Sonntag, 17. Mai 2009

Reciclagem

A Andorinha do Norte partilhou connosco um vídeo impressionante sobre a melhor forma de reciclar os restos de comida dos vários restaurantes de fast food. Uma partilha forcada.
Quando vou a restaurantes, principalmente em países industriais (Alemanha, Holanda) ou com uma cultura gastronómica desenvolvida (Itália, Portugal), invariavelmente deixo algo no prato. Os restos que tanto nos incomodam. Lembro-me da minha avó se referir sempre às criancinhas de África de forma a apelar à minha consciencia de cidada do mundo. Tal nao me convencia de maneira nenhuma, o meu estomago nao tinha mais espaco, é a chamada fome (que tinha acabado de dizimar ao colocar os talheres no prato com aquela disposicao que tao bem conhecemos, na diagonal, faca virada para dentro, seguida do garfo). Principalmente na Alemanha, as doses sao gigantescas. Supostamente um sinal da privacao que o povo sofreu durante as duas guerras mundiais, que conduziu a um exacerbamento no consumismo, principalmente o relacionado com a alimentacao. Com a falta de tudo, desde carne a gordura, a estrutura gastronómica desenvolveu-se do pouco ao exagerado, daí a comida ser normalmente muito gordurosa (óleo ou molhos de todos os tipos praticamente a cobrir os alimentos qual piscina) e em grandes quantidades. Eu, de pequena estatura, nao tenho podido exercer influencia sobre os grandes acontecimentos históricos, os quais, aliados ao desenvolvimento capitalista do consumo, conduziram à actual dimensao média de um prato no território germanico. Automaticamente deixo restos, concluindo que estarei entao abaixo da média. Já pensei que, se tivesse um restaurante, apresentaria invariavelmente no menú diversos tamanhos de dose, os quais poderiam ser escolhidos pelo cliente, consoante o apetite e o tamanho do estomago. Claro que as doses pequenas seriam mais caras. Chamemos-lhe os descontos de quantidade.

Nao me sinto mal com o que faco, mas com o porque de tal acontecer. No filme da Andorinha, vemos uma sociedade asiática desequilibrada, que aproveita os restos de comida ao partilhá-los com os mais carenciados. O primeiro pensamento será: Quem decidiu sobre o tamanho das doses? Serao porcoes norte-americanas (KFC) ou asiáticas (claro mais reduzidas)? Segundo: Tantas criancas famintas, pertencerao todas à mesma família? Ou seja, propagacao da espécie incontrolável, responsabilidade governamental, falta de educacao. Nao tem a ver com os restos alimentares. Terceiro: Vemos um espaco rural. Será que nao dá para criar galinhas, que pertencem à cadeia alimentar asiática tal como o arroz, contribuindo para a auto-subsistencia familiar?
Nao consigo ver tais filmes sem desenvolver um olhar crítico ao que é mostrado, por mais que tenha que controlar a lágrima no canto do olho. Usar o capitalismo e o consumismo como desculpas para todos os males da humanidade nao julgo que seja certo, por mais socialistas que sejam as minhas orientacoes politico-filosóficas. Há sempre uma parte de auto-responsabilizacao no destino de cada um.

1 Kommentar:

Andorinha hat gesagt…

Não tinha pensado nesse ponto de vista. Acho que a voracidade com que aquelas pessoas atacaram a mesa me bloqueou a imparcialidade.
Eu faço voluntariado com crianças que têm 9 ou 10 irmãos, quando não mais. Eles sabem o que eles e os Pais sofreram por terem tantos filhos, eles são informados por todos os que os rodeamos sobre o que, e como fazer para não ter filhos. Hoje em dia as miúdas destas instituições tomam a pílula através de vacina ou numa cena que se põe debaixo da pele pra não se correr o risco de haver miúdas de 15 anos sob vigilância do Estado a "procriar". Mas elas fogem imenso das instituições e...passado um mês, como não tomaram a dita, ficam predisponíveis.
Neste caso, e falando do nosso País, não é por ignorância que esta gente engravida. É por pura estúpidez. Não imaginas o quão revoltada fiquei no dia em que soube que uma das miúdas (cuja própria mãe a abandonou) tá grávida aos 17 anos. Ó senhores, se ela sabe, se ela viveu, se sabe o quanto custa, PORQUÊ???