Sonntag, 7. Dezember 2008

Regresso às origens

Por circunstancias banais decidi ontem por-me a caminho de Düsseldorf sem carro, recorrendo aos famosos transportes públicos. Apercebi-me que solidao nao se restringe a viver só, mas, como diria o autor do artigo blogosferiado pela Sinapse, principalmente a sentir-se só. O que pode acontecer efectivamente se se escolhe o veículo próprio como único e legítimo meio de mobilidade e esfera privada. Quem nao opta pela pequena grande intimidade de por a música favorita a altos berros no rádio do carro e cantar a pulmoes soltos e desalmados estrofe por estrofe por saber que ninguém ouve (a nao ser que se esteja parado num semáforo e se tenha esquecido da réstia de janela aberta...)? Um aspecto positivo de se locomover a meios próprios. A grande desvantagem, da qual me apercebi nitidamente ontem, é a de isolacao quase imediata. Usamos as quatro rodas qual redoma de vidro tao inconscientemente que acabamos por nao nos aperceber de quao diverso o resto da humanidade efectivamente é. Ao entrar ontem no metro da cidade, deixei-me envolver pelo cheiro humano, pelas vozes a fundo, pelas cores, pelas feicoes onde se leem biografias. Modus vivendi de geracoes, racas, mistura de opcoes de vida, estilos, modos de educacao, respeito e desrespeito, tudo numa miscelanea corporal semi-harmoniosa em quatro paredes de vagons. Ao sair do metro para apanhar o comboio seguinte, isto no centro da cidade e incorporada no mercado de Natal tao germanico e, como tal, sob uma apertada vigilancia policial, como é o caso com todas as concentracoes de rua alemas, apecebo-me de uma manifestacao marxista-leninista contra o poderio dos monopólios do ramo da Energia (aqui no sítio concentrados nas maos da RWE), através da qual fiquei a saber que ontem foi o Dia Mundial do Ambiente. Chamem-me desinformada, mas às 12:30 da tarde de sábado ainda nao tinha pegado no jornal. Teria optado pelo carro, nao teria sabido. Deixei-me influenciar por um membro do partido e acabei por comprar material didáctico sobre formas alternativas de reciclagem de lixo como fontes inovadoras de provisao de energia. Senti-me, por uns momentos, parte de um todo que me é quase todos os dias distante e alheio. Segui caminho com um comboio regional apinhado de pessoas. O odor, um tanto ou quanto nauseabundo, mistura nao de musk, mas de corpo humano, inverno, janelas fechadas, calor artificial e álcool, muito álcool, quase que me embriagou. Tentei ler, mas nao me consegui concentrar, o ar estava demasiado pesado. Lá encontrei um lugar sentado, ao pé da janela, no parapeito da qual se encontravam já duas garrafas de espumante vazias e seis copos, esses também vazios. A referir, era uma da tarde de sábado. Ponderei no porque de tal consumo desenfreado de álcool nestas alturas, como se o alemao estivesse constantemente em busca de um motivo especial para iniciar o processo de embriaguez às 10 da matina, seja ele o mercado de Natal, o Carnaval ou o feriado de Unificacao Nacional. Nao é normal todos os fins-de-semana. A bem dizer, felizmente. Li há umas horas um artigo pequeno sobre o porque deste consumo exagerado de álcool. O Alemao está supostamente no centro entre o latino-mediterranico e o escandinavo. O latino consome regularmente álcool, mas com moderacao. O escandinavo faz uso do álcool em ocasioes mais especiais, mas é menos moderado; nesta cultura, o estado de embriaguez é considerado perfeitamente normal (os finlandeses que o digam...). O alemao é entao aquele que bebe regularmente (como o latino) e bastante (como o escandinavo).
Pisei chao de estacao, aliviada por poder respirar ar fresco novamente. Iniciei a minha viagem de caca ao presente de Natal. Até ver, bem sucedida.

1 Kommentar:

Andorinha hat gesagt…

Só tu pra achares prosaica uma ida de metro...!Qual só, qual carapuça!
Meu querido e magnífico carro!
E qdo vires os dinamarqueses a beber...vem falar comigo sobre os alemães...
Mas uma coisa te digo, os nórdicos são bem divertidos, começam é a festa muito cedo...e acabam mto cedo...
Beijoquinhas