Montag, 19. Oktober 2009

The state of fashion

Foto: Minha, tirada numa tarde de shopping em Duesseldorf

Choices, choices

Há estudos que defendem que o grau de satisfacao ou, chamemos-lhe, felicidade da mulher ocidental nunca foi tao baixo como actualmente. Nao me surpreende, hoje exercemos com liberdade o direito da escolha.

Cartas para uma vasta audiencia

Passatempos com história. O escritor britanico Shaun Usher dedica-se no seu blog Letters of Note à publicacao de cartas que merecem uma maior atencao. No seu espólio podemos encontrar correspondencia de figuras tao ilustres como Ghandi, T.S. Elliot ou Winston Churchill.
Interessante viagem vouyeur de regresso a um tempo em que cartas ainda eram cuidadosamente redigidas, respeitando formas e regras gramaticais, sem abreviaturas ou dominancia de letras minúsculas, sem smileys desajeitados, mas com pontuacao e espaco para a imaginacao do que poderá ser interpretado como ironia, felicidade ou tristeza. Cartas que demoravam por vezes meses a atingir o destino, outras tantas semanas a ser respondidas, a par e passo com um dia-a-dia menos sofrego.

Esta descoberta fez-me recordar as tardes passadas em cafés de cidade, principalmente em dias invernosos, de pouca luz e baixas temperaturas. Aos domingos enchia-me de coragem, revolvia o armário em busca do aparato de Inverno, adquirido posteriormente após ter imigrado para este país onde as estacoes do ano nao sao um mito, protegia-me com camadas de roupa qual ceboláceo, e punha-me a caminho à procura de um local recondito, aconchegante, solitário, onde pudesse libertar a alma por via das palavras. O burburinho de um café auxiliava-me na tarefa, assim como o odor quente e adocicado a café e acompanhantes. As horas volviam, as páginas enchiam-se, os cigarros iam ocupando espaco no cinzeiro. Momentos de libertacao. Enchia-me de regozijo a caminho de casa, e bem mais leve. Agora, quase nao reconheco a minha caligrafia.

Donnerstag, 15. Oktober 2009

A terceira solucao

Um reconhecimento de uma solucao alternativa à completa privatizacao ou à completa colectivizacao dos recursos comuns defende a Prémio Nobel da Economia, Elinor Ostrom.

"Ostrom tem trabalhado essencialmente na terceira solução: mecanismos de auto-regulação dos comuns que, se bem sucedidos, permitem conciliar a eficiência com a justiça distributiva. Através de variados trabalhos empíricos sobre sistemas de irrigação e outros bens colectivos, Ostrom concluiu que a probabilidade de sucesso no desenvolvimento de instituições que promovam a gestão colectiva e auto-regulada de um recurso é maior se os agentes partilharem normas de reciprocidade e confiança mútua, se não houver grandes desigualdades na situação económica dos agentes, se os custos de monitorização e sancionamento de comportamentos desviantes em relação às regras consensualizadas for baixo. O papel do Estado será aqui diminuto e será apenas complementar na implementação de sanções para aqueles que não cumpram com as regras de utilização do recurso comum."

In e.economia.info


Um novo paradigma para a vivencia em equilíbrio? Talvez. O primeiro passo foi dado com a atribuicao do Prémio Nobel. Quantos anos decorrerao até ao desenvolvimento de um enquadramento real? A saber...

Dienstag, 13. Oktober 2009

Antecipacoes por adiamentos

Hoje antecipo um dia em grande: à noite espera-me uma sessao de leitura pela voz da própria Prémio Nobel da Literatura, Herta Müller, aqui, em Essen. Chego ao cinema onde iria decorrer o serao - o Lichtburg, um dos cinemas mais antigos e emblemáticos da Alemanha -, apercebo-me de um burburinho incomodativo dos presentes. Ao longe, vejo um letreiro com letras a vermelho, que normalmente nao avizinham nada de bom. Choque: A leitura foi cancelada por motivos de saúde da escritora. Por intermédio de uma porta-voz da comissao organizadora, que mais parecia uma organizacao de apoio a almas carenciadas, vim a saber que "a Frau Mueller bem tentou comparecer, mas o vómito impediu-a de se manter de pé" (traducao literal do que foi proferido).
A ida à cidade nesta noite de enregelar serviu para enriquecer o meu espólio de chapéus de Inverno em uma unidade e igualmente para me informar que a decoracao de Natal já comeca a aparecer. Estamos em Outubro, o mes do Outono.

Donnerstag, 8. Oktober 2009

Renúncia

Resido fora de Portugal há dez anos e continuo sentimentalmente ligada às minhas raízes. Vou a Portugal regularmente, o que me permite manter o contacto mental com o meu país. Interesso-me menos (ou nada) por futebol e mais pela política. Acompanhei os escandalos de teor político que quase todos os dias enchiam as páginas dos jornais. A imagem da classe governativa portuguesa, independentemente do partido a que os seus membros pertencem, chega demasiado denegrida ao estrangeiro, nao devido à intervencao da imprensa estrangeira já que infelizmente nao merecemos muito destaque, mas por intermédio do que os media portugueses vao revelando, talvez com algum prazer mórbido associado ao estigma bem portugues do mal-dizer. Sinto mesmo muito que estes episódios pouco abonatórios me tenham tirado qualquer vontade de carácter interventivo que ainda restava após tanto tempo fora, quase que me obrigando a renunciar à participacao num regime democrático. Nao fui votar. Votei para as Autárquicas e para as Europeias na Alemanha.

Traidora? Nao, apenas desiludida com o que nos tornámos. E eu, bem longe, sem poder influenciar seja o que for, nao pelo voto, mas pelo exemplo pessoal.

A propósito deste artigo do Público.

Renúncia

Resido fora de Portugal há dez anos e continuo sentimentalmente ligada às minhas raízes. Vou a Portugal regularmente, o que me permite manter o contacto mental com o meu país. Interesso-me menos (ou nada) por futebol e mais pela política. Acompanhei os escandalos de teor político que quase todos os dias enchiam as páginas dos jornais. A imagem da classe governativa portuguesa, independentemente do partido a que os seus membros pertencem, chega demasiado denegrida ao estrangeiro, nao devido à intervencao da imprensa estrangeira já que infelizmente nao merecemos muito destaque, mas por intermédio do que os media portugueses vao revelando, talvez com algum prazer mórbido associado ao estigma bem portugues do mal-dizer. Sinto mesmo muito que estes episódios pouco abonatórios me tenham tirado qualquer vontade de carácter interventivo que ainda restava após tanto tempo fora, quase que me obrigando a renunciar à participacao num regime democrático. Nao fui votar. Votei para as Autárquicas e para as Europeias na Alemanha.

Traidora? Nao, apenas desiludida com o que nos tornámos. E eu, bem longe, sem poder influenciar seja o que for, nao pelo voto, mas pelo exemplo pessoal.