Sonntag, 31. August 2008

Sequencias

Os alemaes conhecem primeiro e só depois decidem se abrem os bracos ou nao. Os portugueses abracam primeiro e conhecem depois.

Samstag, 30. August 2008

Longitudes

Será que a causa para a qual os portugueses serem intragáveis na estrada é o síndroma do sempre atrasado? Mais uma vez sofri aquela relutancia em comparar o povo portugues ao italiano do sul, que encara semáforos e sinais de transito como meras sugestoes. Mas é o que aparenta, principalmente em estradas nacionais secundárias, carregadas de limites de velocidade 30, 40 e 50. Como a maior parte das pessoas anda atrasada (nestas minhas férias havia sido marcado um jantar para as 20:30 horas, chegámos às 21:15 horas ao restaurante...), nao há tempo a perder, acelera-se. Alguém que cumpra esses limites constitui uma chatice, um obstáculo a ultrapassar o quanto antes.
Uma medida a tomar seria criar uma zona temporal intermédia para Portugal (tipo GMT - 30 minutos), pelo menos a nível internacional poderámos pontuar. Digo isto porque assisti a uma conversa de um anfitriao num hotel, o qual marca um encontro com turistas britanicos para o dia seguinte precisamente às horas de início de uma reuniao marcada na empresa. Os turistas, aparentemente confusos, indagaram "Entao mas essa é a hora à qual a reuniao deverá comecar!...", comentário ao qual o cicerone retorquiu "Ah, nao faz mal, eles jamais chegam a horas. E se sim, esperam."

Freitag, 29. August 2008

Hospedeiros no ar

Ontem flirtei ao desbarato com um hospedeiro de ar, que era tao delicioso quanto gay. Um verdadeiro pedaco, que me olhou lascivamente aquando do meu piroto pela sua pronúncia ao proferir "obrigado" ao altifalante. Fiquei a imaginar as suas orgias nos bancos do aviao após a aterragem com os outros dois que formavam a equipa, um dos quais se havia posto a dancar como se estivesse num bar do Bairro Alto antes de mencionar as medidas de seguranca. Autentico deleite. Após aterrarmos, houve aplausos e até assobios. Eu fiquei a ponderar porque razao nós, elementos do sexo feminino, teremos a mania de achar homens homo um desperdício, afinal todos os seres humanos terao direito à apreciacao de beleza.

Aterrissagens

Estou de pés em terra. Acordei. Hoje é a Alemanha que me envolve. Acho que choveu, cheira-me a humidade. As páginas do livro vao sendo folheadas, pouco a pouco. Estou em minha casa, nestas quatro paredes. O que vejo e sinto lá fora nao é meu, é só emprestado. Nao sei quando o devolverei...

Mittwoch, 27. August 2008

A consulta aberta

Ontém tive o privilégio de passar pelos bancos de uma chamada "Consulta Aberta". O meu pé desatou a inchar após uma picada de melga portuguesa, muito sadia a melga, mais ainda a alergia que criei. Estou cada vez mais exagerada nas minhas reacções cutâneas, isto deve ser da idade. Como o efeito não passava, tomei a decisão de ir até ao hospital. Fiquei à espera durante 30 minutos que a pessoa que atendia me passasse cartão. Foi mais importante para o desempenho do seu trabalho trocar cinco dedos de conversa com os pacientes que já estavam a ser atendidos, de forma a ficar a par da quantidade de irmãos que a pessoa em questão tinha. Senti-me logo muito lisonjeada. Após esse tempo ter passado, eu com jantar marcado e a pele anteriormente torcida por uma hidromassagem Thalasso muito relaxante, estava eu uma pilha de nervos, estado que me anulou a calma quase por completo. A tal senhora regressou ao seu posto de trabalho, muito baralhada, deduzindo que afinal já me tinha atendido, ou se calhar não, mas eu tinha ido embora, não foi? Imagino que as informaçãos em relação ao espectro familiar da outra pessoa tenham ocupado o seu espaço cerebral da memória. Lá iniciou o meu processo. Ao questionar a minha morada alemã, dirigiu-se a mim com um "TU" característico de uma amiga de infância. Não sei se o caso será para elogios (enfim, aparenterei uma idade tenra, desejo pressupor) ou mais para choros, tal a falta de formação, afinal nós não andámos na escola nem fomos para a noite juntas. Algum tempo volvido (mais uns 15 minutos), entrei. A primeira coisa que a médica fez foi voltar as atenções para o marido de uma paciente, que já estava a soro, com a curiosidade laboral de uma especialista, afinal ela tinha de estar ao corrente de tudo o que ocorria na unidade hospitalar. Eu que esperasse, afinal já lá estava há tanto tempo. Segundo comentário: Nunca mais chega a meia-noite, já estou aqui desde as oito da manhã.
Fiquei então a saber que estava a ser assistida por um profissional com 12 horas de hospital no coiro e mais 4 para vir. Não aumentou muito a minha confiança na infra-estrutura de saúde.
Levei uma injeção numa veia que me rebentaram, mas recebi umas festas amáveis e carinhosas no braço condoído e fiquei a saber que o vestido que trazia tinha um padrão que já se tinha usado havia 30 anos.
Foram as impressões que decidi partilhar neste blog.

Montag, 25. August 2008

Trocos

Portugal é o país do "Tem trocado?". Se a soma das compras nao constituir um número redondo, a pergunta da caixa é quase inevitável. Perde-se tempo à procura das respectivas moedas em espaços exíguos como o porta-moedas, confere-se a face da moeda pois estas do Euro não sao providas de uma grande personalidade (a tonalidade dourada é igual, a dimensão confunde-se), verifica-se se o montante é mesmo o desejado, e aniquila-se a dívida. O consumidor assume o papel de banqueiro, com pouca especialização e reduzida prática. Nisto passaram dois minutos.
A escassez dos trocos nas caixas portuguesas tornou-se um problema crónico, ameaça representar um sinal de preguiça aguda por parte dos comerciantes.
Pense-se na receita do sucesso de supermercados como o Aldi, que garante rapidez e eficiência de recursos precisamente por o processo de pagamento ser tão veloz. As filas são limitadas no tempo pois o pessoal da caixa já está a preparar os trocos antes de ter as notas na mão. O segredo é simples: Se a soma for EUR 16,99, o troco já é preparado até EUR 20,00, depois acrescentam-se as restantes notas. Eficaz e calculista.
Entretanto eu em Portugal já nao aguardo a pergunta, preparo logo as moedas para evitar o "Tens 20 cêntimos?". Quando regresso à Alemanha, carrego o mesmo hábito para ser olhada com minúcia e curiosidade, qual extra-terrestre.

Freitag, 22. August 2008

Esquecimentos

Já estou tao habituada à falta de acentos que me esqueço do til e da cedilha (eventualmente) quando estou a teclar em Portugal. O anormal tornou-se a regularidade.

Perspectiva mais optimista

... Ou então o meu primeiro buquet de rosas...

E se de repente um conhecido te oferecesse flores?

E se esse conhecido fosse por acaso o teu namorado?

E se tudo tivesse acontecido no dia do teu aniversário?

Sinais de falta de inspiração para um presente um pouco mais original...

Samstag, 16. August 2008

Passagem

Foto: Aeroporto AMS

Ai Portugal, Portugal...

Amanha às 8:30 da madrugada pisarei solo portugues.

Informacoes de cabeleireira

Hoje fiquei a saber que a minha testa é demasiado curta para um verdadeiro bop.

Dienstag, 12. August 2008

Sábado foi dia de festa

Mais um casamento que se celebrou. Uns amigos decidiram casar na Tailandia. A maior parte de nós irá pensar que os acontecimentos se sucedem ao ritmo de Las Vegas, mas enganem-se os mais incautos. Para casar nesse país que se conhece tao exótico há que envolver as autoridades. A embaixada tem de consumar o matrimónio. Papeladas e burocracias, a decisao nao pode ser assim tao espontanea. Nao admira que a modalidade nao seja tao conhecida como a instaurada no deserto das américas.
De qualquer forma, o dia do casório desenrolou-se e, segundo o casal de cucos, o ritual nao foi assim tao comtemplado pela formalidade. O oficial de justica que se apresentou ao dever por volta do meio-dia rondava os 18 aninhos e tresandava a water of life, aparentemente de grande tradicao nao só, pasme-se, na Escócia, mas também no território tailandes. A cerimónia nao teve nada de romantico, o pessoal juntou-se a uma mesa de café, assinou uns documentos e... já está. Como nao havia nada programado como lua-de-mel imediata (além do local paradisíaco onde se encontravam...), o moco, enternecido pelos turistas alemaes recém-liados aos olhos do monarca, sim porque o Buda nao teve nada a ver com o acontecimento, decidiu convidá-los a almocar no restaurante do irmao, oficial das Forcas Armadas tailandeses, com garantias e privilégios do tipo acesso ilimitado a marijuana.
Por volta das cinco da tarde, os meus amigos renderam-se à pureza da contemplacao e passaram as últimas horas de luminosidade desse dia tao especial sentados na areia, embriagados que nem um cacho, a curtir o por-do-sol numa dimensao diferente.

PS: O acesso à erva foi confirmado.

ipso facto

Nao admira, entao, que ande toda a gente com a concavidade nos lábios...
Ou, em linguagem mais universal:

:P

Entretenimentos

Por vezes nao tenho vontade de ler, ao final do dia sou invadida por uma apetencia por distraccoes fáceis, grandes ataques de preguicite aguda em estado muito avancado.
Nestas alturas ponho a TV em dia. Descobri há tempos um canal privado de TV de seu nome N24. N de Notícias.
Para além de repetirem as mesmas reportagens horas e horas seguidas (o que se revela bastante promissor já que outros canais fazem precisamente o mesmo com filmes, que passam em horários nobres e das 2 às 4 da madrugada, para o caso de haver alguém que tenha perdido a estreia ou nao tenha ainda feito o download na net...), possuem o hábito de escolher temas que vao dar sempre ao mesmo: Catástrofe. Esta palavra define a opiniao pública da presente década e é utilizada para todos os efeitos possíveis e imaginários:
- Tsunami - ok
- Temperaturas abaixo dos 20 graus em pleno Verao - ok
- Crise no Cáucaso - ok
- Queda menor de um atleta durante os Jogos Olímpicos - questionável
- Ataque latente de Hackers esperado para os próximos tempos - muito questionável
- Revisoes da conjuntura - demasiado cedo

Especulacoes sobre quedas de meteoritos preenchem grande parte da grelha televisiva.
Existe mesmo uma seccao "Katastrophe" de notícias na versao alema do Yahoo.

O estado da catástrofe permanente, como Walter Benjamin o terá definido, vive-se no dia-a-dia alemao.

Hoje, 20:59

Dia Dourado.
Fulminante.
Radiante.
Soberania.

Os Alemaes sao mesmo de extremos.

Nota: Isto a propósito da participacao alema nos Jogos Olímpicos.

Hoje, 6:59 da matina

Catástrofe.
Desgraca.
Desastre.
Desilusao.

Biased...

Afinal nao foi a Rússia... Estamos condenados a formar opinioes baseadas em artigos e relatos parciais, influenciados por poderes hegemónicos e ditaduras da mal-informacao.
Assim nao vale...

Montag, 11. August 2008

Cenários actuais*

E se, de repente, a Espanha decidisse invadir Portugal com a conviccao de que os nossos governantes nao serao os mais apropriados para o nosso país, ainda por cima imparáveis pela maioria absoluta?
Num abrir e fechar de olhos teríamos os tanques espanhoques a passear-se pelas avenidas portistas, a tomar cimbalinos nos cafés ao som de sevilhanas (a importar, claro está). A comunidade internacional, estarrecida, ofereceria conferencias de imprensa do género "Claro está, Portugal é um país soberano, há que parar com esta invasao ilegítima". Tipo pedintes. Às quais o monarca espanhol reagiria com um categórico "?por que no te callas?"
A Espanha continuaria a destruicao, até chegar ao Algarve. Milhares de desalojados ou refugiados emigrariam para os Acores ou Madeira (para onde mais?).
Isto por dias e dias e dias.
Engasgo, fracasso, impotencia.

*Isto nao vai acontecer, nao temos petróleo ou portos de exportacao de gás natural.

Sonntag, 3. August 2008

Tempestades de Jun(h)o

Com um picolo atraso, raporto aqui uma tempestade do dia 22 do mes de Verao. A primeira vez que realmente me senti absolutamente incapaz de fazer frente às forcas da Natureza. O sol resplandecia, quando repentinamente o céu se vestiu de cinzento escuro, o vento se tornou a forca musical ao som da qual as árvores se balancavam violentamente, as aves deixaram de chilrear e desapareceram o resto da tarde. Nao choveu, antes a Natura presenteou-nos com autenticos pedregulhos, qual uma guerra de gangs rivais no meio da rua. Jamais havia presenciado uma tal ameaca. Inesquecível o ruído das bátegas nas protectoras telhas por cima das nossas cabecas. A casa bandeava, quase dancava adaptando-se à matéria eólica. As janelas do apartamento abriram-se com a veemencia do vento, as pedras, grandes como bugalhos, espalharam-se rapidamente por todas as superfícies em aberto. Um hóspede nao convidado.
Apercebi-me da nossa pequenez, tarde, porém convintamente.

O Reno

Celebracao de tudo e todos

Ontem estive numa festa de um conhecido de um amigo, o M.. Inicialmente nao fazia a mínima das ideias a que motivo se devia a celebracao (estou pronta para herdar a nacionalidade alema, já que procuro razoes para tudo e só rio quando há indubitavelmente motivo para tal...). Após indagar juntos dos convidados mais bem informados, fiquei a saber que a festa tinha como objectivo celebrar um aniversário, um casamento espontaneo em Las Vegas, a compra de uma casa geminada com um jardim enorme e o nascimento de um rebento. Entrei na mesma ocasiao com um sabor já a vida passada, a início do fim, como se houvesse uma latente corrida contra o tempo sobre a qual poucos ousam conversar. Senti-me, confesso, vitoriosa, precisamente por nao me deixar colocar sob pressao e nao me render às evidencias de uma check list de vivencias e eventos. Porém, ao olhar em redor, fui involvida por um sentimento de misplacement, de nao pertenca, de anti-terrestre. Apeteceu-me gritar, vociferar o que me ia na alma, destruir as plantas e árvores cuidadosamente posicionadas numa criada ordem pouco natural das coisas. Porém, como elemento civilizado, apaguei por completo as emocoes negativas associadas a um passar do tempo pré-determinado. A festa decorreu sem incidentes, espontaneidades ou loucuras, tal qual como a vida celebrada de M..