Montag, 2. März 2009

Estórias omitidas

O facto de viver na Alemanha tem vindo a contribuir para um aumento generalizado da minha cultura , especificamente, tudo o que toca ao Drittes Reich, a Hitler ou aos Judeus. O estigma do passado sente-se como algo muito marcante (mal pareceria...) no que se diz (palavras como "Endlösung", "Autobahn" ou "Konzentrationslager" permanecem tabu) , sobre quem se diz (Judeus ou Israelitas merecem um tratamento mais especial e, por isso, discriminatório), no que se ve (reportagens sem fim sobre Wehrmacht, grande sucesso de filmes como "Valquiria" ou "The reader", ) e le (mil e uma biografias sobre o cidadao austríaco a encherem as prateleiras das livrarias, um novo jornal sobre a imprensa nos tempos entre 1933 e 1945, lancamento polémico por parte de um jornalista britanico que pretende demonstrar o poder manipulativo do Sr. Goebbels sobre os cidadaos na altura). Como tal, um qualquer episódio associado a essa época nao passa despercebido.
A importancia do passado e o relativismo do mesmo tornaram-se de tal forma fundamentais que mesmo empresas como a Thyssen Krupp, a BMW ou a Schaeffler, com nomes de família possantes como Krupp, Quandt ou Schaeffler, autonomamente presentes no mercado mundial e com um historial invejável de sucesso, optaram por contratar historiadores de forma a re-escrever o passado das suas epopeias históricas. Isto porque as mesmas foram grandes apoiantes do III Reich, o que terá contruibuído para o sucesso das próprias sobre o qual hoje nao se fala.
Durante o fim-de-semana veio à tona o facto de a Schaeffler, hoje grande fornecedor da indústria automóvel e, como tal, próxima da bancarrota, presente na década de 40 com uma fábrica próxima de Auschwitz, ter provavelmente usado cabelos judaicos provenientes desse campo de concentracao para produzir tapetes.
Imagino qual a sensacao dos detentores de tapecaria oriunda dessa empresa ao pisar o chao dos seus apartamentos, agora que sabem o que realmente compraram.
A Schaeffler pediu ao Estado alemao ajuda em vários milhoes de euros. A sua CEO, Sra. Schaeffler, apresentava-se de casaco de peles. Vá lá nao ser um tapete. E daí...

2 Kommentare:

ecila hat gesagt…

A pedir ajuda ao governo vestida com casaco de peles? há pessoal com muita lata... e falta de gosto. Se nao fosse pelos trabalhadores (que nao têm culpa) diria que estava na altura de pagar os erros do passado (e do presente, que isto de casacos de pele hoje em dia nao dá para virar a cara). Muito bom post, adorei!

Andorinha hat gesagt…

Só de pensar em tapetes de cabelos ia vomitando. Mesmo.
Ir pedir de casaco de peles é no mínimo, pouco hipócrita, mesmo assim...ia vomitando.