Na sexta-feira passada tive mais um encontro do nosso English Book Club. Trata-se aqui de uma aglomeracao de nativos de língua inglesa e outros curiosos que estejam interessados em discutir livros democraticamente escolhidos ao sabor de um bom vinho e de uma amena conversa. Eu, sempre atrasada e sem grande energia para ler devido a uma perda recente de uma pessoa muito querida (ainda nao consegui materializar o sentimento, estou à espera do Big Bang...), nao consegui terminar o livro sugerido. Entretanto, passei além da página 15 e nao consigo controlar o desejo de o ler até ao fim, apesar de ter ouvido os relatos dos outros na nossa reuniao passada e me parecer uma história que, porque real, exige um estomago reforcado. Ora, por ontem ter estado num casamento até às quatro da madrugada, nao me pareceu por bem hoje exagerar nos tratos.
Ia eu no Book Club de sexta. Encontramo-nos numa Casa Imperfeita (Unperfekthaus) em Essen. Apesar de parecer simplesmente um bar, esconde um projecto de artistas e designers vários, free lancers e apoiantes que organisam cursos e exposicoes diversas. Assim, poder-se-á combinar um café a meio da tarde com uma exposicao de fotografia que se estende até ao corredor que dá para a casa-de-banho, local onde nos espera um ecra de TV embutido no espelho e papel de enxugar maos que recebe impulsos de libertacao após se ter fechado a torneira.
O conceito que agora está en vogue é o de confianca no consumidor. Assim, a Casa Imperfeita cria o privilégio de ser o próprio consumidor a anotar aquilo que retira dos vários armários e contentores frigoríficos de comidas e bebidas que se encontram espalhados pelo espaco. Cada um recebe um livro de balancos, similares àqueles cartoes de discoteca, mas com sistema de self-service.
Talvez uma ideia deste género nao pudesse funcionar em qualquer país aliado a convencoes de Tupperware (se numa festa sobram restos, porque deitar fora? É gratuito!), mas ter-se-á de admitir que, se a honestidade de uma pessoa é colocada à prova de uma forma tao descarada, nao há tentacao a que se resista nestas circumstancias. O bom funcionamento de uma consciencia leve, que causa menos rugas e cabelos brancos.
Achei a ideia muito inovadora.
Como complemento, na Alemanha parece haver já espacos onde nao existem precos pre-estabelecidos, mas o pagamento efectua-se mediante o que os convidados e hóspedes acharem por bem dar. Qual último album dos Radiohead, In Rainbows, que foi lancado na net sem label, pelo qual cada um paga o que julgue adequado.
A democracia dos precos está a romper...
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