora ainda andava num dígito, eram 9:30. Em consenso e harmonia tomou-se uma decisao revolucionária: Ir ao cinema, sessao das onze da matina. O filme: Bienvenue chez les Ch'tis, um filme frances muito bem humorado que nos mostra a história de um director dos correios franceses que é enviado para a regiao de Nord-Pas-de-Calais (sim, sim, supostamente uma das mais sorumbáticas regioes do país, mesmo ali ao pé da ilha britanica) após se ter passado por um paraplégico numa tentativa de ser promovido e enviado para a Cote de Azur. Correu mal...
Ao chegar ao cinema, acabado de ser renovado, quisemos comprar bilhetes. "Normais ou na Loge?", perguntou a vendedora. "Como assim, Loge?", interrogámo-nos. "Sim, os bilhetes normais dao direito às primeiras quatro filas, os de Loge sao as filas restantes, que custam € 1,50 em acréscimo."
Entre um torcicolo e uma perda de tres euros, optámos pela segunda opcao. Fiquei a pensar porque razao se terá de pagar mais e mais por situacoes que antigamente eram normais e garantidas. Faz-me lembrar a alimentacao bio. Vende-se o saudável como se fosse um privilégio e nao algo que deveria sempre ser o caso.

O filme valeu a pena.

Freitag, 31. Oktober 2008

Tough choices

A Andorinha des-norteada parafresou aqui um texto do Paulo Coelho sobre a beleza feminina (em tom "Viva as curvas! Viva o equilíbrio!"). Este coelho é uma personagem caricata e nao muito bem vista pela classe intelectual brasileira, que o acusa de ter furtado (hoje estou nos furtos) os textos do seu antigo companheiro musical Raul Seixas após o perecimento deste.
A mensagem é bastante simbólica, quase uma declaracao universal de aceitacao da composicao curvilinea feminina, que acaba por ser condicionada mais pela natureza humana no seu aspecto de evolucao do que propriamente por um outro qualquer factor como gravidez ou sedentarismo físico. Eu, por exemplo, ando em dietas há mil e um anos (se é que se pode chamar dieta ao facto de tentar nao comer batatas fritas ou demasiadas fatias de "Floresta Negra" de uma só vez), mas ando com uma sensacao de frustracao do tipo "acumulacao de massa adiposa no centro corporal - a rever nas coxas e nas ancas e por aí", ISTO SEM SABER PORQUE! Se a dieta nao funciona e tudo é dependente da tal evolucao, de que é que adianta fazer sacrifícios se os quilos aumentam de qualquer forma a partir dos 30?
O meu ginecologista ficou surpreendido por eu ter colocado a pergunta da última vez que lá estive, razao para preocupacao nao terei, a menopausa ainda está longe, primeiro tenho de me decidir a finalmente procriar - dizia ele... Afinal estamos aqui é para isso, nao é? A este propósito tenho um post na gaveta com material surgido durante a ressaca da festa do passado domingo sobre propagacao da espécie.
Voltando ao assunto original, o Paulito tem toda a razao, mas já escrevia eu à Andorinha que o senhor teria muito provavelmente uma grande dificuldade entre uma super model do tipo Gisele Bündchen, linda de cobicar, mas aparentemente com um QI inferior ao de uma Havaiana, ou uma personagem intelectual do género Angela Merkel, com uma peitaca que vai daqui até à Sibéria, mas com um doutoramento em Química Física. A primeira em permanente dieta alimentícia (profissao a quanto obrigas!), a segunda em expansao (física e financeira, que isto nao está fácil para as instituicoes bancárias alemas!). Tenho a certeza que o Paulito, se tivesse que optar, iria escolher a Angelita para futura esposa, afinal na idade o que conta é o intelecto.

Ansiosamente...

A saber: Hoje fui reaver o carro na oficina. Tudo impecável, até ganhei uma limpeza extra. O sistema de navegacao foi reposto.
O carro está agora estacionado, mais uma vez, à porta de casa.
Se eu fosse o vilao, voltaria decerto ao mesmo sítio uns dias após o meu feito para verificar se o dono do primeiro aparelho roubado já o terá reposto.
Afinal porque furtar uma só vez, quando se pode furtar duas ou tres?

Montag, 27. Oktober 2008

Azares de proprietário

O carro estava estacionado à porta de casa. Viloes imbecis partem-me a janela traseira para entrar e roubar o sistema de navegacao integrado no carro. Arranhoes, pegadas no tapete, parafusos perdidos no banco, um novo ar condicionado. O carro está desnudado, o amago de fios e pecas a descoberto. Material, eu sei, é apenas necessário mandar vir as pecas de substituicao, até é um impulso para as linhas de producao automóveis que ameacam parar, tal nao é a crise, mas um estímulo económico imagina-se com outros meios.
Ponho-me a sonhar como alguém se encontra agora de apartamento pleno de pecas automóveis, rádios, CD, sistemas de orientacao, a cochilar em cima de cabos e fios, enrolados nos pulsos ou na garganta. Com receio de ser apanhado a cada ruído e a cada movimento.
Eu apenas terei de ir à oficina para mandar arranjar a peca, o(s) tipo(s) ira(o) passar os seus dias a fugir à sua consciencia.
Ou talvez nao, talvez pensem mesmo que quem consegue financiar um veículo destes também tem as posses necessárias para o mandar reparar. Pobres como consciencia dos mais onerados?
Ou talvez nem pensem nisso e se trate de um sinal de emergencia, a luta pela sobrevivencia?
Nao sei, o que é certo é que tal episódio só dá trabalho e causa dores de cabeca a quem tenha de lidar com tanta papelada.
Nao houvesse furtos ou desgracas, nao sei o que seria das seguradoras.

Sonntag, 26. Oktober 2008

Nihongo

Ando a aprender japones. Nao só a língua me poe à beira de um ataque de nervos, mas a forma como a crítica durante as aulas nao é exercida mostra o quao directo(!) o povo japones parece ser, o que por vezes me consegue deixar um pouco desconfortável.
"Wonderful! Wonderful!", ouco após ter proferido uma qualquer barbaridade do pouco que já consegui memorizar.
Às vezes fecho os olhos e vejo o mundo em Hiragana.

So...

... Jörg Haider was bi. So what?
Pelo menos a minoria gay foi a única a nao ser atacada no seu tempo.
Agora que veio à tona toda a gente parece ter sabido. Pertence à guia de conduta política, só falar da privacidade após algo acontecer?

Samstag, 25. Oktober 2008

Antes...


Mas olha que um bom visagista nao deixa de ser importante...

Foto: www.netzausfall.de

US$ bem empregues

A propósito do video do amigo da Sinapse, Howie, ocorre-me mencionar que supostamente a pessoa mais bem paga da campanha McCain / Palin é...
A visagista da governadora!
Chamem-lhe prioridades ou sentido de Estado.

Freitag, 24. Oktober 2008

The Story of Stuff

A minha querida amiga Pimpas do Brasil mandou-me hoje um link.
A seguir - se se tiver disposicao para uma exposicao de 21 minutos - a História das Coisas.

Fiquei com vontade de me despedir já amanha.

Donnerstag, 23. Oktober 2008

Coincidencias

Hoje descobri o Portugal Post, um semanário feito de e para Portugueses maioritariamente a viver na Alemanha.
Nao é que tenha algo a esconder em relacao à minha nacionalidade, mas ao ter contacto com este tipo de iniciativas infelizmente nao sou preenchida por um imenso orgulho. Também nao teria de ser, só pelo facto de ser algo de teor muito portugues nao significa que me identifique com tudo. A história que faz manchete na edicao actual é o sucesso da Mariza (aha, cantora mocambicana de tará (adivinhem) fado, isso mesmo). Outra história de primeira página: "Gente que nao ama Portugal". Nao percebi.
A edicao abarca mesmo todas as áreas, desde a distribuicao de portáteis aos alunos de primeiro ciclo até à nova regulacao dos votos dos emigrantes, passando pela celebracao do Dia da Imigracao de Portugueses no Brasil (que?). Fala-se do Lobo Antunes ou do Saramago, acentua-se o número elevado de iniciativas em prol da valorizacao da língua portuguesa.
Após passar os olhos pela edicao comemorativa dos 15 anos do jornal, que no seu formato PDF termina com anúncios à mais ilustre das literaturas (em grande destaque Camilo ou Eca conjuntamente com o grande campeao de vendas "Como cortar trabalhos de bruxaria" ou em alternativa "O Grande Livro de Receitas de Bacalhau"), fiquei com um sabor esquisito na boca (nao, nao foi do bacalhau).
Um sabor a tentativa gorada.
Como as novas séries de tv alemas, que soam sempre a attempt to imitar as norte-americanas, mas em alemao e com muito menos humor.

Longe de mim menosprezar o trabalho seja de quem for, mas eu nao sou mais ou menos portuguesa por nao comer bacalhau todas as semanas.
E o facto de ter nascido em Portugal nao passa de uma mera coincidencia, com uma grande pitada de sorte. Agradecimentos ao Sr. Destino!

Definicao pelo estomago

Hoje, ao procurar um símbolo que identificasse o "typisch Deutsch" no Google, apercebi-me que uma em cada duas entradas era relativa à gastronomia. Como se um povo se definisse em 50% pelo que come e bebe.
Conta bastante, quando se tem em conta o peso da salsicha em juncao à cerveja na abitudine diária alema, mas nao é tudo. Nem metade.

Dienstag, 14. Oktober 2008

Distraccoes...

E página 3 porque? Porque está a passar "As good as it gets" na TV, que me desviou as atencoes por completo. É sempre assim quando me proponho a ler à noite ao invés de me deixar aprisionar pelo pequeno ecra do televisor de 20 anos que tenho em casa.

Qual é a pressa?

Comprei Pamuk, "O Museu da Inocencia", que comecei a ler hoje. Ainda nao entendi o porque de já ser possível encontrar a versao alema da obra e a Amazon nao disponibilizar do mesmo livro em ingles, língua que me dá mais gozo ler por ser mais fácil.
Pensei nas relacoes turco-alemas. Parece que se tenta ser o mais rápido possível de forma a demonstrar a nao-discriminacao dos turcos na Alemanha, muito menos de um Nobel de Istanbul.
Estou na página 3, demasiado cedo para recomendacoes.

Samstag, 11. Oktober 2008

Cuddle Party

Hoje, ao deambular preguicosamente pelo sábado matinal e ensolarado, descobri um anúncio, singelo e discreto, pregado numa montra de loja semanal.
"11.10.08 19 - 22 horas
Cuddle party @ Anja Weiss
Tel: xxx
Porque o carinho e o toque pertencem às necessidades humanas mais básicas bla bla bla!"

Ou seja, alguém de nome Anja decidiu organisar uma festa do - perdoem-me a nudez das palavras - apalpanco. À medida que vou lendo os relatos na net sobre este fenómeno, menos percebo o que levará as pessoas a fecharem-se em quatro paredes, normalmente em grupos heterogéneos de 30 pessoas, eles e elas, de forma a passarem umas horas às massagens recíprocas, de olhos vendados e corpo semi-nu, com alguma (!) possibilidade de escolha sobre quem apalpa quem, como e onde.

Há quem defenda peremptoriamente que estas festas nao tem um teor sexual. Eu nao acredito.

Montag, 6. Oktober 2008

Atraicoados

O mais irónico no Plano de Recuperacao do governo norte-americano é o seu teor a tocar o comunista. Desresponsabilizacao dos agentes de mercado, os quais, no fundo, sao todos nós, entrou na moda.
A regulamentacao da economia, em tempos oriunda de um local recondito, atrás da cortina de ferro, vermelha ruborizada, eternizada por diversas obras literárias e cinematográficas, parece já nao constituir ameaca nos dias que correm. O Estado do laissez-faire norte-americano passou a agente interventivo. Se ajudo, também quero uma parte dos lucros.

Adoro esta manutencao de princípios.

O céu...

... chora ininterruptamente desde ontem...

Freitag, 3. Oktober 2008

Nudez

Este fenómeno do Facebook intriga-me deveras. Apesar de eu própria ter sucumbido à tentacao de me manifestar como membro, com foto e descricao apropriadas, continuo a indagar o self-made voyeurismo tao comum aos facebookianos. O que levará as pessoas a mostraram de forma tao manifesta e isenta de anonimatos o que fazem, o que pensam, o que leem, o que viajam, o que celebram, o que ouvem, o que veem, quem conhecem, o quanto se conhecem, de onde se conhecem, para onde vao, de onde vem... Isto só pode ser vaidade, pecado capital. Uma verdadeira caca (atencao à cedilha no segundo c) ao número. De amigos, de filmes, de livros, de países, de fotos, de concertos, ... Uma verdadeira network de nudismo de alma, essa pseudo-capitalista, por tao ambiciosa. No mínimo bizarro.

Corporate Cannibal


Em homenagem ao trabalho em dias feriados...
(Novo video de Grace Jones a ver aqui).

Dia da Unificacao...

Feriado. E eu a trabalhar... Nao é justo, nem gozo os feriados alemaes nem os portugueses...

Dienstag, 30. September 2008

Mail Art

Postal: Friedrich Winnes "Recycle this Paper Please" (1992)

Para ti, mae!

Oh vai ver o que a Leonor escreveu. Clica aqui.

Chiffre du jour - II

DEZANOVE.*

*Percentagem de alemaes no fluxo imigratória em direccao à Áustria, constituindo a maior parcela de imigrantes nesse país (dados de 2006 da OCDE).

Chiffre du jour

TRINTA!*

*Percentagem de votos atribuídos aos dois partidos austríacos de extrema DIREITA nas últimas eleicoes para o parlamento nacional.

Montag, 29. September 2008

O QUE, UMA HORA PARA FALAR SOBRE O QUE É SER EUROPEU?

Um jantar com um casal de australianos que decidiu tirar quatro meses de férias da vida e deambular pelo mundo. Normalmente conhece-se o contrário, até admira que o continente down under ainda nao tenha afundado com a quantidade numerosa de backpackers e dropouts. Nao, estes optaram principalmente pela Europa. Ele, sotaque redondo carregado, pai de descendencia inglesa, mae escocesa (de GLASGOW!! Mundo piqueno!), ela, mais serious, de descendencia igualmente escoceso-irlandeso-galeso-indígena, com um tio-avo que veio combater na Normandia e por ali ficou.
A tendencia europeia (nem por isso germanica, mas mais mediterranico-latina) será de eliminar logo eventuais mal-entendimentos. Há que desmistificar os preconceitos e por tudo em pratos limpos. Alemanha: Uns doidos, o único país do mundo sem limites de velocidade nas auto-estradas, amantes de salsicha com molho de curry (que de caril nao tem a ponta de nada) e soca branca encaixotada numa sandaloca de praia ou campo, onde nem a lei anti-tabaco conseguiu cingrar. Os alemaes sao muito ciosos dos seus privilégios, que o digam os de Leste, ainda a (sobre)viver à custa do imposto de solidariedade instituído por Kohl e Co., supostamente limitado a dez anos (já lá vao 19 desde a abertura da cortina).
Há, porém, pessoas, que se deixam facilmente irritar e conseguem absorver todos os aspectos negativos de uma situacao ou país. Eu tento olhar com optimismo, afinal nada haverá como a construcao macica de um automóvel alemao ou a frontalidade negocial, nao tao agressiva como na Holanda, porém mais aberta que no Japao.
Uma salsicha emborcada com uma Hefe Weissenbier até tem a sua piada.

Nao poderei estar certa se os australianos terao ficado com uma boa impressao do jantar de hoje, mas decerto levarao um pouco mais de informacao na bagagem. Do género: os restaurantes italianos na Alemanha estao para os árabes assim como as steak houses para os sérbios. Como digo, de loucos.

Sonntag, 28. September 2008

Vinda do Alasca

Vi uma entrevista da Sarah Palin à CBS, que me deixou curiosa acerca do seu percurso biográfico. Nao pelo sucesso da ocasiao em si, a qual diga-se foi uma completa catástrofe política e pessoal, mas precisamente por me ter deixado estupefacta em relacao a como uma tal pessoa possa ter alcancado tal posicao. Para mim um sinal óbvio de discriminacao sexual. "Escolhemos uma mulher para demonstrar o nosso progressismo", terao pensado os republicanos?? Um elemento político manifestamente contra o controlo de posse de armas ou anti-aborto, apologista da pena de morte e oposicionista das unioes entre homossexuais, coaduna-se com a posicao conservadora republicana, mas alguém que pratica censura como presidente de camara nao representa os valores democráticos que tao intensivamente propagandea. Como pode uma tal pessoa alimentar ambicoes de tal envergadura e a vida inteira jamais ter saído dos EUA até ao ano passado, altura em que adquiriu pela primeira vez um passaporte? Imagine-se, se McCain for eleito e lhe der o badagaio com a idade avancada que tem, esta senhora, de semblante bem cuidado e com uma banana como penteado (quase me faz lembrar a Carmen Miranda, só falta a fruta...) poderá vir a representar o seu país como chefe de estado. Que alguém nos acuda!

Mittwoch, 24. September 2008

Com ou sem?

Escolho-me a mim ou aos outros? Banalidades ou profundidades? Ocupo-me com o que hei-de vestir ou como substituir o automóvel que trepida todos os dias de casa ao trabalho? Fútil ou despreocupada? AI ou ginásio?
Nao consigo conciliar tudo, escolho por vezes o imediato, o menos trabalhoso, o mais egoísta. Sinto-me culpada, individualista, parte do fenómeno das massas que tanto quero evitar, por intermédio de pensamentos ou actos ou aparencia. Cada um pretende ser diferente. Assusta a homogeneidade e o anonimato. No fim de contas é o ego que fala mais alto. E, por fim, mais uma vez predomina o universo de cada um.

Paragens

Um turista decide marcar uma viagem a San Jose. Quando pensava que iria aterrar na California, apercebeu-se que estava a caminho da Costa Rica. Quis processar a agencia de viagens, perdeu. Isto faz-me lembrar o senhor no IC do Algarve a Coimbra que passou pelo meu caminho neste Verao. O dito cujo decidiu sair em Lisboa Oriente com a esposa para ir fumar um cigarro na plataforma de embarque (isto com o comboio já atrasado uns 10 minutos). A senhora vai comprar cigarros ao quiosque, ele reembarca, e eis que, quando se apercebe, o comboio está a partir sem esperar pelo seu atrelado.
A primeira reaccao do passageiro, enfurecido e com um esgar muito preocupante, foi culpar o trabalhador do bar por nao ter esperado pela sua excelentíssima passageira esposa em Lisboa. Nao adiantou nada, o comboio rumou a Coimbra sem desvios ou posteriores consideracoes. Eu sucumbi a um ataque de riso.

Dienstag, 23. September 2008

Aviso ao mundo

Moro perto de uma estacao de bombeiros. Nao me incomoda o chilrear das ambulancias durante o dia, entendo o seu sentido de utilidade, porém ainda nao consegui compreender por que razao se decide utilizar o mesmo instrumento sonoro à noite? A mim, normalmente roubada do sono (e confesso nao ser a pessoa mais agradável no trato quando ensonada e obrigada a reagir), soa-me a vários décibeis. Mais estranho se torna quando as estradas estao absolutamente vazias. Parece-me um tanto bizarra esta manifestacao de trabalho.
No meu local só se ouvem as teclas...

Sonntag, 21. September 2008

Milao em tempo de feiras...

... torna-se impossível. Mais arrogante ainda do que o normal, a cidade transforma-se numa competicao colectiva de luxo e glamour. Cidadaos normais que viajem simplesmente a lavoro (mundano e sem grande sofisticacao) debatem-se com uma dificuldade incomensurável para encontrar hotel. Tudo bem, para quem nao tenha de justificar precos de 500 euros por noite. Em ocasioes similares nao há quem nao se adapte, hoteis passam a instancias de luxo e moteis oferecem as premissas à noite e nao à hora. Foi num desses motéis que acabei por pernoitar, após muita pedinchice e apresentacao de cartao de crédito. Local de requinte e bom-gosto, decoracao vinho e dourado, com jacuzzi em cada quarto e paredes de mármore, porno gratuito, mas muita discricao. O pequeno-almoco nao será dos melhores, mas a quem faltará tal refeicao após uma estada normal de algumas horas?
Será recomendável nao mencionar a um italiano que se ficou num motel, a situacao é lidada com muito tabu.

Sonntag, 14. September 2008

A cor azul

Mesmo que faca um lindo dia nestas paragens alemas, o céu jamais consegue atingir a imensidao do azul de Portugal.
Foi preciso mudar de país para me aperceber disso.

Samstag, 6. September 2008

Contos

A Mémé faz questao de, orgulhosamente, mencionar os seus 95 anos e meio de existencia. Francesa, espectadora sobrevivente de duas grandes guerras, travadas no solo do seu dia-a-dia, relata os sentimentos do que era aspirar por uma sobrevivencia nao garantida, sem luxos, nobre e aliada às coisas verdadeiramente importantes e essenciais. Em tempos de guerra, geram-se amizades inócuas e espontaneas, como entre soldados britanicos e uma crianca de 3 anos, que mimam com muito chocolate e docuras gestuais, numa tentativa desesperada de recuarem no tempo e se deixarem transportar pela inocencia da sua própria infancia, sem fardas ou armas. Em tempos de guerra, a vinganca resgata-se em aspectos insignificantes, por exemplo em escolher como nome para o porco de estimacao lá de casa "Adolfo".

Montag, 1. September 2008

Os cabelos brancos

É evidente que a nossa sociedade estremece ao pensar no processo de envelhecimento, sentimento esse aliado a tudo o que envolve viver. A paranóia é de tal forma acentuada que as pessoas já se desabituaram a ver cabelos brancos, principalmente em mulheres. As reaccoes sao quase de choque, quem já nao teve que enfrentar o momento do "Aaah, já tem cabelos brancos..."?
Eu optei até agora por nao pintar o cabelo e recuso-me peremptoriamente a fazer madeixas (com as quais o cabelo se tornaria menos aborrecido, aconselhava uma profissional...). A abolicao do que é natural tornou-se uma obsessao e há poucos felizes com o seu aspecto físico, os quais estao dispostos a muito (quase tudo) para alterar - o que nao quererá sempre dizer melhorar - aspectos em si, numa tentativa de auto-negacao.
Eu gosto do meu cabelo e acho piada aos veios de brancos que comecaram a aparecer há uns anos. Apercebo-me também do passar dos anos em mim, o que por vezes me entristece, mas frequentemente me dá ganas de sugar o presente e nao pensar no futuro, que é só daqui a pouco.

Coisas de blogues

Será que a comunidade bloguista é a única a ter tempo para ler blogues? Se faco a pergunta a outros, afirmam que o tempo já é tao curto para tudo o resto, que nem sequer há um minuto para perscrutar o que se passa na blogosfera. Acho no mínimo bizarro.

Sonntag, 31. August 2008

Sequencias

Os alemaes conhecem primeiro e só depois decidem se abrem os bracos ou nao. Os portugueses abracam primeiro e conhecem depois.

Samstag, 30. August 2008

Longitudes

Será que a causa para a qual os portugueses serem intragáveis na estrada é o síndroma do sempre atrasado? Mais uma vez sofri aquela relutancia em comparar o povo portugues ao italiano do sul, que encara semáforos e sinais de transito como meras sugestoes. Mas é o que aparenta, principalmente em estradas nacionais secundárias, carregadas de limites de velocidade 30, 40 e 50. Como a maior parte das pessoas anda atrasada (nestas minhas férias havia sido marcado um jantar para as 20:30 horas, chegámos às 21:15 horas ao restaurante...), nao há tempo a perder, acelera-se. Alguém que cumpra esses limites constitui uma chatice, um obstáculo a ultrapassar o quanto antes.
Uma medida a tomar seria criar uma zona temporal intermédia para Portugal (tipo GMT - 30 minutos), pelo menos a nível internacional poderámos pontuar. Digo isto porque assisti a uma conversa de um anfitriao num hotel, o qual marca um encontro com turistas britanicos para o dia seguinte precisamente às horas de início de uma reuniao marcada na empresa. Os turistas, aparentemente confusos, indagaram "Entao mas essa é a hora à qual a reuniao deverá comecar!...", comentário ao qual o cicerone retorquiu "Ah, nao faz mal, eles jamais chegam a horas. E se sim, esperam."

Freitag, 29. August 2008

Hospedeiros no ar

Ontem flirtei ao desbarato com um hospedeiro de ar, que era tao delicioso quanto gay. Um verdadeiro pedaco, que me olhou lascivamente aquando do meu piroto pela sua pronúncia ao proferir "obrigado" ao altifalante. Fiquei a imaginar as suas orgias nos bancos do aviao após a aterragem com os outros dois que formavam a equipa, um dos quais se havia posto a dancar como se estivesse num bar do Bairro Alto antes de mencionar as medidas de seguranca. Autentico deleite. Após aterrarmos, houve aplausos e até assobios. Eu fiquei a ponderar porque razao nós, elementos do sexo feminino, teremos a mania de achar homens homo um desperdício, afinal todos os seres humanos terao direito à apreciacao de beleza.

Aterrissagens

Estou de pés em terra. Acordei. Hoje é a Alemanha que me envolve. Acho que choveu, cheira-me a humidade. As páginas do livro vao sendo folheadas, pouco a pouco. Estou em minha casa, nestas quatro paredes. O que vejo e sinto lá fora nao é meu, é só emprestado. Nao sei quando o devolverei...

Mittwoch, 27. August 2008

A consulta aberta

Ontém tive o privilégio de passar pelos bancos de uma chamada "Consulta Aberta". O meu pé desatou a inchar após uma picada de melga portuguesa, muito sadia a melga, mais ainda a alergia que criei. Estou cada vez mais exagerada nas minhas reacções cutâneas, isto deve ser da idade. Como o efeito não passava, tomei a decisão de ir até ao hospital. Fiquei à espera durante 30 minutos que a pessoa que atendia me passasse cartão. Foi mais importante para o desempenho do seu trabalho trocar cinco dedos de conversa com os pacientes que já estavam a ser atendidos, de forma a ficar a par da quantidade de irmãos que a pessoa em questão tinha. Senti-me logo muito lisonjeada. Após esse tempo ter passado, eu com jantar marcado e a pele anteriormente torcida por uma hidromassagem Thalasso muito relaxante, estava eu uma pilha de nervos, estado que me anulou a calma quase por completo. A tal senhora regressou ao seu posto de trabalho, muito baralhada, deduzindo que afinal já me tinha atendido, ou se calhar não, mas eu tinha ido embora, não foi? Imagino que as informaçãos em relação ao espectro familiar da outra pessoa tenham ocupado o seu espaço cerebral da memória. Lá iniciou o meu processo. Ao questionar a minha morada alemã, dirigiu-se a mim com um "TU" característico de uma amiga de infância. Não sei se o caso será para elogios (enfim, aparenterei uma idade tenra, desejo pressupor) ou mais para choros, tal a falta de formação, afinal nós não andámos na escola nem fomos para a noite juntas. Algum tempo volvido (mais uns 15 minutos), entrei. A primeira coisa que a médica fez foi voltar as atenções para o marido de uma paciente, que já estava a soro, com a curiosidade laboral de uma especialista, afinal ela tinha de estar ao corrente de tudo o que ocorria na unidade hospitalar. Eu que esperasse, afinal já lá estava há tanto tempo. Segundo comentário: Nunca mais chega a meia-noite, já estou aqui desde as oito da manhã.
Fiquei então a saber que estava a ser assistida por um profissional com 12 horas de hospital no coiro e mais 4 para vir. Não aumentou muito a minha confiança na infra-estrutura de saúde.
Levei uma injeção numa veia que me rebentaram, mas recebi umas festas amáveis e carinhosas no braço condoído e fiquei a saber que o vestido que trazia tinha um padrão que já se tinha usado havia 30 anos.
Foram as impressões que decidi partilhar neste blog.

Montag, 25. August 2008

Trocos

Portugal é o país do "Tem trocado?". Se a soma das compras nao constituir um número redondo, a pergunta da caixa é quase inevitável. Perde-se tempo à procura das respectivas moedas em espaços exíguos como o porta-moedas, confere-se a face da moeda pois estas do Euro não sao providas de uma grande personalidade (a tonalidade dourada é igual, a dimensão confunde-se), verifica-se se o montante é mesmo o desejado, e aniquila-se a dívida. O consumidor assume o papel de banqueiro, com pouca especialização e reduzida prática. Nisto passaram dois minutos.
A escassez dos trocos nas caixas portuguesas tornou-se um problema crónico, ameaça representar um sinal de preguiça aguda por parte dos comerciantes.
Pense-se na receita do sucesso de supermercados como o Aldi, que garante rapidez e eficiência de recursos precisamente por o processo de pagamento ser tão veloz. As filas são limitadas no tempo pois o pessoal da caixa já está a preparar os trocos antes de ter as notas na mão. O segredo é simples: Se a soma for EUR 16,99, o troco já é preparado até EUR 20,00, depois acrescentam-se as restantes notas. Eficaz e calculista.
Entretanto eu em Portugal já nao aguardo a pergunta, preparo logo as moedas para evitar o "Tens 20 cêntimos?". Quando regresso à Alemanha, carrego o mesmo hábito para ser olhada com minúcia e curiosidade, qual extra-terrestre.

Freitag, 22. August 2008

Esquecimentos

Já estou tao habituada à falta de acentos que me esqueço do til e da cedilha (eventualmente) quando estou a teclar em Portugal. O anormal tornou-se a regularidade.

Perspectiva mais optimista

... Ou então o meu primeiro buquet de rosas...

E se de repente um conhecido te oferecesse flores?

E se esse conhecido fosse por acaso o teu namorado?

E se tudo tivesse acontecido no dia do teu aniversário?

Sinais de falta de inspiração para um presente um pouco mais original...

Samstag, 16. August 2008

Passagem

Foto: Aeroporto AMS

Ai Portugal, Portugal...

Amanha às 8:30 da madrugada pisarei solo portugues.

Informacoes de cabeleireira

Hoje fiquei a saber que a minha testa é demasiado curta para um verdadeiro bop.

Dienstag, 12. August 2008

Sábado foi dia de festa

Mais um casamento que se celebrou. Uns amigos decidiram casar na Tailandia. A maior parte de nós irá pensar que os acontecimentos se sucedem ao ritmo de Las Vegas, mas enganem-se os mais incautos. Para casar nesse país que se conhece tao exótico há que envolver as autoridades. A embaixada tem de consumar o matrimónio. Papeladas e burocracias, a decisao nao pode ser assim tao espontanea. Nao admira que a modalidade nao seja tao conhecida como a instaurada no deserto das américas.
De qualquer forma, o dia do casório desenrolou-se e, segundo o casal de cucos, o ritual nao foi assim tao comtemplado pela formalidade. O oficial de justica que se apresentou ao dever por volta do meio-dia rondava os 18 aninhos e tresandava a water of life, aparentemente de grande tradicao nao só, pasme-se, na Escócia, mas também no território tailandes. A cerimónia nao teve nada de romantico, o pessoal juntou-se a uma mesa de café, assinou uns documentos e... já está. Como nao havia nada programado como lua-de-mel imediata (além do local paradisíaco onde se encontravam...), o moco, enternecido pelos turistas alemaes recém-liados aos olhos do monarca, sim porque o Buda nao teve nada a ver com o acontecimento, decidiu convidá-los a almocar no restaurante do irmao, oficial das Forcas Armadas tailandeses, com garantias e privilégios do tipo acesso ilimitado a marijuana.
Por volta das cinco da tarde, os meus amigos renderam-se à pureza da contemplacao e passaram as últimas horas de luminosidade desse dia tao especial sentados na areia, embriagados que nem um cacho, a curtir o por-do-sol numa dimensao diferente.

PS: O acesso à erva foi confirmado.

ipso facto

Nao admira, entao, que ande toda a gente com a concavidade nos lábios...
Ou, em linguagem mais universal:

:P

Entretenimentos

Por vezes nao tenho vontade de ler, ao final do dia sou invadida por uma apetencia por distraccoes fáceis, grandes ataques de preguicite aguda em estado muito avancado.
Nestas alturas ponho a TV em dia. Descobri há tempos um canal privado de TV de seu nome N24. N de Notícias.
Para além de repetirem as mesmas reportagens horas e horas seguidas (o que se revela bastante promissor já que outros canais fazem precisamente o mesmo com filmes, que passam em horários nobres e das 2 às 4 da madrugada, para o caso de haver alguém que tenha perdido a estreia ou nao tenha ainda feito o download na net...), possuem o hábito de escolher temas que vao dar sempre ao mesmo: Catástrofe. Esta palavra define a opiniao pública da presente década e é utilizada para todos os efeitos possíveis e imaginários:
- Tsunami - ok
- Temperaturas abaixo dos 20 graus em pleno Verao - ok
- Crise no Cáucaso - ok
- Queda menor de um atleta durante os Jogos Olímpicos - questionável
- Ataque latente de Hackers esperado para os próximos tempos - muito questionável
- Revisoes da conjuntura - demasiado cedo

Especulacoes sobre quedas de meteoritos preenchem grande parte da grelha televisiva.
Existe mesmo uma seccao "Katastrophe" de notícias na versao alema do Yahoo.

O estado da catástrofe permanente, como Walter Benjamin o terá definido, vive-se no dia-a-dia alemao.

Hoje, 20:59

Dia Dourado.
Fulminante.
Radiante.
Soberania.

Os Alemaes sao mesmo de extremos.

Nota: Isto a propósito da participacao alema nos Jogos Olímpicos.

Hoje, 6:59 da matina

Catástrofe.
Desgraca.
Desastre.
Desilusao.

Biased...

Afinal nao foi a Rússia... Estamos condenados a formar opinioes baseadas em artigos e relatos parciais, influenciados por poderes hegemónicos e ditaduras da mal-informacao.
Assim nao vale...

Montag, 11. August 2008

Cenários actuais*

E se, de repente, a Espanha decidisse invadir Portugal com a conviccao de que os nossos governantes nao serao os mais apropriados para o nosso país, ainda por cima imparáveis pela maioria absoluta?
Num abrir e fechar de olhos teríamos os tanques espanhoques a passear-se pelas avenidas portistas, a tomar cimbalinos nos cafés ao som de sevilhanas (a importar, claro está). A comunidade internacional, estarrecida, ofereceria conferencias de imprensa do género "Claro está, Portugal é um país soberano, há que parar com esta invasao ilegítima". Tipo pedintes. Às quais o monarca espanhol reagiria com um categórico "?por que no te callas?"
A Espanha continuaria a destruicao, até chegar ao Algarve. Milhares de desalojados ou refugiados emigrariam para os Acores ou Madeira (para onde mais?).
Isto por dias e dias e dias.
Engasgo, fracasso, impotencia.

*Isto nao vai acontecer, nao temos petróleo ou portos de exportacao de gás natural.

Sonntag, 3. August 2008

Tempestades de Jun(h)o

Com um picolo atraso, raporto aqui uma tempestade do dia 22 do mes de Verao. A primeira vez que realmente me senti absolutamente incapaz de fazer frente às forcas da Natureza. O sol resplandecia, quando repentinamente o céu se vestiu de cinzento escuro, o vento se tornou a forca musical ao som da qual as árvores se balancavam violentamente, as aves deixaram de chilrear e desapareceram o resto da tarde. Nao choveu, antes a Natura presenteou-nos com autenticos pedregulhos, qual uma guerra de gangs rivais no meio da rua. Jamais havia presenciado uma tal ameaca. Inesquecível o ruído das bátegas nas protectoras telhas por cima das nossas cabecas. A casa bandeava, quase dancava adaptando-se à matéria eólica. As janelas do apartamento abriram-se com a veemencia do vento, as pedras, grandes como bugalhos, espalharam-se rapidamente por todas as superfícies em aberto. Um hóspede nao convidado.
Apercebi-me da nossa pequenez, tarde, porém convintamente.

O Reno

Celebracao de tudo e todos

Ontem estive numa festa de um conhecido de um amigo, o M.. Inicialmente nao fazia a mínima das ideias a que motivo se devia a celebracao (estou pronta para herdar a nacionalidade alema, já que procuro razoes para tudo e só rio quando há indubitavelmente motivo para tal...). Após indagar juntos dos convidados mais bem informados, fiquei a saber que a festa tinha como objectivo celebrar um aniversário, um casamento espontaneo em Las Vegas, a compra de uma casa geminada com um jardim enorme e o nascimento de um rebento. Entrei na mesma ocasiao com um sabor já a vida passada, a início do fim, como se houvesse uma latente corrida contra o tempo sobre a qual poucos ousam conversar. Senti-me, confesso, vitoriosa, precisamente por nao me deixar colocar sob pressao e nao me render às evidencias de uma check list de vivencias e eventos. Porém, ao olhar em redor, fui involvida por um sentimento de misplacement, de nao pertenca, de anti-terrestre. Apeteceu-me gritar, vociferar o que me ia na alma, destruir as plantas e árvores cuidadosamente posicionadas numa criada ordem pouco natural das coisas. Porém, como elemento civilizado, apaguei por completo as emocoes negativas associadas a um passar do tempo pré-determinado. A festa decorreu sem incidentes, espontaneidades ou loucuras, tal qual como a vida celebrada de M..

Sonntag, 27. Juli 2008

Presentear

A propósito de um aniversário redondo que se avizinha no qual irei participar, entrei num panico ansioso pois nao faco a mínima ideia o que poderei dar como presente. Mentalmente dei por mim a correr uma lista de possibilidades, as quais rapidamente descartei, uma por uma. Simplesmente porque a pessoa em questao tem absolutamente tudo o que precisa. De tudo o que se poderia comprar, claro está. Indaguei sobre a utilidade de presentear alguém hoje em dia. A essencia de dar um presente perdeu muito do seu significado, nao só na história, como na vida de cada um. Presentear é alterar a propriedade de um bem, transferi-la sem exigir uma recompensa. A maior parte dos presentes assume a forma de objectos: um carro, uma caneta da loja chinesa, um vaso de porcelana que imediatamente se troca. Adequado à falta de originalidade ou uma menor proximidade para com a pessoa que deverá ser presenteada será o vale de x Euros na Virgin, Habitat ou H&M). Tudo o resto - um beijo, muito amor e carinho, um pequeno-almoco servido na cama é fugaz, efémero e nao deixa resíduos, nem mesmo o pequeno-almoco. Muito menos se poderá trocá-los por algo que realmente nos interessa (ah, aquela coffee table fantástica do Ikea por EUR 19,90...).
As ocasioes de presenteio acumulam-se, nao só temos os famosos aniversários anuais (porque os tais romanos se decidiram pela mesura anual do tempo), como épocas de festejo tais como o Natal ou a Páscoa (grandioso conceito de marketing de uns quantos apóstolos, o qual se encontra actualmente em tempos de grande amargura - já alguém se lembrou de contratar uma empresa de consultadoria ou um encenador para levantar a moral da Igreja Católica?). À falta de eventos durante o resto do ano, alguém bastante perspicaz, muito provavelmente da área financeira da microeconomia, se lembrou de introduzir outras festividades. Porque ficar à espera de manisfestacoes espontaneas de afecto, quando se poderá criar o Dia dos Namorados? Ou o dia do Pai? Ou da Mae? Ou da Crianca? Ou da Avó? Ou da Árvore?
Voltemos ao universo pessoal. Em tempos infantis, receber um presente significava algo muito especial, nao era todos os dias que se recebia algo que se desejava ardentemente. A bicicleta com mudancas, a boneca da moda, o puzzle de 1000 pecas, o modelo ultimativo da Playstation, o castelo Playmobil. A celebracao era enorme, a alegria incomensurável. Para acordar do sonho só mesmo um beliscao. Cada objecto desempenhava o seu papel muito próprio, nao perdia automaticamente o seu valor após um dia. Enquanto nao se trabucava, nao se manducava. Hoje, cada um pode adquirir aquilo que no seu amago mais ambiciona. Se nao for por meios próprios, há um crédito, mesmo que tal signifique viver mal e comer pior durante 30 anos. Mas o objecto de desejo foi comprado, admirado, assimilado, sugado. O sentimento de posse mitigado.
Em tempos da idade média, o nível de vida nao seria comparável ao de hoje, mesmo as possibilidades de cada individuo seriam igualmente limitadas, como hoje em dia no denominado terceiro mundo. Aquilo que conhecemos na civilizacao ocidental é que pouco falta a cada um.
A história de uma parte da humanidade desenvolve-se em paralelo com a vivencia de cada um. À medida que o tempo passa, aumenta a soberania financeira.

Com tudo isto, como hei-de saber o que comprar como presente?

Dienstag, 22. Juli 2008

We can?

E nao é que o Obama anda a fazer-se a honras de presidente eleito? Com que entao discurso em frente ao Brandenburger Tor, heim? Virado para leste? Nem pensar, a Angela nao deixa. Alternativa seria a Siegessäule, monumento tao querido do austríaco Adolfo, erigido no século XIX em celebracao da vitória das tropas prussianas contra Dinamarca, Austria e Franca. Deveras simbólico.
Pompas e circunstancias esperam-se comedidas a propósito da visita do senador norte-americano que, quanto a mim, tem algo de pouco fiável. Ou será porque as expectativas sao grandes que o receio de falhanco se soprepoe à vontade de mudanca?

Ele há coisas.

Torci o pé, perna adormecida, devo andar a mexer-se com poupanca. Ando com um papo ao invés de um tornozelo. E com este fantástico sentido de oportunidade perdi a Love Parade em Dortmund, com o seu número de visitantes record de 1,6 MILHOES. Já vai pior que Berlim.

Para nao falar de um reencontro pre-anunciado com MOL, que já nao vejo há paí dez anos.
Nao sei bem porque, mas a malta fixe vai toda parar a Bruxelas. Cheira-me a lobby...

Mittwoch, 16. Juli 2008

O cheiro da privacao

Alemanha, tempos difíceis.
Poupando nos gastos, enfrentando as limitacoes do ambiente.
Quantas vezes será sensato tomar banho por semana?
E cheirar a nós será assim tao terrível como cheirar a Dolce & Gabbana?
Nao há cheiros ruins, apenas partículas diversas.

Às compras em Milao

Deambulei este fim-de-semana no maravilhoso mundo dos saldos em Milao. Via Montenapoleone, Via della Spiga, Galleria Vittorio Emanuele, Via Sant'Andrea...
Apercebi-me de algo que me fez sentir completamente desorientada e misplaced:
1. 90% das mulheres ostentando sacos de compras da Prada eram louras;
2. 50% dos transeuntes passeando os ditos sacos de compras eram de origem russa (ou arredores);
3. 75% dos mesmos consumidores na faixa etária entre 30 e 40 anos;
4. 99% dessas damas abaixo dos 50 kilos;
5. 98% bronzeadas;
6. 99,5% de saltos acima dos 18 cm.

Special agent A. em observacao. Algo deve ter corrido mal na transformacao do meu ser.

Entrevistas - Parte II

O que pensar de um candidato que, durante uma entrevista de trabalho:
- usa a palavra "merda" no mínimo sete vezes;
- emprega sem pudor a expressao "apanhar na tromba" duas vezes;
- se compromete a uma performance pessoal de 120% (como deverá ser hábito) com notas de aprendizagem de 3;
- desculpa a nota de 3 com black outs;
- se despede da potencial futura manager com um piscar de olhos maroto?

Nao há paciencia...

Blogs e emocoes - Uma instalacao

Um sistema analisa e visualisa emocoes transmitidas por todos nós, bloggers. Aqui.

Vai e vem

Ando perdida numa viagem sem respostas.
Encanta-me a melancolia da questao, mas impacienta-me a possibilidade de nao atingir um consenso pessoal. Muitas vezes nao sei o que quero, para mim. A conjuncao de interesses nao é sempre possível, entre os vários desejos nao consigo encontrar-me. Nao tenho um rumo certo, mesmo aquele que calcorreio nao me convence nem me preenche. Há algo sempre que fica para trás. Um momento nao vivido, uma escolha mal-tomada. O que seria se...? No fundo, a parte da personalidade que fala mais alto é aquele da estabilidade, quase como se o passar do tempo e o acumular da idade tivessem supremacia sobre todos os sonhos e desejos do antigamente. Questiono-me sobre a felicidade alheia, o que os olhares de rua me transmitem com um esgar por vezes assustador. Conto todas as manhas com os dedos de uma mao as pessoas que encaram o privilégio de acordarem para um novo dia com um sorriso nos lábios ou nos olhos. Nao me sossega o pensamento, naqueles dias tenebrosos nos quais tudo parece correr mal, de que haverá pessoas com piores problemas além dos diários conhecidos "o despertador nao toca, o café arrefece, as olheiras resistem à maquilhagem, a t-shirt deliberadamente escolhida durante o duche apresenta-se ao servico cheia de nódoas, a chuva fustiga as janelas e encobre o astro das hormonas, as chaves do carro escondem-se de mim"... Também nao me questiono sobre a fortuna alheia (porque ele e nao eu?), há obras do acaso, nem tudo terá uma explicacao óbvia?
A propósito de explicacoes, alguém ou algo terá tido ideias brilhantes a propósito da anatomia humana. Por vezes imagino o que seria se só tivessemos um olho e o sexo fosse no meio da testa. Nao teria jeito nenhum...
Mas deixemo-os de divagacoes, que a noite já vai longa aqui na Europa Central e eu nao quero exagerar no meu primeiro post desde há um mes, há que recomecar devagarinho, como se tivessem sido umas férias prolongadas.

Dienstag, 10. Juni 2008

3 músicos em palco

Porém, é indubitável que o Sting, o Copeland e o Summers conseguem encantar e mover multidoes, apesar da capacidade de inovacao estar fatigada. Mais precisamente, 45.000 pessoas.

O mais frustrante no concerto dos Police foi...

... nao me ter apercebido que a banda de apoio era nada mais nada menos que Os Charlatans...

Sonntag, 1. Juni 2008

Ilusoes

Especulacao, impostos, oligopólios.
O preco do gasóleo anda acima dos € 1,54.
Repentinamente o ambiente deixa de ocupar a posicao cimeira na lista das prioridades individuais.
Como seria possível para o Estado re-financiar os seus buracos orcamentais se se decidisse proibir o uso do automóvel como medida ambientalista?

Grandes tretas, nenhuma instancia está genuinamente interessada no ambiente, a partir do momento em que os seus poderes sejam ameacados.
Continuaremos a viver uma ilusao hipócrita até a uma próxima revolucao, digna de um nome assim desde que modifique o curso da história.

A ostentacao

A atmosfera competitiva que domina as relacoes humanas dá-se a conhecer em pequenos gestos e sinais quotidianos. Na Alemanha, pelo menos, tornou-se típico utilizar o automóvel como espelho reflector nao só das aspiracoes de cada um, mas mais ainda daquilo que cada um julga já ter alcancado. Nao só as pessoas passaram a medir-se aos palmos pelo número de cavalos que o carro apresenta no livrinho descritivo de capacidades, mas também pela quantidade de quilómetros que cada autocolante, religiosamente e com minúcia colocado na parte traseira do veículo, terá representado numa viagem passada. Relembro aquelas malas de cartao em tempos primórdios dos primeiros que se aventuraram nas expedicoes pelos jardins babilónicos ou pelos cumes do Everest, decoradas tal qual puzzle com sinais de cada passagem. Malas como essas, que terao acompanhado ilustres cidadaos como William Fog ou Edmund Hillary, tornaram-se raras nos tapetes dos aeroportos. Viajar modificou-se num fenómeno de massas, ninguém já se enternece com uma viagem a Paris.
O sentido de ostentacao nao cessou de existir por completo, de momento subsituem-se as malas pelos carros. Sao incontáveis os automóveis com autocolantes amarelos e pretos, de preferencia com a figura de um koala ou canguru ou uma frase "Land down under" (1.000 pontos para quem adivinhar o país...), ou brancos e azuis (a bandeira escocesa quase parece surpreender a tendencia omnipresente de normalmente se preferir Londres a qualquer outro local na ilha, daí o carácter exótico) ou ainda de fundo amarelo e letras azuis com a frase "Corse ferries 2007". Uau, estive num ferry boat com ligacao à Corsica.
Ao invés de design à la Mondrian, temos autocolantes com motivos fabulosos. Ou porque nao arrancar as páginas dos nossos passaportes caducados e usá-las como amostra de carro? Evita-se a pintura e pode sempre subsituir-se com novas, que custam menos que um laqueamento na oficina.

Montag, 26. Mai 2008

Balada do Louco

Dizem que sou louco por pensar assim
Se eu sou muito louco por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Se eles são bonitos, sou Alain Delon
Se eles são famosos, sou Napoleão
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz
Eu juro que é melhor
Não ser o normal
Se eu posso pensar que Deus sou eu
Se eles têm três carros, eu posso voar
Se eles rezam muito, eu já estou no ar
Mas louco é quem me diz
E não é feliz, não é feliz

de
Homónima Lee

Freitag, 23. Mai 2008

Sentido de orientacao

Se nao houvesse aparelhos GPS, o que seria de nós, tontos condutores sem orientacao? Os sentidos sao substituídos pela localizacao do satélite, a posicao do sol pela voz doce e feminina de uma máquina, as placas de sinalizacao pelas setas coloridas num ecra de milímetros.
Felizes sejam os destemidos que se aventuram à selva rodoviária sem nada além do próprio senso comum, do mapa das Estradas da Europa e uma bela boquinha, sim, porque quem pergunta vai a Roma.

How soon is now?

Nao percebo, há anos que vejo esta mesmíssima carrinha no mesmo local de estacionamento. Intriga-me como a nocao de "very soon" pode ser tao diferente de povo para povo. Porém, repensando os factos, bem lá no fundo, o que sao umas décadas no percurso intemporal do universo?

Foto: Essen, Alemanha 2008

Freitag, 16. Mai 2008

Corte...

Ando mesmo perdida. Desde há duas semanas que nao tenho controlo sobre o tempo. O culminar da situacao foi chegar a casa ontem, faminta, sedenta, comiserada pelo trabalho, desesperadamente a precisar dos mimos de uma refeicao quente e da TV (aconselhada em casos de desejos vegetativos) e puuuffff... A corrente electrica tinha sido cortada. Por falta de pagamento. E eu nem dei conta que os meses tinham passado e as contas se iam acumulando.
Interessante situacao. O que fazer hoje em dia sem luz? Panico total.
Acendi uma vela que me acompanhou na escuridao que entretanto persistentemente se tinha apoderado do espaco. Pensei em mandar umas mensagens a contar o sucedido. Reparei que o meu telemóvel estava quase sem bateria. Primeiro desafio: Como carregar telemóveis sem corrente electrica? Existe um sistema de manivela que conheci em Itália, mas que nao possuo em casa. De qualquer forma, como qualquer cidadao digno deste século, haverá sempre o Blackberry. Pela primeira vez reparei que este pequeno aparelho contem igualmente a funcao de despertador. Sim, pois o normal nao pisca, a corrente está ausente e o telemóvel quase a despedir-se.
Respirei fundo e gozei o silencio. Sem aparelhos ou ventoinhas, sem caixas de som ou vibracoes electricas. Como se o mundo tivesse voltado aos primordios.
Deitei-me no sofá com a vela a encaminhar os meus olhos ao ler um livro (Stasiland, escrito por uma autora australiana sobre a DDR). Adormeci quase de súbito. A pensar no conteúdo do congelador...

Donnerstag, 1. Mai 2008

Dancar pelo Maio adentro...

Tradicao interessante festejada na Alemanha na noite entre o 30 de Abril e o 1 de Maio, a noite da Santa Walburga, figura crista do século VIII, padroeira de tudo um pouco. O 1 de Maio terá sido declarado o dia de sua homenagem, e por isso se celebra a noite da Walburga.
Diz-se também que feiticeiras e bruxas de todos os cantos da Europa se encontram em cumes de montanhas a fim de festejar a sua existencia.

O primeiro de Maio de há 75 anos foi o dia em que a Alemanha se vestiu de castanho.

Momentos profundos

Fiquei ontem a saber que os monólogos da vagina podem ser bastante profundos, em circunstancias normais cerca de 8 cm, em momentos de puro extase até 15 cm. A diferenca consiste em nenhuma mulher estar interessada em medi-los.

Donnerstag, 24. April 2008

Impulsos

Após ter visitado uma exposicao, seja ela de pintura ou fotografia, abstracta ou concreta, objectiva ou sentimental, decido invariavelmente nao me limitar à minha capacidade de memorizacao. Compro um catálogo. Por vezes irrito-me comigo mesma por, nesses momentos, me invadirem as vívidas fotos de salas de estar, presentes nas variadíssimas revistas de decoracao que preenchem qualquer estante de supermercado, loja de aeroporto ou quiosque de estacao. Qualquer sala que seja considerada bem decorada e, por isso, um exemplo a seguir no próprio domicílio, tem de estar composta por uma coffee table, cuja posicao no arranjo global é na maior parte das vezes fulcral, repleta de livros sobre as obras de Dalí, Picasso ou Mario Testino. Isto irrita-me pois a exuberancia de Dalí até me agrada bastante.
Nao me surpreende. Nas livrarias de museus ou casas de cultura, o espaco está de tal forma atafulhado de livros sobre tudo e sempre o mesmo que um qualquer visitante se sente incontrolavelmente tentado a comprar supérfluos como "Tudo que sempre quis saber sobre Miró" ou "Saiba porque ri a Mona Lisa". Que depois terminam os seus dias a acumular pó nas reentrancias da dita e famigerada coffee table.

Mittwoch, 23. April 2008

Entrevistas

Hoje entrevistei um tipo que nao me soube explicar o porque de os anos 1991 a 1995 nao se encontrarem mencionados no seu CV. Ao ser questionado sobre o que eventualmente terá feito nesse período, proferiu que já se terao passado tantos anos desde entao que uma resposta exacta e adequada à minha pergunta só poderia ser apresentada após uma pesquisa cuidada.
Pensei se terá um USB como memória ao invés de um cérebro.
Ficou de consultar a sua base de dados.

Novas responsabilidades

Que silencio descomunal. Ando ocupada com tudo e todos, menos comigo. Nao tenho controlo absolutamente nenhum sobre o meu tempo, corro de uma reuniao para outra, de repente parece que o mundo de pequenez que me rodeia nao consegue passar sem uma palavra ou um telefonema ou um mail meu. E é tudo tao superficial... Nao me apetece falar com pessoas que me perscrutam e se julgam dignas de me julgar por aquilo que faco ou penso ou visto. Com um tomar de posse de uma pasta tudo deixa de ser espontaneo para se tornar estudado, cautelosamente. E eu penso se o tal poder transferido com um montante mais chorudo ao final do mes é real. Um facto é certo: a autonomia desaparece.

Samstag, 19. April 2008

Comportamentos

Porque se magoa tanto as pessoas de quem mais se gosta?

Samstag, 12. April 2008

Journey of work

Ontem era suposto ter ido a Milano para uma reuniao de trabalho. Primeiro voo via Amesterdao, partida às seis (6!) da matina. Atrasado 40 minutos, mas ainda teria chegado a tempo de fazer uma escala minúscula. Segundo voo, atrasado 45 minutos. Decidi procurar uma mesa num local recondito e mais sossegado no aeroporto para terminar a apresentacao. Esqueci o tempo. Quando cheguei ao portao, nao vi ninguém. O voo já tinha partido havia 20 minutos. Demorei uma hora para ser atendida no balcao das transferencias (no ecran vi o número 120 e eu tinha na senha 170). Népias, voos seguintes cheios ou atrasados ou demasiado tarte para chegar ainda a tempo da reuniao. Optei por uma presenca telefónica (DUAS HORAS ao telemóvel, ininterruptamente). Voltei para casa às cinco da tarde. Foi um dia bem passado no aeroporto de Amesterdao.

Apercebi-me também que os culpados dos atrasos sao sempre os aeroportos de chegada e nao os de partida. No mínimo curioso.

Colectaneas

O meu problema com o passar do tempo é óbvio. Tento concentrar-me no presente, mas nao consigo arrancar-me do passado e projeccoes futuras esmagam a liberdade do hoje e agora.
Busco a receita "Como aproveitar esta oportunidade da melhor forma", mas ninguém me indica onde a encontrar.
Questoes banais como acordar cedo aos fins-de-semana para aproveitar melhor o tempo trazem consigo algo de obrigacao. Se tal deve acontecer, que entao seja espontaneo. Se nao sucede, como na maior parte dos casos, assaltam-me os remorsos e termino o dia com aquela sensacao de nada ter feito de proveitoso ou importante. Mas quem define o que isso é? Eu ou a aceitacao generalizada? Afinal nao tem tudo a ver com o próprio ser e as suas prioridades, o seu bem-estar (obviamente nao esquecendo o altruísmo, mas isso já tem mais de lugar comum...)?
Por vezes, sinto uma angústia incomensurável por nao poder parar no tempo para me decidir sobre o caminho que quero seguir. Este mesmo segundo, no qual me encontro e que puff já se esvaneceu na intemporalidade do tempo, nao pode ser revivido, apenas a sua memória ou a imaginacao do que poderia ter sido.
Porém, ao entregar-me a deleites musicais como "Another Boy Drowning" dos The The (para nomear só um...) ou "How soon is now" dos Smiths, sou invadida por um desespero por nao ter nascido uns anos mais cedo e poder sentir a existencia destes grupos, e nao, como hoje, ter de recorrer a Best ofs ou a colectaneas de revivalismo (ignorando a multitude dos mesmos por exemplo dos Stones). A plenitude que sinto ao sabor destes sons ainda nao foi ultrapassada por aquilo que hoje existe.
O que me tornaria uns anos mais velha. Hummm... Pensando bem... Vou buscar já a colectanea 45'.

"Saturday night and I was laying in my bed
The window was open and raindrops were bouncing off my head
When it hit me like a thunderbolt!
I don't know nothing and I'm scared that I never will
You pray to your God that you'll never feel so much pain again
But the agony has just begun

Moving on. Opening new doors
Life just doesn't seem that simple anymore
And in case I don't see you again
I hope you’ll feel glad that you knew me
While I was here"

Another Boy Drowning

Conflito de idiomas

Sem intencionar construir desculpas que possam justificar a ausencia de vocábulos e expressoes adequados a poder ilustrar aquilo que vejo, sinto, penso e admiro, estou convencida que a capacidade de memorizacao a nível linguístico é indubitavelmente influenciada pelo número de línguas que se domina ou a quantidade das mesmas às quais obrigatoriamente se recorre no dia-a-dia.
As minhas certezas e plenitudes em relacao à língua portuguesa vao desaparecendo com o tempo, ocasionalmente apoio-me na muleta dicionário online alemao-ingles ou alemao-portugues ou ingles-portugues.
Um fenómeno curioso que tende a assaltar-me os pensamentos após uma curta estada em Portugal é o facto de, por vezes, ouvir uns quaisquer vocábulos ao longe (exemplo TV) e nao saber como interpretá-los ou categorizá-los. "Será esta a minha língua materna?", dou por mim a questionar-me. Quase uma incapacidade assustadora de nao conseguir identificar ou diferenciar umas das outras. Sao uns segundos nos quais o meu cérebro tenta arduamente localizar-me no espaco e no universo linguísticos e por isso originários.
Será este um sinal de germanizacao?

Donnerstag, 10. April 2008

A escritora

Após umas horas passadas no ginásio, que cada vez me dao menos prazer (será sinal de senilidade e sedentadoria?), decidi escolher um outro que nao o rumo directo para casa, afinal esta encontrava-se vazia. Hoje nao estava naqueles dias de abrir portas às minhas loucuras profundas, o que sucede naquelas horas em que estou home alone e penso que ninguém me observa. Nao, optei por me regozijar com uma salada num bar. Apercebi-me dos olhares atentos dos que se encontravam já sentados. Quase ninguém entra sozinho num bar e muito menos pessoas se sentam numa mesa solitária, uma cadeira para si, outra para o casaco e a carteira, objecto assaz feminino de decoracao exterior. Senti uma obrigacao social de nao me deixar intimidar. Dei por mim a proceder exactamente na mesma quando a "escritora" marchou no bar, resoluta e de passos decididos, já com uma mesa em vista. Recuei no tempo, imaginei-me a mim mesma. A "escritora" puxou do seu caderno de notas e escreveu desenfreadamente as primeiras linhas. Um olhar fugaz apanhou o meu, para depois se debrucar no pequeno livro e continuar a esvaziar a alma, com um sorriso leve nos lábios. Assim como pensei em captar este momento de semi-intimidade no blog, assim irei eu aparecer num dos seus textos. Provavelmente.
Digo isto sem intencoes narcisisticas. Quando nos sentamos e julgamos sermos nós a parte activa de observacao, por vezes seremos simultaneamente o objecto de estudo.

Montag, 7. April 2008

Epifania

Numa justificacao muito própria, envolvida num egocentrismo atroz e de auto-salvacao, cheguei a uma conclusao, talvez precoce, mas deveras reconfortante. Esta humilde existencia terá servido pelo menos para te salvar de uma convivencia abissal condenada ao fracasso, vulgo casamento.

Definitivamente...


Ronya Galka, "It Must Be Monday Morning"

Sonntag, 6. April 2008

A contribuicao pessoal para o desenvolvimento da espécie

Imaginemos que um portador de Blackberry produza 300 mails por dia, cujo tempo de elaboracao ronde por unidade uns 2,5 minutos e cuja leitura de cada um leve 2 minutos, e os envie em média a 5 pessoas.


300 mails*1 pessoa*2,5 minutos = 750 minutos
300 mails*5 pessoas*2 minutos = 3.000 minutos

No total: 62,5 horas

Tudo isto para o lixo de UMA SÓ PESSOA?

Redes

Pergunto-me: Se já sem blog, Facebook, Hi5, Star Tracker e Xing (ainda haveria o Linkedin ou Tagged) eu conseguia ter tempo para os amigos, como faze-lo agora?

É imperativo buscar conselhos...

Samstag, 5. April 2008

Switch Off

Nao me consigo lembrar do último momento em que nao tenha sentido pressa ou nao tivesse a nítida e manifesta sensacao de estar a perder alguma coisa, tempo, sensacoes, acontecimentos, notícias.
Por vezes apetece desligar e deixar-me envolver pelos sons, cores, pelo silencio, a melhor das músicas. Como o branco, a melhor das cores por ser fusao de todas elas.
Porém, é a consciencia do tempo que me torna prisioneira, nem tanto do presente, mas mais do futuro ao virar da esquina, que se torna passado, minutos depois.
Penso numa ampulheta, que me apetece partir com sofreguidao.

Read carefully, I shall write this only oeence...

Finalmente aconteceu! 26 anos após o seu surgimento na BBC, a série de culto "Allo Allo" vai infiltrar-se no território germanico. Os direitos de transmissao acabam de ser comprados por um canal privado de televisao, estreia ainda por comunicar.
Reaccao a acompanhar com interesse, dada a relevancia histórica do tema, seis décadas volvidas.
O aspecto mais irritante do evento é o facto de muito provavelmente a série ser dobrada, o que retira 90% da piada e elimina o teor malandreco dos numerosos trocadilhos, a comecar pelo polícia "Good Moaning"Crabtree e a terminar na minúscula empregada "vou buscar um banco" Marrria.

Já me foi questionada a razao do exito da série em Portugal. Talvez pela absurdidade de algumas caricaturas ou mesmo pelo facto de o nosso quintal à beira-mar plantado ter sido poupado à crítica. Pudera, nessa altura estavamos ocupados com outros temas...

Mittwoch, 2. April 2008

C'est la vie!

A propósito de um dia eleito por alguém como o da Mulher, falou-se muito em discriminacao do elemento feminino na nossa sociedade. Eu prefiro pensar que cada um deve exercer os seus direitos legítimos à escolha do rumo a tomar e, caso esse exercício nao funcione, lutar por eles.
Contudo, essas mesmas faculdades de opcao sao condicionadas pela natureza. Nao se podem permutar ovários por testículos, por mais que se esperneie.

PS: Mas que eles ganham mais, aí isso é que ganham...

Terapia para a alma?

Por vezes, a sensibilidade está acorrentada ao estado de alma de tal forma que bastam lamechices como esta para nos dar um novo sentido à vida e nos colocar um sorriso rasgado nos lábios.
Sao estes os mails que normalmente apago após o primeiro som da banda sonora, sempre tao apropriada, que os acompanha.

Comeco a preocupar-me...

Valham-nos os preconceitos

Pic: http://www.viruscomix.com/

A mala de cartao - Parte III

Dia 18.03.08
Horas: 11:00
Pressentimento esquisito. Decido ligar novamente para a Groundforce de forma a certificar-me de que as minhas instrucoes haviam sido seguidas.
"A sua mala está no aeroporto pronta para ser levantada", exclama a empregada.

Início da saga e da perda de juízo.
Repeticao da mesma instrucao. Pela terceira vez.

Horas: 15:00
Situacao: Confirmacao do envio da mala a uma transportadora e da criacao de uma senha de levantamento da bagagem, a ser enviada via SMS para o telemóvel.

Horas: 23:00
Situacao: Sem roupa, sem malas, sem senha, sem notícias, mas com um número de telefone nao atribuído de uma agencia rodoviária inexistente. "Sabe que a companhia aérea também é conhecida por entregar as malas ao domicílio até às 23:00 horas".

Horas: 2:00
Situacao: Desesperante.

Dienstag, 1. April 2008

A mala de cartao - Parte II

Segundo dia, 17.03.08: Após várias tentativas em obter informacoes sobre o paradeiro dos meus pertences, recebo uma informacao via SMS em como a minha mala tinha chegado de Madrid. De imediato entro em contacto com a Groundforce, de forma a garantir que as instrucoes de envio da bagagem ao domicílio sejam cumpridas.

Hora: 23:05

Montag, 31. März 2008

Um dos vivos

Brendan Perry is alive and well!!

Cavan, aqui vou eu...

Sonntag, 30. März 2008

A mala de cartao - Parte I

Dia de chegada: 16 de Marco 2008
Horas: 14:40

Mala: Népias
Localizacao: Supostamente a caminho de DUS para LIS via MAD no voo TP 721
Chegada prevista: 20:40 horas

---

Às 21:00 horas:
Mala: Népias
Localizacao: Supostamente entre DUS e LIS (tbc)
Chegada prevista: desconhecida

A esperar: Confirmacao via SMS

A empresa Groundforce Portugal

"Sendo uma peça fundamental para o sucesso do Grupo, a Groundforce Portugal pauta toda a sua actividade por um extremo rigor e profissionalismo, com prestação de serviços de handling diversificados, de elevada qualidade, a nível nacional e internacional, garantindo aos seus clientes elevados padrões de excelência e a plena satisfação das suas necessidades. "

Juan José Hidalgo Acera
Presidente

Já dizia o outro, perdoai-os, que eles nao sabem o que fazem...

O Douro


Escolhas

Cada vez que visito o meu ginecologista pergunto-me o que o terá levado a tomar tal opcao. Pérfido será nao me colocar a mesma pergunta quando vou a uma oficina...

O final da era "Customer Service"

Viva o self-service!
Tudo comecou com o desaparecimento das lojas de conveniencia, nas quais a D. Maria nos fornecia um atendimento muito personalizado (os clientes mais habituais até eram tratados pelo último nome, sinal de aproximacao). E porque? As grandes superfícies invadem os terrenos baldios, há anos sem uso ou abuso. Nao querendo entrar na discussao comércio tradicional versus hipermercados, há um pormenor de singela importancia que constitui uma diferenca crucial: No território da D. Maria nao havia carrinhos a moeda, o quilo de feijao era-nos trazido ao balcao e medido à nossa frente. Na altura pagava-se pelo produto e pelo servico, hoje pelo ambiente.
Um último sinal de modernidade, a substituicao de pessoas na caixa por consumidores a gesticular com máquinas falantes. Hoje somos nós mesmos responsáveis pelo processo completo: Escrever a lista de compras, empurrar o carrinho, scannerizar o código de barras, colocar as compras no saco, pagar, carregar. O fim do luxo. O fim da conversa.
O mesmo no que toca a levantamento de dinheiro (o que aconteceu aos funcionários da CGD de balcao?), à marcacao de viagens (nao me lembro da última vez numa agencia de viagens), ao check-in automático, ao abastecimento de gasolina, à lavagem de automóveis, à compra de uns bilhetes para um concerto ou mesmo o levantamento dos tabuleiros numa cadeia de fast-food?
Fica a ilusao de que somos donos do nosso próprio nariz, quando no fundo auxiliamos as empresas a reduzir a mao-de-obra necessária.

Samstag, 29. März 2008

Desfechos - Dicas para finalizar uma festa

Opcao 1: (Entré) Alusao a uma possível hora de partida para breve.
"Nao vao com vontade de ficar. Nao fiquem com vontade de ir."*

Opcao 2: Expulsao diplomática de convidados.
"Vamo-nos deitar que este pessoal já quer ir embora."

*Sabedoria algarvia

Freitag, 21. März 2008

Sagas

Com os melhores cumprimentos da Praia da Tocha. A minha mala apareceu. Após ter ido a Lisboa pessoalmente.

Mittwoch, 19. März 2008

Certezas

A saber: Após três dias de busca, confirmações e revisões, a minha mala foi definitivamente declarada desaparecida. Amanhã prometo escândalo na Portela!

Montag, 17. März 2008

Percursos

Posso não ser organizada em tudo o que faço, mas em matéria de fazer malas reservo invariavelmente um espaço no meu tempo que me conceda criatividade na selecção e na combinação possível dos elementos que me acompanharão na viagem. Criteriosamente escolho as peças que mais prazer me dão nesse momento, ou aquelas que acabei de comprar no sábado passado. Ao regressar por uns momentos às origens sou invadida por um sentimento de ostentação. Quero manifestamente que me vejam no meu melhor, um comprovativo semi-consciente de que afinal a emigração valeu a pena. Ninguém jamais me obrigou a provar seja o que for, o desejo é auto-induzido. Consigo, assim, conceber os Mercedes de origem alemã e ocupação portuguesa da Praia de Mira no Verão.
Maior será a frustração quando a mala não chega no mesmo avião que eu. "A sua bagagem foi identificada na Germania", proferia a voz meiga e reconfortante no outro lado da linha.
Resta-me aguardar que as sementes do meu passo em direcção ao exterior dêem frutos amanhã.