Hoje é domingo, o dia das arrumacoes, bastante necessárias após tantos dias de preguica aguda e cura de desintoxicacao derivada dos festejos de Natal e Ano Novo. A mala das férias, qual objecto constante de decoracao interior, ainda estava por desfazer, escancarada no chao do quarto. Arregacei as mangas, dediquei-me de corpo e alma à tarefa dura de escolher, dobrar, cheirar, separar, por a lavar, etc. Como antevia, até estar tudo concluído passaram-se umas boas horas. Pareceu-me uma boa alternativa, o tempo lá fora nao estava deveras convidativo para um passeio domingueiro, a neve foi caindo lentamente e cobrindo superfícies com o seu manto branco. Durante as arrumacoes decidi acender a TV de forma a ser acompanhada por um pouco de música. Como nao apanho a MTV, optei pela VIVA. O que vi deixou-me desolada, repleta por um sentimento de pena pelos adolescentes de hoje. No ar estava um programa "as melhores músicas dos últimos 25 anos" (a pensar que a maior parte dos espectadores ainda nao era nascida no início da contagem, pergunto-me como a música "Take on me" dos A-Ha de 1985 foi parar ao top 10), por vezes (umas 2 em cada 15 minutos) interropido por pausas publicitárias. Nao estou segura do que me decepcionou mais, se o teor qualitativo dos comentários dos apresentadores, que, à falta de melhor, usavam expressoes equiparadas ao nosso "coisa e tal" portugues, o facto de Tokio Hotel ocupar o lugar cimeiro da contagem, seguida por Celine Dion com a música do Titanic (filme que jamais vi) e uma cantora qualquer norte-americana (penso eu), da qual nao me recordo o nome, que canta - originalíssima - como gostou de ter beijado uma miúda (refrao "I kissed a girl, I liked it"), ou entao o carácter absolutamente desinteressante da publicidade que ia passando. A maior parte dos anúncios fazia alusao a músicas, das quais se poderia fazer um "download" (como se diz isto em portugues?) mandando umas quantas SMS para um número demasiado custoso, a melhor delas sendo uma melodia em alemao propagandeando "gosto de ti, apesar de seres uma merda" (acreditem, estou a traduzir à letra, sem censuras). Existia ainda outra possibilidade de queimar a mesada dos pais escrevendo uma SMS para um outro número, igualmente com custos elevadíssimos, sobre questoes importantes como "terá a vida sentido?" ou "engordei um quilo, será que ultrapassei o meu peso ideal?" ou entao "deverao mulheres ter pelos nas partes íntimas?", enfim, tudo o que sempre se desejou saber e jamais alguém clarificou.
Pois tive muita pena de nao ter apanhado o programa desde o início, principalmente porque conseguiu fugir a todos os estereotipos de edicoes do género, nas quais se esperaria nomes do tipo Madonna ou Michael Jackson a ocupar o primeiro lugar.
Seguiu-se "America's Next Top Model", bastante elucidativo e pedagógico, sobre as cinco finalistas, uma mais superficial e horripilante que a seguinte. O meu drama durou até ao momento no qual finalmente encontrei o comando da TV, esse escondido o tempo todo debaixo da pilha de vestidos que tinha para pendurar.
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1 Kommentar:
Mandei uma boa gargalhada!
Mas tu achas que é só aí? Experimenta um episodiozinho dos Morangos com Açúcar!
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