Montag, 22. Juni 2009
Murphy's Law and Zee Germans
Sábado, duas da tarde. Tinha conseguido levantar o rabo do sofá para ir mandar umas bracadas à piscina recém-restaurada da zona onde vivo. Movimentei-me ao meu ritmo, sem pressas nem pressoes alheias, consegui superar os objectivos (em metros) aos que me tinha proposto. Afinal, nao me estava minimamente a apetecer sofrer mais stress num lindo dia de sol, ainda para mais sábado, o meu dia da semana favorito. Saí, despreocupada, do recinto, inspirei o ar fresco da rua, deixei envolver-me pelos raios do astro-rei, os quais tem andado bastante sumidos nos últimos tempos. Ao percorrer mentalmente o caminho para casa, pensei em escolher um atalho para encurtar. Nao sou de poupar o último litro de gasóleo, o único fim era mesmo procurar consolo no gargalo de uma garrafa de água. Enfio-me por uma estrada de um sentido. Espanto: Afinal as regras (pasme-se, ainda estamos na Alemanha???) tinham deixado de fazer sentido devido a uma festividade de rua, a qual sucede todos os anos no mesmo local. As autoridades ainda nao tiveram vontade, paciencia ou interesse em organizar os trajectos de uma forma menos incomodativa para quem tenha que andar de carro (foi nessa altura que pensei em finalmente comprar uma bicicleta!!). Em resultado de um enorme caos automobilístico, tive euzinha que andar de marcha-atrás, eu que detesto o meu carro por nao lhe conseguir avaliar os limites (problema da malta minorca)... PIMBAS, bati num carro estacionado com o espelho lateral. Pensei para comigo e Andrew Bird: "Entao tens que chamar a polícia!". "Porra, deixei o telemóvel em casa!". "Ah, e livrete do carro também!". "Uups, em nenhum documento se pode ver onde moro!". Isto numa fraccao de 3 segundos. Desvairada, decidi abandonar o local, sem saber muito bem o que fazer. O meu sentido moral chamou-me à razao e decidi estacionar o carro de forma a verificar o estado do meu espelho, esse que mais parecia um membro descabecado. Tinha que pedir auxílio a alguém, eu, a miúda que cultiva a mania da auto-suficiencia (com excepcao das situacoes em que tenho que abrir uma garrafa de cerveja com um isqueiro). Pois que, ao encaminhar-me para o automóvel sinistrado, me pára um carro a meio caminho. Duas caras de lua-cheia, luzidias de tanto óleo de salsicha, mas muito bonacheironas, me colocam em estado de sobreaviso. "Olhe que é melhor voltar ao local do acidente, já houve um cidadao que lhe tirou a matrícula e já estava a chamar a polícia." Eu retorqui. "Ah, obrigada, mas já estou a caminho...". A preocupacao deles: "Olhe que perde a sua carta de conducao se nao voltar lá!". "Sim, sim, obrigadíssima, mas... ". "Mas olhe que ele já ligou para a esquadra!", balbuciavam os dois, quase em panico por mim. Nao percebi até hoje porque razao estavam tao consternados com o facto de eu, até entao condutora em fuga, poder perder a minha carta. Lá calcorreei o passeio, esbaforida de todo, até chegar ao purgatório. Lá fui encontrar o cidadao, alemao e cumpridor da lei, que manifestou um estado de ansiedade, alívio e, ao mesmo tempo, constragimento, que me tinha denunciado. Nao entendi o que mais o interessava, se o bem-estar do dono do carro estacionado, que acabou por sofrer um arranhaozinho do tamanho da minha unhaca do dedo mindinho do pé, ou o fechar o balanco do dia com a sensacao de ter cumprido o que manda a lei. Os que conhecem alemaes que escolham...
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1 Kommentar:
Pelo que conheco dos alemaes (e nao considero pouco) nao há nada como o cumprir obcecadamente a lei, pois assim "alles in ordnung" e nada lhes acalma mais o espirito que isso ;-)
Tenho que te oferecer o livrinho maravilha "Xenophobe's guide to the germans", esclarece com humor muitas dúvidas culturais.
Ainda bem que ficaste bem (apesar dos nervos, imagino), beijinhos :-)
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