Montag, 14. Dezember 2009

Bustos em forma de Salazar

... Qualquer dia lembram-se do Hitler, esse uma verdadeira personagem do séc. XX...

Para mais aqui.

O bem comum

A propósito da conferencia em Copenhaga, nao pude deixar de sorrir por haver pessoas que se deixam surpreender pela estratégia de marketing actual das multinacionais em relacao ao ambiente. L'industrie de Marketing pense que tout le monde est cons, este o título aproximado de um livro que descobri na FNAC em Franca.
As empresas já o fazem há algum tempo. Desde que "go green" virou moda que as multinacionais apoiam projectos ambientalistas e investem em produtos menos nocivos. Nao por uma questao de interesse altruísta na modificacao de mentalidades e inversao das tendencias destrutivas, mas por ficar bem. Psicólogos ou sociólogos devem ter chegado à brilhante conclusao que a imagem de uma empresa influencia o comportamento do consumidor face aos produtos da mesma. Se eu, por exemplo, estiver consciente de que McDonald's maltrata trabalhadores, nao irei lá por os pés. Por McDo ser um mau exemplo já que me recuso peremptoriamente a consumir esse tipo de - o que eles chamam - alimentos, darei o exemplo da indústria cosmética. Eu como consumidor nao irei comprar um produto que tenha sido testado em animais. Digo eu. Mas se a mesma empresa apoiar iniciativas de apoio a criancas com leucemia (como é o caso da McDo) ou lutar em prol de um aumento da higiene pessoal em África doando sabonetes à populacao (como o faz a Procter & Gamble), já ganharei um reconforto acrescido ao conscientemente optar pelos produtos desse corpo empresarial pois estarei automaticamente a contribuir para algo justo.
Sentimento individual que me dá uma maior paz de espírito e me tranquiliza a consciencia.

Eu nao me esqueco que as empresas (sim, aquelas entidades amorfas e anónimas, sem caras, mas com tentáculos, ah, perdao, almas enormes) existem com um único objectivo: o lucro.

Caopenhaga

Já agora, os manifestantes de Copenhaga, principalmente os de origem nao-dinamarquesa, acederam como ao local? Terao ido de barco?

Para ti...

Nao somos mais do que as memórias que deixamos.

Sonntag, 1. November 2009

Confirmacao

Assisti hoje a um baptismo numa igreja. Sou, definitivamente, ateia.

PS: Horas depois, tive o privilégio de discutir a minha conduta nao-religiosa com dois fundamentalistas cristaos. Um achou a minha "declaracao" ofensiva, afinal ateus sao agentes militares que agem contra ("a"teísmo = anti-deus, por isso contra - nao sei de onde isto vem, sinceramente) o tal deus omnipresente. A outra ria histericamente, afinal ela também já passou pela minha idade e sabe que a malta jovem é do contra por capricho e nao conviccao...
Alguém já ouviu falar sobre liberdade de opiniao?

Recriacao

A propósito de um texto publicado pelo professor da FEUC José Manuel Pureza aqui divulgado pela Ecila, com o qual concordo plenamente - sim, de facto a ciencia económica abrange um pouco mais além da teoria da maximizacao dos lucros e calculacao de taxas de risco associadas a subprimes -, lembrei-me de um programa de TV com o qual ocupei um bocado da minha manha preguicosa de ontem, programa esse de teor informativo composto por investigacoes jornalísticas sobre a arte de sobrevivencia do sector primário, nomeadamente a agricultura e a pecuária. Existe, de facto, uma transferencia de responsabilidades. Os agricultores actuais nao assumem aquela imagem pré-definida do iliterado de boiné, de unha suja e capaz no limite de conduzir o próprio tractor. Nao, o agricultor moderno apresenta-se hoje como empresário, bem formado ou pelo menos com uma ideia concreta em relacao ao significado de balancos, producao a custos mínimos, mecanizacao dos processos, sustentabilidade e responsabilidade em relacao ao ambiente. O Sr. Silva da província sabe quais os produtos mais procurados no mercado e conhece o potencial ecológico das suas colheitas. Estabelece contacto com engenheiros químicos ou do ambiente, professores universitários ou investigadores que o auxiliem no desenvolvimento das espécies cultivadas. Uma maca só será aceitável por parte do público se tiver no mínimo 80% de cor, nao amadurecer demasiado depressa, se a sua carne for suculenta e resistente à dentada e, mais importante, se crescer numa amostra de árvore que nao ocupe mais de 25 cm na sua largura, de forma a poder permitir uma colheita mecanica. That is the perfect apple!
Nada é deixado ao acaso, apesar de haver uma manutencao manifesta do que é natural, i.e. o respeito das estacoes e da capacidade do solo. Existe uma premeditacao com um fim: A própria preservacao por intermédio do lucro. Qual empresa.
O mais subtil na reportagem foi a mensagem transmitida sobre a necessidade em relacao ao pessoal empregue. Máquinas substituem cérebros. Obviamente que tal fenómeno nao é novidade, nao o foi aquando da Revolucao Industrial, até ver a sobrevivencia foi garantida. Foi mesmo? Apesar de as várias eras económicas terem sido aparentemente capazes de se recriar por intermédio do nascimento de postos de trabalhos alternativos, será mesmo que toda esta industrializacao nos terá deixado assim tao imaculados?
Para o Sr. Silva de hoje, a resposta nao interessa, ele poupou 70% dos seus recursos laborais. Resta saber se o público para os seus produtos estará assim tao certo no futuro próximo.

Montag, 19. Oktober 2009

The state of fashion

Foto: Minha, tirada numa tarde de shopping em Duesseldorf

Choices, choices

Há estudos que defendem que o grau de satisfacao ou, chamemos-lhe, felicidade da mulher ocidental nunca foi tao baixo como actualmente. Nao me surpreende, hoje exercemos com liberdade o direito da escolha.

Cartas para uma vasta audiencia

Passatempos com história. O escritor britanico Shaun Usher dedica-se no seu blog Letters of Note à publicacao de cartas que merecem uma maior atencao. No seu espólio podemos encontrar correspondencia de figuras tao ilustres como Ghandi, T.S. Elliot ou Winston Churchill.
Interessante viagem vouyeur de regresso a um tempo em que cartas ainda eram cuidadosamente redigidas, respeitando formas e regras gramaticais, sem abreviaturas ou dominancia de letras minúsculas, sem smileys desajeitados, mas com pontuacao e espaco para a imaginacao do que poderá ser interpretado como ironia, felicidade ou tristeza. Cartas que demoravam por vezes meses a atingir o destino, outras tantas semanas a ser respondidas, a par e passo com um dia-a-dia menos sofrego.

Esta descoberta fez-me recordar as tardes passadas em cafés de cidade, principalmente em dias invernosos, de pouca luz e baixas temperaturas. Aos domingos enchia-me de coragem, revolvia o armário em busca do aparato de Inverno, adquirido posteriormente após ter imigrado para este país onde as estacoes do ano nao sao um mito, protegia-me com camadas de roupa qual ceboláceo, e punha-me a caminho à procura de um local recondito, aconchegante, solitário, onde pudesse libertar a alma por via das palavras. O burburinho de um café auxiliava-me na tarefa, assim como o odor quente e adocicado a café e acompanhantes. As horas volviam, as páginas enchiam-se, os cigarros iam ocupando espaco no cinzeiro. Momentos de libertacao. Enchia-me de regozijo a caminho de casa, e bem mais leve. Agora, quase nao reconheco a minha caligrafia.

Donnerstag, 15. Oktober 2009

A terceira solucao

Um reconhecimento de uma solucao alternativa à completa privatizacao ou à completa colectivizacao dos recursos comuns defende a Prémio Nobel da Economia, Elinor Ostrom.

"Ostrom tem trabalhado essencialmente na terceira solução: mecanismos de auto-regulação dos comuns que, se bem sucedidos, permitem conciliar a eficiência com a justiça distributiva. Através de variados trabalhos empíricos sobre sistemas de irrigação e outros bens colectivos, Ostrom concluiu que a probabilidade de sucesso no desenvolvimento de instituições que promovam a gestão colectiva e auto-regulada de um recurso é maior se os agentes partilharem normas de reciprocidade e confiança mútua, se não houver grandes desigualdades na situação económica dos agentes, se os custos de monitorização e sancionamento de comportamentos desviantes em relação às regras consensualizadas for baixo. O papel do Estado será aqui diminuto e será apenas complementar na implementação de sanções para aqueles que não cumpram com as regras de utilização do recurso comum."

In e.economia.info


Um novo paradigma para a vivencia em equilíbrio? Talvez. O primeiro passo foi dado com a atribuicao do Prémio Nobel. Quantos anos decorrerao até ao desenvolvimento de um enquadramento real? A saber...

Dienstag, 13. Oktober 2009

Antecipacoes por adiamentos

Hoje antecipo um dia em grande: à noite espera-me uma sessao de leitura pela voz da própria Prémio Nobel da Literatura, Herta Müller, aqui, em Essen. Chego ao cinema onde iria decorrer o serao - o Lichtburg, um dos cinemas mais antigos e emblemáticos da Alemanha -, apercebo-me de um burburinho incomodativo dos presentes. Ao longe, vejo um letreiro com letras a vermelho, que normalmente nao avizinham nada de bom. Choque: A leitura foi cancelada por motivos de saúde da escritora. Por intermédio de uma porta-voz da comissao organizadora, que mais parecia uma organizacao de apoio a almas carenciadas, vim a saber que "a Frau Mueller bem tentou comparecer, mas o vómito impediu-a de se manter de pé" (traducao literal do que foi proferido).
A ida à cidade nesta noite de enregelar serviu para enriquecer o meu espólio de chapéus de Inverno em uma unidade e igualmente para me informar que a decoracao de Natal já comeca a aparecer. Estamos em Outubro, o mes do Outono.

Donnerstag, 8. Oktober 2009

Renúncia

Resido fora de Portugal há dez anos e continuo sentimentalmente ligada às minhas raízes. Vou a Portugal regularmente, o que me permite manter o contacto mental com o meu país. Interesso-me menos (ou nada) por futebol e mais pela política. Acompanhei os escandalos de teor político que quase todos os dias enchiam as páginas dos jornais. A imagem da classe governativa portuguesa, independentemente do partido a que os seus membros pertencem, chega demasiado denegrida ao estrangeiro, nao devido à intervencao da imprensa estrangeira já que infelizmente nao merecemos muito destaque, mas por intermédio do que os media portugueses vao revelando, talvez com algum prazer mórbido associado ao estigma bem portugues do mal-dizer. Sinto mesmo muito que estes episódios pouco abonatórios me tenham tirado qualquer vontade de carácter interventivo que ainda restava após tanto tempo fora, quase que me obrigando a renunciar à participacao num regime democrático. Nao fui votar. Votei para as Autárquicas e para as Europeias na Alemanha.

Traidora? Nao, apenas desiludida com o que nos tornámos. E eu, bem longe, sem poder influenciar seja o que for, nao pelo voto, mas pelo exemplo pessoal.

A propósito deste artigo do Público.

Renúncia

Resido fora de Portugal há dez anos e continuo sentimentalmente ligada às minhas raízes. Vou a Portugal regularmente, o que me permite manter o contacto mental com o meu país. Interesso-me menos (ou nada) por futebol e mais pela política. Acompanhei os escandalos de teor político que quase todos os dias enchiam as páginas dos jornais. A imagem da classe governativa portuguesa, independentemente do partido a que os seus membros pertencem, chega demasiado denegrida ao estrangeiro, nao devido à intervencao da imprensa estrangeira já que infelizmente nao merecemos muito destaque, mas por intermédio do que os media portugueses vao revelando, talvez com algum prazer mórbido associado ao estigma bem portugues do mal-dizer. Sinto mesmo muito que estes episódios pouco abonatórios me tenham tirado qualquer vontade de carácter interventivo que ainda restava após tanto tempo fora, quase que me obrigando a renunciar à participacao num regime democrático. Nao fui votar. Votei para as Autárquicas e para as Europeias na Alemanha.

Traidora? Nao, apenas desiludida com o que nos tornámos. E eu, bem longe, sem poder influenciar seja o que for, nao pelo voto, mas pelo exemplo pessoal.

Sonntag, 27. September 2009

Sopa com todos

Assim me soa a democracia de hoje. Orgia de coligacoes que nao rima com a ideologia política. Alcance de poder, a qualquer preco. Grande problema para a classe reinante, quanto mais distante forem os programas partidários, mais incongruente serao as accoes de governo. Portugal nao é diferente da Alemanha, país no qual esquerda e direita já tentaram governar em coligacao várias vezes desde o final da segunda guerra. Quanto mais ideologicamente vazios se tornam os partidos, maior é a abstencao.

Estranhamente a Alemanha elegeu hoje um governo de centro-direita. Em momentos de uma crise que manifestamente enviou sinais de que um sistema liberal nao funciona sozinho. No mínimo, estranho.

Donnerstag, 24. September 2009

Ascos

Mas será que nao passa um só dia sem o anúncio de um escandalo político em Portugal? Das duas, uma: Ou sao todos mesmo uma cambada de asquerosos, a-sociais, corruptos da merda, ou entao os bufos sao muito bem pagos.

Os mortos também dancam.



Como eu vos adoro. Strange kind of love, strange kind of feeling.

Mittwoch, 23. September 2009

Lixo em promocao

Foto retirada daqui. Para mais pormenores ide acolá.

Montag, 21. September 2009

As minhas notícias do dia

Peco pelo exagero. Quando desenvolvo uma mania, vivo-a até à exaustao. Dependendo da acessibilidade e da facilidade com que o posso fazer, ligo-me a determinadas actividades qual obsessao. Sucedeu-o com Digital Storytelling, com séries da TV como Sex and the City ou Absolutely Fabulous, com a fotografia (actualmente com a nova máquina do tipo reflex, cujo manual de instrucoes consegue ser quase tao grosso como a Enciclopédia Britanica), com o meu actual namorado. Nao penso em mais nada até ter atingido o ponto de saturacao. Ou ter conseguido alcancar um qualquer objectivo a que obstinadamente me tinha proposto.
Será talvez exagerada a comparacao com a minha relacao com o Facebook. Igualmente compulsivo o meu hábito de, a caminho do emprego, todas as manhas, ligar o Blackberry ao site desta plataforma tao moderna. Ao invés de ler notícias do mundo, escolho o universo de amigos, pseudo-amigos e conhecidos para me colocar ao corrente dos acontecimentos. Sorrio ao saber que estao bem e que hoje se sentem mais felizes que ontem, que assistiram a um filme interessante ou estiveram num concerto inesquecível. Ou que os Pixies actuam na Europa para breve. Ou que os Young Gods vao actuar em Zurique (informacao partilhada pelos deuses eles mesmos, o que nos concede, a nós, fas, uma manifesta sensacao de proximidade). Adoro percorrer os vários slides de fotos da última viagem à América Latina ou ao Andancas, à Ásia ou às praias reconditas ao largo do Mondego. Sigo com religiosidade aqueles que nos actualizam com vídeos polémicos sobre o Chuva de Estrelas no Irao ou sobre as verdadeiras razoes pelas quais a gripe suína recebe as atencoes dos média. Sinto-me viva porque me apercebo que, a cada foto ou vídeo partilhado, a cada comentário espontaneo, a realidade gira num sem-parar de momentos, emocoes, novidades, pensamentos. A distancia que geograficamente nos separa alimenta a curiosidade que nos reune, ainda que ciberneticamente. Nunca me senti tao informada. E tao longe dessas pessoas com as quais inicio o meu dia. Tornam-se agentes de uma dinamica que, de tao acessível, se torna irreal, porque composta por bites, 1 e 0, tao aqui e tao acolá. As pessoas que se escondem por detrás das fotos de perfil, essas, escolhidas minuciosamente para dar a conhecer o verdadeiro "eu".

Demorei algum tempo para me desligar dessa irrealidade. Consegui reduzir o tempo que passo com a actualizacao constante da minha vida através do que os outros vivem. Além de que me irrita solenemente o facto de o Facebook já nao ser construído com a contribuicao pessoal de cada um, mas mais através de quizzes que nada dizem sobre cores, filmes, serial killers, de salsichas que funcionam como oráculos, passatempos criados por alguém na plataforma como instrumentos de alienacao alheia. Desculpem se firo algumas susceptibilidades, mas já nao há paciencia. E, no entanto, encontram-me lá todos os dias por volta da hora de almoco.

Freitag, 18. September 2009

Bio

Desde quando "bio" deixou de ser natural e passou a ser privilégio? Privilégio dos que podem pagar pela própria saúde?
Ainda me lembro dos pessegos de polpa branca com bicho, na altura, em crianca, o mais normal do mundo num supermercado. Hoje sinal de ecologia e respeito pelo ambiente.
Genialidade, aquela dos marketeers. Vendem-nos o normal como algo especial.

Dienstag, 15. September 2009

Livre arbítrio?

Ecila recomenda o documentário "O corpo das mulheres".
Sorrio para comigo, eu, uma fa da série mais capitalista e ditaturial de que tenho memória, Sex and the City.
Convencemo-nos com convencoes, julgamos que nao somos subjugadas a escolhas de outrém, que tudo nasce como fruto de uma liberdade de expressao. Mas no fundo somos prisioneiras de ditados. Ou ditaduras.
O meu pai tem uma opiniao: Diz que a razao pela qual o corpo feminino se tornou completamente banalizado tem a ver com o facto de a maior parte dos designers bem-sucedidos ser homossexual. Quase em tom conspirativo acredita que se trate de uma estratégia de desvalorizacao da femea de forma a conduzir a uma auto-valorizacao. Este comentário fere muitas susceptibilidades, incluindo a minha, porém acredito que a preservacao da intimidade e do mistério do corpo da mulher esteja em segundo plano quando nao existe um interesse sexual por parte do génio criador que será um estilista gay. Nao desejo atribuir o desenvolvimento do olhar perante o aspecto físico "eviano" puramente a este factor no mundo da moda, mas estou convinta de que terá a sua influencia manifesta.
Ao tomar consciencia de que estou eu também a fugir à naturalidade, alorando pelos, usando a gillette, pintando as unhas, abominando a camada adiposa que insiste em acumular-se no meu centro corporal, nao me julgo forte o suficiente para quebrar as correntes e deixar mao livre à mae natura. Apesar de saber que, mais década menos década, ninguém se interessará pelo meu aspecto físico, mas mais por aquilo que terei para contar. Pelo menos é a esperanca que alimento.

Samstag, 12. September 2009

Manifestacoes do Ensino Superior


Foto: Minha, AAC, Coimbra, Junho 2009

A propósito de números...

O post da Luna fez-me sorrir. De facto, há números mais relevantes que outros.
Há os sobre os quais se discute à mesa do café, acompanhados da cerveja e do tremoco:
- Que idade tens?
- Há quantos anos vives por aqui?
- Quantos carros tens? E casas? E iates? E cavalos? E telemóveis?
- Quero o teu número de telefone, já!
- Em quantos países já estiveste? E continentes?
- Quantos pares de sapatos de Inverno esconde o teu armário?
- Em que andar vives?
- Em quantos dias da semana trabalhas?
- Quantas vezes por semana fazes desporto?
- Costumas ir ao cinema quantas vezes por mes?
- Quantos copos de vinho bebes por semana?
- Qual o número de cigarros que fumas por dia? (variacao: unidade em macos)

Alguns destes nao interessam nem ao judeu de Belém, tratam-se de questoes standard que compoem o processo de conhecimento interpessoal.

Mas também os há secretos, tabú, aqueles dos quais nao se fala e muito menos se pergunta:
- Com que idade tiveste a primeira menstruacao?
- Quando perdeste a virgindade? E já agora, com quem?
- Quantas vezes por dia vais à casa-de-banho?
- Tomas banho todos os dias?
- Quanto é que ganhas por mes?
- Quantos tampoes usas por período?
- Quantas vezes por dia tens sexo? (ah, mazinha!)
- Com quantas pessoas já dormiste, incluindo as do mesmo sexo?
- Quantos one-night stands estao incluídos?

Dependendo da escala na qual nos movimentamos, haverá sempre um teor de choque nao só no próprio acto de perguntar, mas principalmente nas respostas que uma dessas perguntas suscitará.
E, se me perguntam a mim, nao acho que 30 seja exagerado...

Voltei, voltei...

Tinham toda a razao. A blogosfera faz-me falta. Apercebi-me de que o Facebook nao foi feito para consideracoes filosóficas ou partilha de pontos de vista, é demasiado rápido, profano e mundano para tal. Decidi regressar às origens. Agora com o cinzento a dominar a paisagem, umas horas sentadas na secretária tornam-se muito mais apetecíveis. Ando com uma falta de inspiracao brutal, talvez devido ao facto de nao me deixar rodear por aquilo que realmente é importante. Por outro lado, incitar o espírito crítico ao obrigá-lo a pensar pode realmente ser o Prozac de que necessito.
Tentarei.

Como estreia de uma nova época:

"Quisemos a velocidade do som com os aviões e a velocidade da luz com a Internet, mas, agora que conquistámos a contemporaneidade absoluta, só conseguimos pensar numa coisa: abrandar."
retirado daqui.

Dienstag, 14. Juli 2009

Oh happy days!

É Verao, respiro fundo, encho os pulmoes com o odor adocicado da multiplicacao natural, estou feliz. De quando em vez recorro ao espaco blogosférico para o transmitir. De qualquer forma, ainda continuo a preferir a realidade.

Mittwoch, 24. Juni 2009

Do not be afraid of going slowly
Be afraid only of standing still

Provérbio chines

Vou ali e já venho

Pois nao é que existe uma localidade perto de Roterdao de seu nome Poortugaal? Nós andámos mesmo por todo o lado...

Dienstag, 23. Juni 2009

What are you doing?

Pensei em conduzir uma experiencia facebookiana na rua e pegar num letreiro para anunciar o meu status.
Em busca de inspiracao e com muito juízo de valor (chamem-me arrogante, mas nao tenho muitos espelhos em casa!), fiz uma seleccao dos Best Of de "What's on your mind" do dia de hoje:

A minha amiga A. "wants to solve the curious case of the umbrella".
A minha amiga D. "
fears there might be a rendezvous with the porcelain bus on Saturday morning."
A minha amiga W. "ate so much today that she had problems getting her work clothes off this evening."
A minha amiga M. "is wondering why sleep is so so difficult to get...", uma hora antes "survived Monday. Amazingly." e no início do mesmo dia "is wondering how it can be Monday? Only 5 more workdays until the weekend!"

Best of: A minha amiga L. "thinks it is time to have a toast with cheese".

Quao vazio seria este planeta sem estas contribuicoes fundamentais.
Será que alguém se interessa pela sanduiche na zona comercial de Essen?

Montag, 22. Juni 2009

Murphy's Law and Zee Germans

Sábado, duas da tarde. Tinha conseguido levantar o rabo do sofá para ir mandar umas bracadas à piscina recém-restaurada da zona onde vivo. Movimentei-me ao meu ritmo, sem pressas nem pressoes alheias, consegui superar os objectivos (em metros) aos que me tinha proposto. Afinal, nao me estava minimamente a apetecer sofrer mais stress num lindo dia de sol, ainda para mais sábado, o meu dia da semana favorito. Saí, despreocupada, do recinto, inspirei o ar fresco da rua, deixei envolver-me pelos raios do astro-rei, os quais tem andado bastante sumidos nos últimos tempos. Ao percorrer mentalmente o caminho para casa, pensei em escolher um atalho para encurtar. Nao sou de poupar o último litro de gasóleo, o único fim era mesmo procurar consolo no gargalo de uma garrafa de água. Enfio-me por uma estrada de um sentido. Espanto: Afinal as regras (pasme-se, ainda estamos na Alemanha???) tinham deixado de fazer sentido devido a uma festividade de rua, a qual sucede todos os anos no mesmo local. As autoridades ainda nao tiveram vontade, paciencia ou interesse em organizar os trajectos de uma forma menos incomodativa para quem tenha que andar de carro (foi nessa altura que pensei em finalmente comprar uma bicicleta!!). Em resultado de um enorme caos automobilístico, tive euzinha que andar de marcha-atrás, eu que detesto o meu carro por nao lhe conseguir avaliar os limites (problema da malta minorca)... PIMBAS, bati num carro estacionado com o espelho lateral. Pensei para comigo e Andrew Bird: "Entao tens que chamar a polícia!". "Porra, deixei o telemóvel em casa!". "Ah, e livrete do carro também!". "Uups, em nenhum documento se pode ver onde moro!". Isto numa fraccao de 3 segundos. Desvairada, decidi abandonar o local, sem saber muito bem o que fazer. O meu sentido moral chamou-me à razao e decidi estacionar o carro de forma a verificar o estado do meu espelho, esse que mais parecia um membro descabecado. Tinha que pedir auxílio a alguém, eu, a miúda que cultiva a mania da auto-suficiencia (com excepcao das situacoes em que tenho que abrir uma garrafa de cerveja com um isqueiro). Pois que, ao encaminhar-me para o automóvel sinistrado, me pára um carro a meio caminho. Duas caras de lua-cheia, luzidias de tanto óleo de salsicha, mas muito bonacheironas, me colocam em estado de sobreaviso. "Olhe que é melhor voltar ao local do acidente, já houve um cidadao que lhe tirou a matrícula e já estava a chamar a polícia." Eu retorqui. "Ah, obrigada, mas já estou a caminho...". A preocupacao deles: "Olhe que perde a sua carta de conducao se nao voltar lá!". "Sim, sim, obrigadíssima, mas... ". "Mas olhe que ele já ligou para a esquadra!", balbuciavam os dois, quase em panico por mim. Nao percebi até hoje porque razao estavam tao consternados com o facto de eu, até entao condutora em fuga, poder perder a minha carta. Lá calcorreei o passeio, esbaforida de todo, até chegar ao purgatório. Lá fui encontrar o cidadao, alemao e cumpridor da lei, que manifestou um estado de ansiedade, alívio e, ao mesmo tempo, constragimento, que me tinha denunciado. Nao entendi o que mais o interessava, se o bem-estar do dono do carro estacionado, que acabou por sofrer um arranhaozinho do tamanho da minha unhaca do dedo mindinho do pé, ou o fechar o balanco do dia com a sensacao de ter cumprido o que manda a lei. Os que conhecem alemaes que escolham...

Tiny people


Ontem conheci por intermédio da TV um artista britanico de seu nome Slinkachu. Adorei a ideia, da próxima vez que passar por Londres olharei por onde piso, eventualmente encontrarei universos minúsculos de que alguém faz uso para transpor imagens sonhadas.

Foto: Slinkachu tirada daqui

Global warming


Foto daqui

Donnerstag, 11. Juni 2009

Gourmetarias

Em tempos de programas de culinária na TV em número record, nunca as pessoas comeram tao mal.

Milionarios da Blogosfera, uni-vos!

A Al-Qaida está a precisar de doacoes.

Mittwoch, 10. Juni 2009

Está cá tudo!



O Oriente.
Kanun.
Oud.
Nay.
Darbuka.

O Ocidente.
Batidas de DJ.
Guitarras à Gipsy Kings.

Importantíssimo - Parte III

Já nao lavo a casa-de-banho há uma semana.

Importantíssimo - Parte II

Já fizeste a cama?

Importantíssimo - Parte I

O pao está bem cozido?

Sub-desenvolvimentos

Hoje, ao ver um anúncio publicitário na TV a uma marca topo de gama de tampoes, os quais, com tanto progresso produtivo, já devem ir na quinta geracao, tal qual como as laminas de barbear ou os detergentes para a máquina da louca, nao pude deixar de me lembrar que o maior desafio em Istambul é mesmo o de conseguir encontrar os famosos tapa-fluxo num qualquer supermercado perto de si. Esquece. Nao os há.

PS: A saber, o nome OB quer dizer "Ohne Binde", traduzido para o portugues, SP, "Sem Penso". Achei piada...

Sonntag, 7. Juni 2009

Estou mais velha

Fui exercer o direito de voto na minha cidade de origem. As eleições decorrem na minha escola primária. Invariavelmente se trata de um verdadeiro festival de reencontros. Muitos dos meus conterrâneos escolhem essas ocasiões para vir à terra. Acho engraçado esta ligação perene ao berço. Muitas dessas pessoas, que conheço desde que tenho consciência de mim própria, habitam noutras cidades e, porém, ainda continuam recenseadas na cidade que as viu crescer. Vejo-o como uma negação latente ao crescimento e ao envelhecimento.
Até hoje nunca me tinha apercebido que os meus pais, que me acompanharam às urnas desde a minha primeira vez, iam sempre votar a uma salinha que ficava na ala direita do edifício. Isto porque cada compartimento está dividido em números de eleitor. Eu ia sempre para a última sala à esquerda, ou seja, fazia parte dos eleitores mais tenrinhos, os mais recentes.
Hoje fui votar à segunda sala da esquerda, ou seja, passei de nova a intermédia. Quando chegar a altura de votar na última sala à direita, saberei que muito tempo terá passado.

Samstag, 6. Juni 2009

1, 2, 3, ...

BPP.
BPN.
BCP.
Freeport.

Perdi a conta em relação à quantidade de escândalos financeiro-políticos dos quais se relata em Portugal. Corrupção é palavra de ordem. Inclusivamente o Presidente da República veio à TV justificar investimentos pessoais. Num clima de desconfiança que se gerou, a começar pela integridade da classe política e a terminar nos high performers (gestores bancários ou de clubes de futebol), não admira que a população opte por uma estratégia mental do "Salve-se quem puder". Se instituições de respeito não o impõem de forma a constituir o exemplo sociológico que deveriam assumir, quer sejam pessoas jurídicas ou privadas, não há razão para o Zé Povinho o fazer. Questão de princípios? Se não conseguir pagar menos impostos ou colocar o meu dinheiro a render nas Ilhas Caimão, de que me servem os princípios?

Figuras de inspiração, dignas e sem cadastro, tornaram-se tão raras como mercearias.

Donnerstag, 4. Juni 2009

You are dangerous!

O último post da Sinapse fez-me lembrar um pouco a Austrália. Estás a caminhar placidamente na praia e ouves constantemente a voz conselheira do guia local: "Estás a ver esta alforreca de manchas azuis (a denominada bluebottle)? Very cute, do not touch it! Esse peixinho redondo e inchado muito engracado que ves no areal possui uns picos na pele que, ao serem tocados, mesmo ao de leve, libertam um veneno que causa uma comichao insuportável. Do not touch it. E se avistares um polvo muito interessante de cor lilás, do what you do, DO NOT TOUCH IT or you will be in coma within 30 minutes". Tudo isto me causou uma sensacao de inquietacao constante. Olhava para o mar e punha-me a imaginar a quantidade de tubaroes que nos estavam a mirar e a cobicar para o almoco. Apesar de saber que nao sao animais carnívoros, nao consegui controlar as emocoes. Com tantos avisos e perigos quase iminentes, perdi a capacidade racional ao aperceber-me que tinha surgido uma irritacao cutanea na minha perna direita, assim, do nada. Fiquei em panico. As opinioes dos entendidos nao me deixaram acalmar pois o aspecto da minha so called alergia puxava para o de uma teia-de-aranha composta por veias inchadas. Sem comichao. Muito estranho, opinavam eles. Arrastei o grupo à farmácia para me apoiar psicologicamente e me acompanhar no que podiam ser as últimas horas de consciencia. Já tinha passado algum tempo desde a descoberta da alergia. Um dos nossos amigos australianos sai-se com o seguinte comentário: "O melhor das espécies perigosas da Austrália é as suas previsibilidade e infalibilidade. Se tivesses sido mesmo atacada por uma alforreca ou um polvo ou um insecto ou uma cobra muito venenosos, estarias já em coma. O facto de ainda te encontrares consciente é muito bom sinal".
Nao me senti muito reconfortada.
Passadas horas e dois anti-inflamatórios recomendados pela farmaceutica, a alergia passou a invisível. Até hoje nao sei o que aconteceu. Mas ainda estou consciente, dois meses volvidos, por isso já estou mais descansada.

Frase da semana

“What information consumes is rather obvious: It consumes the attention of its recipients. Hence a wealth of information creates a poverty of attention, and a need to allocate that attention efficiently among the overabundance of information sources that might consume it.”

Herbert A. Simon

Donnerstag, 28. Mai 2009

Montag, 25. Mai 2009

Uncle Sam is bankrupt!

Regresso à escravidao. Desta vez, financeira.

Coreia do Sul, Estado Independente

O mundo ocidental reage com panico ao anúncio de testes com armas nucleares conduzidos por parte da Coreia do Norte. Nao sei do que terao mais medo, de nao saberem a que propósito os testes foram efectuados, ou de nao poderem controlar as decisoes do governo de Pyongyang. A Coreia do Sul, assim como a Índia, a Franca ou Israel, constituem nacoes independentes. Nao consigo entender porque os critérios de aceitacao e tolerancia terao de ser tao distintos.

Sonntag, 17. Mai 2009

Reciclagem

A Andorinha do Norte partilhou connosco um vídeo impressionante sobre a melhor forma de reciclar os restos de comida dos vários restaurantes de fast food. Uma partilha forcada.
Quando vou a restaurantes, principalmente em países industriais (Alemanha, Holanda) ou com uma cultura gastronómica desenvolvida (Itália, Portugal), invariavelmente deixo algo no prato. Os restos que tanto nos incomodam. Lembro-me da minha avó se referir sempre às criancinhas de África de forma a apelar à minha consciencia de cidada do mundo. Tal nao me convencia de maneira nenhuma, o meu estomago nao tinha mais espaco, é a chamada fome (que tinha acabado de dizimar ao colocar os talheres no prato com aquela disposicao que tao bem conhecemos, na diagonal, faca virada para dentro, seguida do garfo). Principalmente na Alemanha, as doses sao gigantescas. Supostamente um sinal da privacao que o povo sofreu durante as duas guerras mundiais, que conduziu a um exacerbamento no consumismo, principalmente o relacionado com a alimentacao. Com a falta de tudo, desde carne a gordura, a estrutura gastronómica desenvolveu-se do pouco ao exagerado, daí a comida ser normalmente muito gordurosa (óleo ou molhos de todos os tipos praticamente a cobrir os alimentos qual piscina) e em grandes quantidades. Eu, de pequena estatura, nao tenho podido exercer influencia sobre os grandes acontecimentos históricos, os quais, aliados ao desenvolvimento capitalista do consumo, conduziram à actual dimensao média de um prato no território germanico. Automaticamente deixo restos, concluindo que estarei entao abaixo da média. Já pensei que, se tivesse um restaurante, apresentaria invariavelmente no menú diversos tamanhos de dose, os quais poderiam ser escolhidos pelo cliente, consoante o apetite e o tamanho do estomago. Claro que as doses pequenas seriam mais caras. Chamemos-lhe os descontos de quantidade.

Nao me sinto mal com o que faco, mas com o porque de tal acontecer. No filme da Andorinha, vemos uma sociedade asiática desequilibrada, que aproveita os restos de comida ao partilhá-los com os mais carenciados. O primeiro pensamento será: Quem decidiu sobre o tamanho das doses? Serao porcoes norte-americanas (KFC) ou asiáticas (claro mais reduzidas)? Segundo: Tantas criancas famintas, pertencerao todas à mesma família? Ou seja, propagacao da espécie incontrolável, responsabilidade governamental, falta de educacao. Nao tem a ver com os restos alimentares. Terceiro: Vemos um espaco rural. Será que nao dá para criar galinhas, que pertencem à cadeia alimentar asiática tal como o arroz, contribuindo para a auto-subsistencia familiar?
Nao consigo ver tais filmes sem desenvolver um olhar crítico ao que é mostrado, por mais que tenha que controlar a lágrima no canto do olho. Usar o capitalismo e o consumismo como desculpas para todos os males da humanidade nao julgo que seja certo, por mais socialistas que sejam as minhas orientacoes politico-filosóficas. Há sempre uma parte de auto-responsabilizacao no destino de cada um.

Lost & Found

A britanica Luna Laboo escolheu como hobby adquirir bagagens perdidas nos aeroportos, fotografá-las, colocar o conteúdo na net de forma a tentar encontrar os donos. Fiquei a pensar que, para a próxima vez que viajar, será recomendável nao deixar a roupa suja à solta...

Samstag, 16. Mai 2009

Blogosfera

A quantidade de blogs per capita de um povo estará inversamente proporcional ao seu bem-estar social e económico?

Sonntag, 10. Mai 2009

Um ensaio fotográfico na cegueira

Evgen Bavcar é fotógrafo. E cego. Perdeu a vista aos 10 anos. Ou 12, a internet parece ter desistido de um consenso. Irrelevante. Bavcar tem uma visao. Deseja possuir pela fotografia aquilo que nao ve.

"
My task is the reunion of the visible and the invisible worlds, photography allows me to pervert the established method of perception amongst those who see and those who don’t."

Cegos podem produzir imagens. Porque nao?

Foto: Evgen Bavcar.

Pensando no básico...

... como ter acesso a alimentacao por pura e simplesmente descer as escadas e ir até ao supermercado da esquina ou ao próximo restaurante turco. Jamais na história da humanidade a responsabilidade da producao de alimentos esteve em tao poucas maos como agora. Assumimos as coisas como garantidas, mas há milhoes que ainda lutam por um pedaco de pao todos os dias.
Louise Fresco colocou-se a questao. Como garantir a sobrevivencia a todos? Alimentacao nao trata de calorias ou nutrientes, e sim de partilha.

Gandhi disse: "To those who have to go without two meals a day, God can only appear as bread".

O lado negro das minhas duas cidades preferidas



A primeira vez em consciencia: Espanto.
A segunda dessas vezes: Incompreensao.
A terceira dessas vezes: Revolta.
A quarta dessas vezes: Tristeza
A quinta dessas vezes: Distraccao.
A sexta dessas vezes: Ignorancia provocada.
A sétima dessas vezes: Virámos a cara.

Dienstag, 5. Mai 2009

O homem de hoje

Fato
Sapato alongado quadrado na ponta
Porta-chaves à tira (normalmente com a marca da empresa, sinal de pertenca)
Camisa com iniciais gravadas (M.H.)
Angulo da boca concavo
Blackberry (com funcao foto)
Material da empresa como leitura de viagem

O primeiro gesto que tem, apos ter tirado o casaco e se ter sentado, foi sacar do BB. A viagem de comboio prosseguiu com a leitura atenta do material didáctico.

Pensei: Que aspecto tao... previsível. Decidi nao fazer parte deste mundo. Saquei do meu BB e mandei uma mensagem a mim mesma com o conteúdo deste post.

Montag, 4. Mai 2009

Tres semanas em dois minutos

Dia 16 Abril - Partida de Sydney
Entre dia 16 Abril hora de Sydney e 17 Abril CET - Passagem por Bangkok e Dubai
Dia 17 Abril - Chegada a Düsseldorf
Dia 18 Abril - Pequeno-almoco em Paris, almoco em Meaux (terra do Brie) e jantar em Omont (Ardennes francesas)
Dia 19 Abril - Descanso em casa (Essen)
Dias 20 a 22 Abril - Viagem a Milano a trabalho
Dia 25 Abril - Visita à Art Cologne em Colónia
Dias 28 e 29 Abril - Viagem a Basileia e Luzern a trabalho
Dia 30 Abril - Dia da Rainha em Amsterdam, noite forcada em Utrecht
Dia 1 Maio - Passeio por Utrecht
Dia 2 Maio - Noite tresloucada em Bruxelas
Dia 3 Maio - Casa

Donnerstag, 23. April 2009

Convalescenca

Espero que me perdoem o silencio. Estou em ressaca australiana. Andei entretanto por Franca e Itália. Isto soa muito pretensioso, mas o que é facto é que o jetlag deu cabo de mim e ainda ando a recuperar. Tipo fico cheia de sono às 9 da noite, abro o olho às 6 da manha. Até no fim-de-semana. Isto nao é nada normal. Tenho que comecar as festas para ver se regresso ao ritmo normal.

Donnerstag, 16. April 2009

Australian OST

Paixao, Paixao


Paixão, paixão não vais fugir de mim
Serás paixão até ao fim

Foto: Sydney - vista do Taronga Zoo

Samstag, 21. März 2009

Férias

Vou até ali à Austrália e já volto. Até daqui a tres semanas!

Mittwoch, 18. März 2009

Konkani Songs - Music from Goa



Alguma semelhanca entre este artista e o Dino Meira, ambos por uns tempos na diáspora, é pura coincidencia.
Mais informacoes sobre Konkani aqui.

A crise apanha o emigrante europeu dentro da Europa

Parece que efectivamente sempre há europeus de segunda e terceira categorias.

A crise chega ao bordel

Se pensavam que a flat rate era só para a Internet, pois desenganem-se. As Pussy Cats já oferecem desconto, tal é a crise.

Mostarda no nariz

Irritam-me as pessoas que pensam que me comem por parvas. Já tive discussoes com colegas meus, aos quais tive que dizer que aquilo que me contam é um autentico atentado à minha inteligencia.
Com este mau feitio, nao vou ter muitos amigos...

Montag, 16. März 2009

Freitag, 13. März 2009

Nao me contive...


Tive que roubar este post à Undutchablegirl.

Dedicado a todos nós, nómadas, por Graciano Chagas, perdao, Sagas. Um verdadeiro hino nacional quase tao profundo quanto o Grandola Vila Morena.

Mittwoch, 11. März 2009

Surpresa matinal

Uma colega minha, senhora de 62 anos com quem costumo conversar muito (talvez das únicas) sobre tudo e nada, banalidades sobre o que se fez no fim-de-semana ou o último filme israelita sobre discriminacao religiosa, surpreendeu-me hoje com um presente que me trouxe uma lágrima ao canto do olho. Contou ela que, durante as suas arrumacoes à cave, de repente descobre um livro que havia comprado em Berlim sobre a Revolucao dos Cravos, claro ainda em tempos da DDR, uma edicao de 1975. A NOSSA revolucao de Abril. O livro traz consigo aquele odor a arca de recordacoes, tao típico de uma cave, refúgio recondito das memórias de cada um, as menos importantes e por isso nao tao próximas do dia-a-dia. Vou folheá-lo com muito carinho, por tudo o que representa, conteúdo e gesto.

For you!

Dienstag, 10. März 2009

Americanices

É que isto nem é alemao nem é ingles. Uma miscelanea de erros ortográficos, que os há nesta Alemanha tao instruída.
De facto, uma inovacao que acompanha os tempos modernos. Andamos todos cheios de pressa, atrasados, com a agenda plena de compromissos, de telemóvel na orelha esquerda, Blackberry na mao direita, nao há tempo a perder, o mais conveniente será mesmo um cafezinho (de tamanho gigantesco, a transbordar de acucar e natas) numa daquelas embalagens de usar e deitar fora, já agora com palhinha para nao atrapalhar os movimentos.
Provavelmente apenas alguns terao pensado que a energia gasta nas várias fases de producao, transporte e reciclagem de um copo de papel (versao mais ecológica) ou plástico (à la Starbucks) para o tal Coffe to Go será maior do que a dispendida na lavagem de uma chávena normal no próprio estabelecimento que o vende. "Nao, isso está ultrapassado, agora sentar-me no café a perder tempo?", ouco as vozinhas na cabeca do cidadao dos tempos de hoje, ocupadíssimo e enfadado. Porque aproveitar uns dez minutos de pausa (OH STOP - With your feet in the air and your head on the ground (...) Where is my mind?) quando se pode ir andando e resolvendo tudo ao sabor de um Nonsenseccino tamanho grande?
Eu passo por esse tipo de lojas, mas gosto de me cortar o passo a mim mesma e deixar-me levar pelo sabor de um café que se espera de fair trade. Sento-me e aprecio.

A minha celebracao do Dia Internacional da Mulher

Re-furei as orelhas.


Questao da semana

Qual será o lugar mais adequado num concurso de modéstia, o primeiro ou o segundo?

Verdade, nua e crua?

“Os portugueses vivem em permanente representação, tão obsessivo é neles o sentimento de fragilidade íntima inconsciente e a correspondente vontade de a compensar com o desejo de fazer boa figura, a título pessoal ou colectivo.

A reserva e a modéstia que parecem constituir a nossa segunda natureza escondem na maioria de nós uma vontade de exibição que toca as raias da paranóia, exibição trágica, não aquela desinibida, que é característica de sociedades em que o abismo entre o que se é e o que se deve parecer não atinge o grau patológico que existe entre nós.”



Eduardo Lourenço, O Labirinto da Saudade

O cúmulo é...

... sapatilhas custarem EUR 19,90 e ninguém achar estranho.

Montag, 9. März 2009

Estranhas coincidencias

Ontem pela primeira vez ouvi falar no Horus. Horus é uma das divindades egípcias à qual se refere o Livro Egípcio dos Mortos. E nao é que parece que o tal deus, filho de Osíris e Ísis, metade falcao, metade homem, supostamente terá nascido da mae virgem (a tal Ísis) no dia 25 de Dezembro numa gruta. A sua concepcao terá sido anunciada por um anjo à sua mae imaculada. O seu nascimento testimoneado por pastores e abencoado por tres divindades solares. Idade de baptismo: 30 anos. Morte no crucifixo, ressurreicao após tres dias.

Nao sei, soa-me a algo que já ouvi, nao sei onde... E pensar que este livro foi escrito alguns séculos antes do nascimento de Jesus de Nazaré...

Mais semelhancas aqui.

Anybody out there?

Há umas semanas enviei um envelope para a Holanda. Após duas semanas, o envelope ainda nao havia chegado. Em épocas cibernéticas, usei as possibilidades do Track & Trace de forma a inteirar-me sobre o paradeiro da minha carta. A única informacao que obtive foi que a carta havia chegado ao país de destino, ou seja, Holanda. De facto, o país dos canais nao é assim tao grande, mas achei a informacao um pouco abstracta demais. Tentei a hotline para envios internacionais. Aparece-me uma máquina a comunicar comigo. Lá fui ditando uns números e umas referencias aqui e ali, para precisamente chegar à mesma conclusao. "O seu envelope chegou ao país de destino (pausa) Holanda no dia xx", balbuciava a voz agradável de mulher. Eu já estava a dar em doida. "Se quiser obter informacoes adicionais ou estiver com a sensacao de que nao está a entender algo, por favor diga "AJUDA" e nós teremos o maior prazer em ajudá-la na sua pesquisa", dizia ela. Pensei, bom, lá me vai encaminhar para um call centre. Gritei "AJUDA" ao telefone (os meus colegas na sala ao lado já estavam a estranhar o diálogo). Isto para que? PARA ME DIZER QUE NAO ME PODIA FORNECER MAIS INFORMACAO NENHUMA E QUE SE ESTIVESSE EM DÚVIDA QUE PESQUISASSE A NET. E isto sempre com a mesma voz monocórdica e paciente. Pois que nao fui conectada com nenhum humano nos 10 minutos que o telefonema durou. E fiquei precisamente a saber o mesmo que antes.

Aumento da qualidade de vida???????

O cúmulo é...

... haver um banco alemao chamado Easy Credit que ainda nao faliu.

O cúmulo é...

... haver médicos ginecologistas que consideram a menstruacao algo anti-natural e, logo, recomendam doses de hormonas para contornar o assunto.

Dienstag, 3. März 2009

E falando em pseudos...

O que será a blogosfera senao, em alguns casos, a tentativa de alcancar o mesmo que Vicky? Qualquer um descobre a sua veia literária e cria um blog. Fa-lo sentir bem, útil, artístico.
O pseudo-escritor.

Dinamicas

A Luna parece estar ainda a dissecar os vários personagens de um filme que também vi há umas semanas, Vicky Cristina Barcelona, num post sobre os "pseudo" como Vicky, a que foi impelida por um qualquer talento quase inexistente (assim como o conhecimento da língua) a fazer um mestrado sobre a cultura catala e acaba por descobrir uma aptidao por fotografia. No final, ficamos todos sem saber que raio acontece, talvez por isso o filme se torne tao interessante. Precisamente pela mesma razao se ficará com um gostinho a "unfinished business", do género soube a pouco.
Vicky nao sabe o que quer nem o que procura, perde-se em aventuras com os chamados "artistas", palavra que acambarca o mundo, tentando escapar a convencoes, ser diferente.
De facto, há os que o sao, naturalmente, os que nao o sao e nao querem ser, e os que querem, mas nao conseguem. Importante sempre foi o pertencer a um qualquer grupo, sentir-se etiquetado para se fortalecer. No fundo, um grande medo da solidao.

Quo vadis

Montag, 2. März 2009

Estórias omitidas

O facto de viver na Alemanha tem vindo a contribuir para um aumento generalizado da minha cultura , especificamente, tudo o que toca ao Drittes Reich, a Hitler ou aos Judeus. O estigma do passado sente-se como algo muito marcante (mal pareceria...) no que se diz (palavras como "Endlösung", "Autobahn" ou "Konzentrationslager" permanecem tabu) , sobre quem se diz (Judeus ou Israelitas merecem um tratamento mais especial e, por isso, discriminatório), no que se ve (reportagens sem fim sobre Wehrmacht, grande sucesso de filmes como "Valquiria" ou "The reader", ) e le (mil e uma biografias sobre o cidadao austríaco a encherem as prateleiras das livrarias, um novo jornal sobre a imprensa nos tempos entre 1933 e 1945, lancamento polémico por parte de um jornalista britanico que pretende demonstrar o poder manipulativo do Sr. Goebbels sobre os cidadaos na altura). Como tal, um qualquer episódio associado a essa época nao passa despercebido.
A importancia do passado e o relativismo do mesmo tornaram-se de tal forma fundamentais que mesmo empresas como a Thyssen Krupp, a BMW ou a Schaeffler, com nomes de família possantes como Krupp, Quandt ou Schaeffler, autonomamente presentes no mercado mundial e com um historial invejável de sucesso, optaram por contratar historiadores de forma a re-escrever o passado das suas epopeias históricas. Isto porque as mesmas foram grandes apoiantes do III Reich, o que terá contruibuído para o sucesso das próprias sobre o qual hoje nao se fala.
Durante o fim-de-semana veio à tona o facto de a Schaeffler, hoje grande fornecedor da indústria automóvel e, como tal, próxima da bancarrota, presente na década de 40 com uma fábrica próxima de Auschwitz, ter provavelmente usado cabelos judaicos provenientes desse campo de concentracao para produzir tapetes.
Imagino qual a sensacao dos detentores de tapecaria oriunda dessa empresa ao pisar o chao dos seus apartamentos, agora que sabem o que realmente compraram.
A Schaeffler pediu ao Estado alemao ajuda em vários milhoes de euros. A sua CEO, Sra. Schaeffler, apresentava-se de casaco de peles. Vá lá nao ser um tapete. E daí...

Sequencia da trilogia

O exmo. Sr. Governador da Califórnia, austríaco e naturalizado nos EUA, anos após a sua trilogia de Exterminador, esteve hoje presente na abertura da maior feira tecnológica mundial, a CEBIT, em Hannover.
Que tem a sua piada, ai isso é que tem.

Foto: Spiegel Online

Freitag, 27. Februar 2009

Something is going wrong...

A ecila postou um artigo do Spiegel sobre a manifestacao de alguns sindicatos alemaes gerada pela insatisfacao associada à chamada crise financeira. Eu, apesar de ser economista, tenho tendencias esquerdistas (nao é invulgar, mas também nao é normal, os da Velha Guarda sao olhados de lado, utópicos e ultrapassados...) e, como tal, apoio totalmente esta revolta. Algumas questoes que me venho colocando ainda nao obtiveram resposta, apesar dos mil e um artigos na press, das notícias e entrevistas na TV, dos opinadores normais acharem que, de uma cadeira, conseguem mudar o mundo.
- Mas desde quando uma bolsa de valores é representativa da economia? A maior parte das empresas, mesmo das economias tendencialmente capitalistas, pertence a uma classe intermédia e nao é cotada na bolsa;
- A que propósito uma crise financeira é confundida com uma crise económica? Uma conduziu sem dúvida à outra, sem que ambas sejam a mesma coisa!
- Porque razao terá o Estado de apoiar empresas de teor puramente autónomo e associadas a expressoes de mercado? Além de produzir postos de trabalho, porém envolvidas num objectivo puramente de lucros (principalmente as S.A.), que tipo de fim altruísta seguem essas empresas?
- Partilharao essas empresas os seus lucros com a sociedade? Que tipo de quota terao essas empresas na contribuicao para o bem comum através de desenvolvimentos sustentáveis em prol do ambiente e do progresso humano?
- Desde quando se terá tornado normal falar em bilioes de euros de lucro ou prejuízo? Eu ainda sou do tempo dos milhoes...
- Serao os bilioes de dívidas bancárias produto de movimentacoes reais ou contabilísticas?
- Se bilioes de dólares desapareceram da face financeira, para onde foram? Terao desaparecido num buraco negro ou jamais existiram?
- Que tipo de catástrofe será realmente o facto de uma empresa (por exemplo, a HP) vir anunciar um recuo nos lucros (atencao, LUCROS, nao volume de vendas) no valor de 2,13 bilioes de dólares no primeiro trimestre, somando a módica quantia de apenas 1,85 bilioes?
- Um salário de um CEO, que anda pelos 42,5 milhoes de dólares por ano e, devido à crise, é reduzido em 20%, é considerado perfeitamente normal na economia do free market?
- Porque decidem empresas mandar milhoes de empregados para a rua, tentando, de uma forma desesperada, cortar custos e agradar accionistas, enquanto que esses trabalhadores irao parar ao desemprego, reduzindo o consumo privado e nao contribuindo para um aumento de uma procura de mercado já em declínio?
- Porque ninguém pensa que, se o desemprego aumentar, o estado que se quer de providencia aumentará os encargos nao em investimentos infraestruturais, mais em apoio ao mais carenciado, aumentando o défice e as dívidas, contraindo créditos e nao criando um impulso à taxa de ocupacao?

A isso prefiro uma abdicacao generalizada de uma parcela do meu salário ao final do mes ou uma semana de 30 horas ao invés das 37,5h (nao bem no meu caso, mas em geral) de forma a salvar o que se tornou um bem comum fundamental: a sobrevivencia do próximo.

Sinais do tempo

O amor é cego e diz que eu nao tenho olheiras... Estamos perdidos.

Donnerstag, 26. Februar 2009

Comparacoes - II

O Carnaval em Colónia foi como uma genuína Queima das Fitas, mas com um disfarce em vez do traje e com muito mais pilim nos bolsos.

Comparacoes - I

Um zoo no ocidente é como comer morangos no Inverno.

Dirty Harries

Nao sei bem como, mas fui parar a uma das várias Distribution Lists que nos populam as caixas de entradas, esta intitulada Trip Advisor. Hoje recebi um alerta chamado "Dirtiest Hotels of 2009". Eu, com a minha mente por vezes um pouco conspurcada (nao sei se será da idade ou de uma predisposicao, ainda tenho que descobrir...), pensei em algo mais juicy. Afinal nao, trata-se genuinamente de um guia para os turistas mais incautos sobre os 1001 hotéis onde nao dormir antes de morrer. O normal, tipo baratas em NY, instalacoes tipo na faixa de Gaza mas no Tenessee, enfim. Curioso o facto de só mencionar hoteis nos EUA, the land of dreams.

Dienstag, 24. Februar 2009

Viva Colónia forever...

Estou com ataques de revivalismo associados ao fim-de-semana mais tuga que tive nos últimos tempos. Sniff sniff, quero mais...
Para tornar tudo mais doce, ouvi hoje na rádio a mística "Je ne veux pas travailler" a caminho do emprego. Que lindo.

Mittwoch, 18. Februar 2009

A minha amiga Cyntia diz...

In the 1960s, people took acid to make the world weird. Now the world is weird, and people take Prozac to make it normal.

Último post de hoje

Pois que hoje vi na TV um spot publicitário interessantíssimo. E nao é que Israel aderiu à moda e decidiu presentear-nos, a nós, potenciais turistas do Ocidente, com imagens deslumbrantes do próprio país de forma a convencer-nos a por lá os pezinhos? Fenómeno normalérrimo no que toca a países como Egipto, Turquia ou Dubai (basta deixarem os vossos televisores por uns quantos minutos em sintonia com a CNN), porém jamais visto aliado ao tal país que anda constantemente na boca do mundo e frequentemente pelas razoes erradas. Pois é, se quiserem apanhar com o misselzinho inofensivo na cabeca para levar para casa como recuerdo, nao há melhor.
Nao consegui deixar de pensar num norte-americano que conheci há tempos, o Steve, que me mostrou a sua propaganda anti-israelita (até admira!). O que faz: Vai deixando papelinhos nos diversos produtos de supermercado com origem em Israel, apelando ao boicote da compra dos mesmos. Achei a ideia simpática. Coaduna-se com a minha estratégia pessoal ambientalista.

Dienstag, 17. Februar 2009

CUT!

A propósito do post do artur, fiquei muito inquieta. Entao mas anda tudo alienado? Mas a que ponto chegou a democracia portuguesa?
O que faz notícia hoje em dia deixa-me deveras alarmada, sao os sinais que se devem entender nas entrelinhas: O massacre genocídico dos Khmer (ok, uma análise histórica), os 3.000 postos de trabalho que a Chrysler vai cortar para chegar aos milhoes do Obama, a legitimacao do acto de expropriacao de um dos principais bancos alemaes (sim, um BANCO) por parte do governo de coligacao, a alteracao do clima e as catástrofes naturais, os bónus dos banqueiros (e nao bancários), a perda de liberdade em Portugal, a modificacao constitucional na Colombia, o número de obesos, o desaparecimento da classe média na Europa... Nao dá mesmo vontade de andar por aqui.
Um amigo meu decidiu deixar de ler notícias, cortou-se do mundo, no entanto mantém o bom humor.

Um bocado farta...

Uma política germanica recém-formada transforma a sua luta pessoal em campanhas anti-droga e, por falta de tolerancia, a meu ver totalmente fascistas (e olhem que eu deixei de fumar há tres anos...); o ímpeto será aumentar os impostos sobre o álcool e o tabaco, isto sem que alguma vez tenha sentido na pele o verdadeiro estádio de embriaguez (que tótó, morrer assim tao inculta nao está minimamente "in"); ainda por cima nao o defende em prol das receitas do Estado - hoje em dia tao concorridas para apoiar as empresas em bancarrota (oh que auto-suficientes que elas estao!) -, mas por pura conviccao, já que nao os pode proibir. Com 33 aninhos e tao puritana que ela é...
Com tantos problemas por este mundo fora e esta cidada a lutar contra moinhos de vento. Muito bem, alguém tem que o fazer. Mas porque deixarmos de ser autónomos nas nossas escolhas?
Por este prisma também poderá lutar a favor do aumento de impostos sobre bens de luxo do tipo malas da Valentino ou fatinhos da Chanel, que custam à peca 10 vezes mais do que o salário mínimo alemao, e de qualidade "made in Bangladesh". Pague quem possa.
Sinceramente, já nao há paciencia para tanta hipocrisia.

Contagem

Atingi os 100 primos. Já daria para formar uma aldeia.

Síndrome das segundas...

... e já vamos na terca...

Sonntag, 15. Februar 2009

And I feel like I just got home

Há músicas daquelas. Sabes, as que tens mesmo vontade de ouvir a altos berros às quatro e tal da matina, que te lembram tanto e tao pouco, que te deixam louca e com vontade de ser e sentir. Ray of Light da nossa Madonna é uma delas. Quicker than a ray of light. Viva Sao Paulo, viva a loucura, viva nós, viva a vida!

Donnerstag, 12. Februar 2009

A forma portuguesa de contar ovelhas

Hoje de manha decidi contar quantos primos, directos e de segundo, terceiro, quarto graus, tenho. Uma contagem preliminar deu 84. Foi o momento em que decidi comecar a construir a minha árvore genealógica.

Dienstag, 10. Februar 2009

Palavras com emocoes

A Andorinha pesquisa as nossas diferencas culturais dentro do próprio país. Incrível como a linguagem pode ser tao diferente num país tao pequenino.
Lembrei-me da palavra "gazeado", muito comum na parte sul do nosso Portugalito. Esta palavra quer dizer "doido", "sem sentido", "fora de si". Segundo a minha família, de origem algarvia, pelos menos parcialmente, esta palavra tem a sua explicacao nas camaras de gás nazis, onde as pessoas foram "gazeadas"... Tenebroso, nao?

Freitag, 6. Februar 2009

Constancias

Com o passar dos anos, posso dizer que a verdadeira e única constancia na minha vida tem sido o conflito israelo-palestiniano.

Donnerstag, 5. Februar 2009

KÖLLE ALAAF!

Nao, nao é a minha casa e sim um apartamento de férias que acabei de alugar. E para que fim, perguntam os mais curiosos? Para celebrar o fastio dos fastios, o jejum dos jejuns, o crucificado mais famoso da história, a denúncia de Judas, o amigo Charlie, enfim, tudo o que nos caracteriza de forma mais profunda. Vamos celebrar o Carnaval. Em Colónia! E com muito portuga! Já ouco as multidoes a gritarem a pulmoes abertos "Kölle Alaaf*", enlouquecidas pela falta de regras e muito álcool. Há quem prefira trocar Kölle (Colónia para os entendidos) por Maastricht ou outro sítio qualquer nesses dias, desde que sem Carnaval de multidoes. Eu ainda nao experimentei a sensacao do que é ver alemaes sem inibicoes nas ruas, ou transformam-se todos em latinos ou sao mesmo aves raras. Estou pa ver...
Esta foto é o antes. Vamos ver o depois...
*A "Kölle Alaaf" atribuem-se vários significados, inicialmente tratava-se de uma incentivacao ao ritual de esvaziar o copo, que muito bem se pode adaptar aos dias de hoje.

Dienstag, 3. Februar 2009

A good question...

A propósito do relato da Undutchablegirl em relacao aos inúmeros parques de diversao existentes no país da soca aqui ao lado, supostamente preparadíssimos para o seu uso por criancas, lembrei-me do primeiro comboio que apanhei de Luton até St. Pancras (que, para os London-leigos como eu, se trata da antiga estacao central londrina conhecida anteriormente como King's Cross - esta informacao privá-los-á de fazer figuras tristes perante um vendedor de bilhetes, ingles e carrancudo, muito pouco customer/tourist-oriented). Ao entrar na carruagem, quis sentar-me logo num dos vários lugares livres ao pé da porta. Reparei que o lugar alvo estava marcado como reservado a idosos e / ou deficientes. Levantei-me, com uma compreensao divina, a pensar quao atenciosos estes ingleses efectivamente sao, enchendo os meus pulmoes provinciais de ar civilizado, e dirigi-me ao próximo banco. A mesma coisa: reservado a idosos e / ou deficientes. Ergui-me de novo, já levantando os olhares suspeitos dos restantes poucos turistas no vagao. A fim de nao cometer o mesmo erro pela terceira vez, busco desesperada um banco "livre". Qual nao foi o meu espanto quando reparei que cerca de 90% dos lugares sentados estavam reservados para cidadaos dessa "categoria". Fiquei a pensar se tal gesto será:
1. Uma discriminacao muito pouco escondida;
2. Um resultado da quantidade de idosos e deficientes existentes no país;
3. Um cúmulo do civismo provocado;
4. Um apelo à falta de civismo de um povo que necessita de sinais e autocolantes nas paredes para levantar o rabo e dar lugar aos que mais necessitam.

Any idea?

London Impressions - 3 out of 1.000.000

Foto: Tate Modern

London Impressions - 2 out of 1.000.000


Foto: Scone, Tate, Tube and St. Paul's

London Impressions - 1 out of 1.000.000

Foto: South Bank

Uma ideia é imortal

Estou por casa nestes dias. Nao, nao por causa da neve que assola a Europa (os Londoners ou os Milaneses que o digam), mas por me ter deixado contagiar por um desses vírus igualmente irritantes que aparecem por estas bandas nos tempos invernosos. Nao se espera que seja algo de muito grave, mas que foi objecto de manchete num dos principais jornais semanais, ai isso é que foi. Nestas ocasioes tiro a barriga de misérias (como se dirá isto em alemao? Tenho que criar um dicionário de expressoes portugues-alemao...) e entrego-me ao cinema em casa. Confesso que durante os anos de adolescente nao fui grande cinéfila, por isso ando a recuperar os anos perdidos, coleccionando grandes clássicos como "The Great Dictator", "Manhattan", "Citizen Kane" ou "Harold and Maude". Assim, quando me declaram incapaz de ir trabalhar, dedico-me ao grande pequeno ecra. Passo horas no sofá, regozijando-me com grandes horas de prazer cinematográfico, numa tentativa exaustiva e quase desesperada de absorver o que o mundo tem para oferecer. Acabei de desligar a TV. V de Vendetta. Vinganca de sangue. V, o heroi do momento, cego por sentimentos de reVolta, Vinganca, paVor do presente distópico do futuro, sede de Vitória. Uma miscelanea de Conde de Monte Cristo (um dos meus símbolos da infancia) e Big Brother de 1984, Brazil ou Blade Runner, sem robotica, mas igualmente com muita escuridao. Um filme sobre o poder do poder, o poder do medo, a monstruosidade de um Estado, o Underdog. O que vive uma obessao pessoal e se martiriza em prol da correccao de um mundo que nao pode ser o ideal. Um plano perfeito, elaborado durante vinte anos de comisseracao e desejo de morte. Um filme perturbante - talvez hiperbolizado pelo uso de uma máscara - e quase subversivo, com sabor a Matrix, por várias razoes, e, portanto, deixando um sabor a mais.

QUOTE:
V: But on this most auspicious of nights, permit me then, in lieu of the more commonplace sobriquet, to suggest the character of this dramatis persona.
Voilà! In view, a humble vaudevillian veteran, cast vicariously as both victim and villain by the vicissitudes of Fate. This visage, no mere veneer of vanity, is a vestige of the vox populi, now vacant, vanished. However, this valorous visitation of a by-gone vexation, stands vivified and has vowed to vanquish these venal and virulent vermin van-guarding vice and vouchsafing the violently vicious and voracious violation of volition. [carves V into poster on wall] The only verdict is vengeance; a vendetta, held as a votive, not in vain, for the value and veracity of such shall one day vindicate the vigilant and the virtuous. Verily, this vichyssoise of verbiage veers most verbose, so let me simply add that it's my very good honor to meet you and you may call me V.

Freitag, 23. Januar 2009

Contrários

A Ecila nao recomenda o Benjamin Button. Achei a história interessante quando vi o trailer, mas ainda nao fui ao cinema ve-lo. Imaginei, se com a idade a sapiencia vai acumulando, será que se passa o mesmo quando é ao contrário, mas noutra ordem? Se os idosos por vezes parecem criancas, parecerao criancas idosos se o processo de crescimento for invertido?

O meu fim-de-semana vai ser passado em...

Diferencas culturais - parte II

Em Düsseldorf existe uma comunidade japonesa enorme. Segundo ouvi dizer e sem contar com o Japao, claro, será a segunda maior do mundo a seguir a Sao Paulo, Brasil, cidade que possui um bairro (o famoso Bairro da Liberdade) que mais se assemelha à China Town (ou, neste caso, Japanese Town) do que à favela. Durante esta semana esteve a decorrer o Festival Cinematográfico Japones. Optei por um filme intitulado "Surviver Style 5+". Cinco por se tratar de cinco histórias diversas e, porém, todas interligadas. À la "Babel" ou "Pulp Fiction". Uma mais bizarra que a outra.
1. Um tipo casado com uma morta-viva que volta sempre a casa após ter sido enterrada na floresta ao pé de casa; o tipo decide contratar um
2. Assassino profissional do UK (representado por Vinnie Jones), o qual, antes de concretizar o seu contrato, aborda as suas vítimas com uma das mais importantes questoes que alguma vez poderao ser levantadas "What is your function in life?"; Uma das vítimas é o hipnotisador da foto, personagem conhecida no Japao num show cheio de quitsch, companheiro lascivo de uma
3. Profissional de marketing e publicidade, em constante júbilo criativo e, por tal, sempre acompanhada com um gravador da Sony de forma a nao esquecer as suas ideias; por estar completamente farta do namorado, decide contratar o tal assassino, que aparece em pleno show do hipnotisador, morto em palco após ter transformado
4. Um pai de família num pássaro; Após tal episódio e várias idas ao médico, a família conclui que nao haverá nada a fazer, o homem nao volta ao estádio normal, sendo invadido por ataques de panico cada vez que a esposa cozinha frango para o jantar; o filho mais novo é o mais sábio do filme pois apercebe-se que nada permanece igual e cada um tem que lidar com uma nova situacao da melhor forma possível, decidindo ensinar ao pai-ave como rolar de um monte abaixo, sob os olhos de
5. Um grupo de tres rapazes que decidem assaltar a casa da família para jogar cartas, dando um deles, com dentes absolutamente incertos e esburacados, a ideia de estar completamente apaixonado pelo "J", o mais bem-parecido do grupo. Numa outra altura do filme, estao os tres na sauna e cruzam-se com o assassino britanico, que chama "paneleiro" ao dentuca e decide bater-lhe por este o ter incomodado na sauna; o amigo "J" decide defender o amigo e é apunhalado; no calor da discussao vem-se a concluir que afinal o "J" também é gay, porém ficou agarrado a uma cadeira de rodas em resultado do acidente com o assassino.
O filme tem cenas hilariantes, totalmente a fugir de qualquer mainstream da grande e poderosa indústria de Hollywood. Recomenda-se.

Foto: Tirada daqui.

Dienstag, 20. Januar 2009

Guias turísticos

Eu passei pelo mesmo martírio que a Mol quando cheguei à Alemanha e reparei que em quase nenhuma casa se encontra um bidé. Questionei os aborígenas, quis saber porque tal objecto nao faz parte da decoracao normal numa casa-de-banho alema. Retorquiram que o bidé é sinal de luxo, hoje em dia ninguém tem espaco para tal coisa "inútil". Imaginem o que foi explicar tal (des)hábito aos "bidedependentes*" portugueses que me vieram visitar desde tal descoberta extraordinária. Tal informacao nao consta em nenhum guia turístico!! Aliás, nao entendo porque tais aspectos nao merecem uma referencia em lado nenhum, apesar de representarem diferencas culturais importantes. Os bidés brasileiros, por exemplo, oferecem um jacto de baixo para cima (e nao o contrário). Eu digo, se nao fosse tao importante tal coisa, ninguém se teria lembrado de representar a Bulgária como um WC.

* Retirado do Dicionário Portugues-MOL-Portugues

Samstag, 17. Januar 2009

O Algarve - I

O amanhecer

Portugues desaparecido em Berlim

Afonso desapareceu sem deixar um mínimo rasto. Estagiário do ICEP em terras alemas, saiu de uma discoteca em Berlim, cidade onde reside, a altas horas da madrugada e nunca chegou a casa. Aqui o blog com as fotos. Nao sei em que sentido posso ajudar, mais que a polícia nao posso fazer, mas quica divulgar ajude... Este desaparecimento tocou-me.

Freitag, 16. Januar 2009

Actividade de fim-de-semana

Indago. Porque será que a blogosfera tem muito menos movimento durante o fds? Eu tenho muito mais tempo para pensar durante esses dois santos dias, isso se nao andar por aí... O que irá acontecer regularmente (espera-se) durante este ano novo (já lá vao tres semanas). Próxima paragem daqui a uma semana: London Town. A ver se consigo um blind date com o Matt Johnson.

Donnerstag, 15. Januar 2009

A Europa de David Cerny

Alguém andou a jogar na roleta e perdeu.
Apostou no sentido de humor dos europeus.
Além de se ter passado por 27 artistas, David Cerny tomou a sua própria decisao sobre o que mais caracteriza um país. A EU à checo.
Alemanha: Auto-estrada em forma de suástica;
Franca: Greve Geral;
Suécia: Um cartao do Ikea;
Espanha: Um aglomerado de betao com um camiao (ou bomba?);
Itália: Um completo campo de futebol;
Roménia: Sob a égide do Conde;
Bulgária: Uma sanita (daquelas antigas, onde se fica de pé);
Dinamarca: País de Lego;
Holanda: País inundado e invadido por minaretes;
GB: Ausente (sinal de Europaismo...)
Mais aqui.

Ainda ando à procura do simbolismo Portugal, ninguém fala no assunto...


Sonntag, 11. Januar 2009

Como perder o controlo das próprias emocoes

Dormir = 8 horas
Trabalhar = 8 horas
Preparar-se para o trabalho = 30 minutos
Deslocar-se para ir trabalhar = 1 hora
Refeicoes = 1 hora

Restam 5,5 horas do dia.
Tirando duas horas extra no emprego (a assumir) = 3,5 horas.

Agora digam-me como conseguir ter um hobby, tempo para pensar, oportunidade para comprar o que comer, ler vinte páginas de um livro, escrever posts, andar a par das notícias via TV, jornais e internet, formar / formular opinioes, ir ao ginásio, encontrar amigos, telefonar aos amigos, escrever aos amigos, telefonar à família, escrever à família, consultar as cinco networks, planear as férias, ... SEM ENTRAR EM PARAFUSO??

Crencas

A publicacao cibernética Edge lanca desde há uma série de anos um conjunto de questoes à comunidade científica, normalmente de teor existencial, evolucionista ou puramente científico. À pergunta "Em que acreditas sem que o consigas provar?" houve respostas numerosas do género "a única coisa que existe é a consciencia, o resto que se conhece trata-se apenas de um ambiente de trabalho qual PC composto por links e icons que simplifica a realidade por detrás, essa muito mais complexa do que o que se pode vislumbrar" ou "desilusao e traicao sao mecanismos de equilíbrio que limitam o que cada indivíduo pode alcancar".
Eu acredito que Deus nao existe. E que o conflito na faixa de Gaza (alguém sabe como e porque realmente comecou?) nao tem nada a ver com esse Deus.
Um cientista acredita que a moral humana se desenvolveu nos últimos anos e que a direccao seguida só pode ser a correcta. À luz dos acontecimentos dos últimos meses, duvido muiiiito.

Montag, 5. Januar 2009

Aberracoes da Natureza?

Digam lá se esta maca da China nao é tao gira?*

*Está é um pouco fora do prazo. Decidi nao comprar, ouvi dizer que as águas por aquelas bandas estao um pouco contaminadas...

O tempo - parte II





O tempo por aqui