Donnerstag, 11. Dezember 2008
O valor dos protocolos
Seguindo o relato da pobrezita da MOL, alvo de burocracias sem razao aparente, lembrei-me de contar uma história real que me sucedeu no Brasil. Ao registar-me junto das autoridades como cidada portuguesa residente em Sao Paulo, foi-me dado o chamado "protocolo". Este pedaco de papel era mais pequeno que um normal BI, tipo um terco de uma folha A5, nao plastificado, claro está. O único pedaco valioso no papel era a minha foto, tirada à pressao num daqueles locais de conveniencia junto às autoridades (como as antigas lojas de fotocópias junto das faculdades, que aliás já terao visto melhores dias... o terror do copyright... bem feito, sangue-sugas!), eu, completamente descabelada e com sinais visíveis de jetlag... Enfim, adiante. Após ter esperado no mínimo duas horas para ser atendida (os sul-americanos sao bem piores que nós a esse nível...), lá recebi o protocolo. Ninguém me quis explicar bem a importancia do papelito, eu guardei-o na minha carteira sem soltar perguntas, que farta de esperar estava eu. Meses mais tarde, decidi pegar em mim e ir passar uns dias a Buenos Aires, ali tao pertito. Comprei bilhetes, fiz o check-in. Ao tentar entrar na área dos passageiros, tive que passar pelo controlo dos passaportes. O meu passaporte era ainda válido e estava em dia. Qual nao é o meu espanto quando o badameco do polícia me pergunta pelo protocolo. Eu já nem me lembrava do que isso era. Quando ele me falou no pseudo-documento que havia recebido aquando do meu "registro" no Brasil, lá se fez luz no sotao. Sinais do papel? Népias, completamente perdido na imensidao de Sampa. E nao é que o homem nao me queria deixar fazer a viagem? Eu, uma cidada europeia, presa por um protocolo perdido? Fiz uma escandaleira, já a ameacar um incidente internacional. O polícia levou-me para uma saleta, paredes amarelas e frias, ar impessoal e asqueroso. Eu comecei a sentir um friozinho na espinha, principalmente por o polícia ter comecado a fazer perguntas do género "e voce onde vive? e tem namorado?". Um cenário de horror passou-me pla cabeca, já nao pensava na embaixada, nas represálias de Portugal contra o Brasil, no embargo económico e cultural, na manchete nos jornais. NAO, queria era pirar-me dali o quanto antes. Lá me deixou ir, após uns minutos de suspense e olhar viscoso. Carimbou-me o passaporte com o valor da multa que tinha que pagar ao regressar ao país. "Don't cry for me, Argentina!!", lá fui eu passar uns dias a B.A. De regresso, ninguém olhou para a multa e nem sequer para o passaporte. Saí do país duas vezes entretanto, uma delas definitivamente, sem ter pago a multa de quase cem euros por nao ter o bendito protocolo comigo. O meu sentido de honestidade nao foi suficiente para apelar ao pagamento da multa, foi mais uma questao de orgulho. Já troquei o passaporte e vestígios de multa, nenhuns. Sou novamente uma cidada sem cadastro.
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2 Kommentare:
Voltas-me a chamar pobrezita e pego no carro e vou aí só para te bater!
Beijinhos
No mesmo ano, aconteceu-me exactamente a mesma coisa. Só que eu, de facto, nunca me tinha apresentado na polícia, porque se tinham esquecido de pôr o carimbo no meu visto a dizer que era obrigatória.
Como a minha saída do país foi seis meses depois da entrada a multa passada no aeroporto (entre veementes protestos ao polícia federal de serviço, que terminaram com uma ameaça de prisão) foi a máxima: mais de 400 euros.
Apresentei recurso por fax, de Portugal, e, claro, nunca recebi a decisão.
Quando regressei definitivamente pedi um passaporte novo e também desapareceu qualquer rasto da multa.
De qualquer forma, na altura informei-me e as multas prescrevem... Estamos safos!
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