Montag, 24. Dezember 2007

O fenómeno SMS

Se se inserir a combinação "SMS Natal" no Google portugues, aparecem exactamente 5.440 resultados. No ano passado registou-se em Portugal o maior intercâmbio de mensagens electrónicas via telemóvel entre os cidadaos europeus. A que se deve este fenómeno quase esquizofrénico de demonstrações natalícias? Estou em período de investigações dado ainda nao ter descoberto a razão fulcral na origem deste frenezim. Parece-me mais um ritual acrescido ao caos associado à compra de presentes, couves, bacalhau, bolo rei e bolas de decoração do pinheiro made in China - diga-se uma forma mundialmente vantajosa de reciclagem de sacos de plástico. A ida apressada à caixa multibanco para carregar o saldo e levantar o dinheiro para colocar religiosamente no envelope, com receio de já nao se encontrar notas uma hora antes do jantar da consoada, tornou-se mais um hábito natalício.
Sinas e sinais da modernidade na comunicação. Quem nao possuir um telemóvel no seu espólio comunicativo fica cortado do prazer de vislumbrar árvores de natal virtuais decoradas de * e @, muito originais. Uma tentativa desesperada de fazer parte do todo, que não é tudo nem todos.
Recuso-me a alimentar as contas das TMN e das Optimus deste mundo e dedico-me à exclusividade de enviar umas quantas mensagens pessoais de final de ano àqueles que me dizem algo e com quem já troquei mais do que uns simples Olás e Bons Natais.
Nao via blog, mas telemóvel.

Freitag, 14. Dezember 2007

O futuro da solidao


Quase um resultado objectofilo da sociedade contemporanea, aquele que teme a solidao pode agora consolar-se com a ideia futurista de um androide.
À venda numa loja cibernética perto de si...

Freitag, 7. Dezember 2007

A lenda da salsicha

Era uma vez um menino de seu nome Maik. Maik nasceu em Magdeburg, Alemanha de Leste. O seu nome tem origem anglo-saxónica, apesar de ser escrito de forma diferente. Em tempos esquerdistas, nao era permitido ser-se progressista, e, sendo assim, a imaginacao era grande. Numa tentativa de esconder tendencias pro-capitalistas, preferia-se na altura adulterar a essencia onomástica dos nomes de todos, quase como se o proferir do primeiro nome do rebento fosse um grito de liberdade. Maik cresceu em Magdeburg, na altura ainda pacata, onde a existencia de cidadaos de países nao-europeus ainda era escassa, apesar de já se evidenciar alguma concentracao de descendentes otomanos. Eram os anos 80. Maik frequentou a escola primária e a Escola Superior Politécnica, a escola geral do sistema. Menos discriminatoria que a Realschule da RFA, supostamente a escola secundária dos pragmáticos, mas na realidade aquela que se destina àqueles que, por falta de esforco ou outra componente, nao ambicionam atingir um curso superior. Maik sentia-se desmotivado e pouco dado a leituras, acomodou-se. Nao aprendeu Ingles, mas sim Russo, a tentativa da DDR de aproximar o povo às origens ideológicas.
Com a queda do Muro em 1989, Maik passou para o outro lado, finalmente o acesso à Coca Cola e ao automóvel VW vermelho estava garantido. Até aí Maik bebia Capri e viajava até à fronteira com a Polónia de férias com os seus pais no seu Trabant azul-bebé amachucado. Levava consigo bandas desenhadas da própria DDR ou da Checoslóvaquia na mala, para se entreter entre os momentos mortos na praia da costa do Mar Báltico entre comunidades FKK (Freie Körper Kultur ou, em portugues, grupos de nudistas). Sonhava entre linhas com a vida no oeste, onde se podia circular sem problemas ou medos de alguém estar a vigiar os proprios passos. Berlim seria a cidade onde construiria vida com a sua Peggy, Mandy ou Cindy.


Muitos anos volvidos encontramos Maik numa praca principal de Berlim, Alexanderplatz. A vender salsichas por um Euro a estranhos que atafulham o recém-inaugurado Media Markt, com sede de televisores de 80.000 Euros ou DVD a precos da chuva. A verdadeira libertacao do capitalismo, ali, mesmo em baixo do seu guarda-chuva.
O pior nao é o calor do vapor da salsicha, mas o cheiro ao final do dia, empregnado em cada milímetro dos seus poros. Este bedum que nao sai das narinas e que contaminou já as papilas gustativas.
Um sonho que se tornou realidade, apesar da realidade nao corresponder àquela sonhada.

Quantas vezes se repetirá a história de Maik?

Donnerstag, 6. Dezember 2007

A minha desktop

Foto tirada do cume imperial, com telemóvel.

Insomnia

Estado de espírito: Depressivo-agressivo. O meu . Nao sei a que atribuir, se à falta de princípios dos que me rodeiam e que, mesmo assim ou provavelmente por isso mesmo, sao tao bem-sucedidos, ou se à perda de alguém querido que ainda tenho de digerir, a qual conferiu um sentimento de efemeridade aos meus dias, ou se à constante falta de sono. Os princípios dos outros, movidos por auto-interesse, nao posso modificar, muito menos a minha perda. Se durmo, nao aproveito o dia, a vida torna-se ainda mais curta e menos proveitosa. Que fazer?
É quase uma da manha... E eu sem sono... Vou tentar escolher um DVD porreiro, a ver se consigo adormecer com pensamentos positivos... Dr. House nao me parece uma boa escolha... Ou talvez sim, só pelas ironias...

Montag, 3. Dezember 2007

Auto-reflexao

Se todas as pessoas, cuja contratacao tenha caído na minha responsabilidade, se mostrarem incompetentes e forem enviadas pouco depois para a fila do instituto de emprego, nao serei eu obrigada a conduzir uma introspeccao? Provavelmente chegarei à brilhante conclusao de que nao serao elas aquelas que terao problemas de ineficiencia ou inadequadas qualificacoes, mas eu mesma, por ir sempre bater às portas erradas.

E, apesar de tudo, parece que existem tantas a procurar os bodes expiatórios nos outros...