Sonntag, 27. September 2009

Sopa com todos

Assim me soa a democracia de hoje. Orgia de coligacoes que nao rima com a ideologia política. Alcance de poder, a qualquer preco. Grande problema para a classe reinante, quanto mais distante forem os programas partidários, mais incongruente serao as accoes de governo. Portugal nao é diferente da Alemanha, país no qual esquerda e direita já tentaram governar em coligacao várias vezes desde o final da segunda guerra. Quanto mais ideologicamente vazios se tornam os partidos, maior é a abstencao.

Estranhamente a Alemanha elegeu hoje um governo de centro-direita. Em momentos de uma crise que manifestamente enviou sinais de que um sistema liberal nao funciona sozinho. No mínimo, estranho.

Donnerstag, 24. September 2009

Ascos

Mas será que nao passa um só dia sem o anúncio de um escandalo político em Portugal? Das duas, uma: Ou sao todos mesmo uma cambada de asquerosos, a-sociais, corruptos da merda, ou entao os bufos sao muito bem pagos.

Os mortos também dancam.



Como eu vos adoro. Strange kind of love, strange kind of feeling.

Mittwoch, 23. September 2009

Lixo em promocao

Foto retirada daqui. Para mais pormenores ide acolá.

Montag, 21. September 2009

As minhas notícias do dia

Peco pelo exagero. Quando desenvolvo uma mania, vivo-a até à exaustao. Dependendo da acessibilidade e da facilidade com que o posso fazer, ligo-me a determinadas actividades qual obsessao. Sucedeu-o com Digital Storytelling, com séries da TV como Sex and the City ou Absolutely Fabulous, com a fotografia (actualmente com a nova máquina do tipo reflex, cujo manual de instrucoes consegue ser quase tao grosso como a Enciclopédia Britanica), com o meu actual namorado. Nao penso em mais nada até ter atingido o ponto de saturacao. Ou ter conseguido alcancar um qualquer objectivo a que obstinadamente me tinha proposto.
Será talvez exagerada a comparacao com a minha relacao com o Facebook. Igualmente compulsivo o meu hábito de, a caminho do emprego, todas as manhas, ligar o Blackberry ao site desta plataforma tao moderna. Ao invés de ler notícias do mundo, escolho o universo de amigos, pseudo-amigos e conhecidos para me colocar ao corrente dos acontecimentos. Sorrio ao saber que estao bem e que hoje se sentem mais felizes que ontem, que assistiram a um filme interessante ou estiveram num concerto inesquecível. Ou que os Pixies actuam na Europa para breve. Ou que os Young Gods vao actuar em Zurique (informacao partilhada pelos deuses eles mesmos, o que nos concede, a nós, fas, uma manifesta sensacao de proximidade). Adoro percorrer os vários slides de fotos da última viagem à América Latina ou ao Andancas, à Ásia ou às praias reconditas ao largo do Mondego. Sigo com religiosidade aqueles que nos actualizam com vídeos polémicos sobre o Chuva de Estrelas no Irao ou sobre as verdadeiras razoes pelas quais a gripe suína recebe as atencoes dos média. Sinto-me viva porque me apercebo que, a cada foto ou vídeo partilhado, a cada comentário espontaneo, a realidade gira num sem-parar de momentos, emocoes, novidades, pensamentos. A distancia que geograficamente nos separa alimenta a curiosidade que nos reune, ainda que ciberneticamente. Nunca me senti tao informada. E tao longe dessas pessoas com as quais inicio o meu dia. Tornam-se agentes de uma dinamica que, de tao acessível, se torna irreal, porque composta por bites, 1 e 0, tao aqui e tao acolá. As pessoas que se escondem por detrás das fotos de perfil, essas, escolhidas minuciosamente para dar a conhecer o verdadeiro "eu".

Demorei algum tempo para me desligar dessa irrealidade. Consegui reduzir o tempo que passo com a actualizacao constante da minha vida através do que os outros vivem. Além de que me irrita solenemente o facto de o Facebook já nao ser construído com a contribuicao pessoal de cada um, mas mais através de quizzes que nada dizem sobre cores, filmes, serial killers, de salsichas que funcionam como oráculos, passatempos criados por alguém na plataforma como instrumentos de alienacao alheia. Desculpem se firo algumas susceptibilidades, mas já nao há paciencia. E, no entanto, encontram-me lá todos os dias por volta da hora de almoco.

Freitag, 18. September 2009

Bio

Desde quando "bio" deixou de ser natural e passou a ser privilégio? Privilégio dos que podem pagar pela própria saúde?
Ainda me lembro dos pessegos de polpa branca com bicho, na altura, em crianca, o mais normal do mundo num supermercado. Hoje sinal de ecologia e respeito pelo ambiente.
Genialidade, aquela dos marketeers. Vendem-nos o normal como algo especial.

Dienstag, 15. September 2009

Livre arbítrio?

Ecila recomenda o documentário "O corpo das mulheres".
Sorrio para comigo, eu, uma fa da série mais capitalista e ditaturial de que tenho memória, Sex and the City.
Convencemo-nos com convencoes, julgamos que nao somos subjugadas a escolhas de outrém, que tudo nasce como fruto de uma liberdade de expressao. Mas no fundo somos prisioneiras de ditados. Ou ditaduras.
O meu pai tem uma opiniao: Diz que a razao pela qual o corpo feminino se tornou completamente banalizado tem a ver com o facto de a maior parte dos designers bem-sucedidos ser homossexual. Quase em tom conspirativo acredita que se trate de uma estratégia de desvalorizacao da femea de forma a conduzir a uma auto-valorizacao. Este comentário fere muitas susceptibilidades, incluindo a minha, porém acredito que a preservacao da intimidade e do mistério do corpo da mulher esteja em segundo plano quando nao existe um interesse sexual por parte do génio criador que será um estilista gay. Nao desejo atribuir o desenvolvimento do olhar perante o aspecto físico "eviano" puramente a este factor no mundo da moda, mas estou convinta de que terá a sua influencia manifesta.
Ao tomar consciencia de que estou eu também a fugir à naturalidade, alorando pelos, usando a gillette, pintando as unhas, abominando a camada adiposa que insiste em acumular-se no meu centro corporal, nao me julgo forte o suficiente para quebrar as correntes e deixar mao livre à mae natura. Apesar de saber que, mais década menos década, ninguém se interessará pelo meu aspecto físico, mas mais por aquilo que terei para contar. Pelo menos é a esperanca que alimento.

Samstag, 12. September 2009

Manifestacoes do Ensino Superior


Foto: Minha, AAC, Coimbra, Junho 2009

A propósito de números...

O post da Luna fez-me sorrir. De facto, há números mais relevantes que outros.
Há os sobre os quais se discute à mesa do café, acompanhados da cerveja e do tremoco:
- Que idade tens?
- Há quantos anos vives por aqui?
- Quantos carros tens? E casas? E iates? E cavalos? E telemóveis?
- Quero o teu número de telefone, já!
- Em quantos países já estiveste? E continentes?
- Quantos pares de sapatos de Inverno esconde o teu armário?
- Em que andar vives?
- Em quantos dias da semana trabalhas?
- Quantas vezes por semana fazes desporto?
- Costumas ir ao cinema quantas vezes por mes?
- Quantos copos de vinho bebes por semana?
- Qual o número de cigarros que fumas por dia? (variacao: unidade em macos)

Alguns destes nao interessam nem ao judeu de Belém, tratam-se de questoes standard que compoem o processo de conhecimento interpessoal.

Mas também os há secretos, tabú, aqueles dos quais nao se fala e muito menos se pergunta:
- Com que idade tiveste a primeira menstruacao?
- Quando perdeste a virgindade? E já agora, com quem?
- Quantas vezes por dia vais à casa-de-banho?
- Tomas banho todos os dias?
- Quanto é que ganhas por mes?
- Quantos tampoes usas por período?
- Quantas vezes por dia tens sexo? (ah, mazinha!)
- Com quantas pessoas já dormiste, incluindo as do mesmo sexo?
- Quantos one-night stands estao incluídos?

Dependendo da escala na qual nos movimentamos, haverá sempre um teor de choque nao só no próprio acto de perguntar, mas principalmente nas respostas que uma dessas perguntas suscitará.
E, se me perguntam a mim, nao acho que 30 seja exagerado...

Voltei, voltei...

Tinham toda a razao. A blogosfera faz-me falta. Apercebi-me de que o Facebook nao foi feito para consideracoes filosóficas ou partilha de pontos de vista, é demasiado rápido, profano e mundano para tal. Decidi regressar às origens. Agora com o cinzento a dominar a paisagem, umas horas sentadas na secretária tornam-se muito mais apetecíveis. Ando com uma falta de inspiracao brutal, talvez devido ao facto de nao me deixar rodear por aquilo que realmente é importante. Por outro lado, incitar o espírito crítico ao obrigá-lo a pensar pode realmente ser o Prozac de que necessito.
Tentarei.

Como estreia de uma nova época:

"Quisemos a velocidade do som com os aviões e a velocidade da luz com a Internet, mas, agora que conquistámos a contemporaneidade absoluta, só conseguimos pensar numa coisa: abrandar."
retirado daqui.