Com a queda do Muro em 1989, Maik passou para o outro lado, finalmente o acesso à Coca Cola e ao automóvel VW vermelho estava garantido. Até aí Maik bebia Capri e viajava até à fronteira com a Polónia de férias com os seus pais no seu Trabant azul-bebé amachucado. Levava consigo bandas desenhadas da própria DDR ou da Checoslóvaquia na mala, para se entreter entre os momentos mortos na praia da costa do Mar Báltico entre comunidades FKK (Freie Körper Kultur ou, em portugues, grupos de nudistas). Sonhava entre linhas com a vida no oeste, onde se podia circular sem problemas ou medos de alguém estar a vigiar os proprios passos. Berlim seria a cidade onde construiria vida com a sua Peggy, Mandy ou Cindy.
Muitos anos volvidos encontramos Maik numa praca principal de Berlim, Alexanderplatz. A vender salsichas por um Euro a estranhos que atafulham o recém-inaugurado Media Markt, com sede de televisores de 80.000 Euros ou DVD a precos da chuva. A verdadeira libertacao do capitalismo, ali, mesmo em baixo do seu guarda-chuva.O pior nao é o calor do vapor da salsicha, mas o cheiro ao final do dia, empregnado em cada milímetro dos seus poros. Este bedum que nao sai das narinas e que contaminou já as papilas gustativas.
Um sonho que se tornou realidade, apesar da realidade nao corresponder àquela sonhada.
Quantas vezes se repetirá a história de Maik?

2 Kommentare:
Gostei muito.
ó quantas vezes se repete a história!
Kommentar veröffentlichen