Freitag, 30. November 2007

A Tradicao dos Mercados de Natal

Hoje lembrei-me vivamente do momento no qual estive a mandar postais electrónicos de Natal. Parei dois segundos para regressar ao minuto actual e deparar-me com uma certeza. O tal momento foi no ano passado. Recordo-me que estava a trabalhar. Lembro-me até da iluminacao na divisao do meu escritório, tinha apenas algumas lampadas do tecto acesas, em sabor de farewell. Nesses dias as pessoas tornam-se tao euforicamente solidárias que os cumprimentos de Bom Natal soam a despedidas, como se o passar de um dia que alguém decidiu ser feriado e portanto descanso global representasse uma viagem no tempo em grandes dimensoes, obrigando-as a nao se verem por imensidoes de dias. Afinal, é só um. Breve, mas livre de outras obrigracoes que nao o passar calor humano a quem nos diz algo.
Dou-me conta que estamos lá novamente. A época das reflexoes, do frio, da chuva, da neve, das iluminacoes, dos sinos, do vermelho e do branco, do esquecimento de rivalidades, da vontade de partilhar. Na Alemanha comecam a pulular os Mercados de Natal. Weihnachtsmärkte, um pouco por toda a parte. Aglomeracao de tendas, divididas em seccoes: Seccao das velas com cheiro e cor, seccao dos brinquedos de madeira ou latao, seccao de CDs da Greenpeace, seccao de postais da Unicef, seccao de bolas para árvore de Natal pintadas à mao, seccao de gravuras para pendurar nas janelas, seccao de porta-chaves, seccao de carteiras rasta, seccao de paus de incenso, seccao de sabao feito à mao em Heidelberg, seccao de objectos de madeira para todos os usos (ou nenhum?), seccao de bonecos de peluche, etc etc etc...
Um verdadeiro mercado alemao de rua nao o seria sem a gigantesca seccao de comidas e bebidas. Em cada centímetro cúbico de ar sente-se o aroma a salsicha (Thüringer, Currywurst) misturado com cogumelos, molho de caril e as imprescindíveis batatas fritas com muito ketchup e maionese. A verdadeira salsicha pode ser servida de duas formas: Para os mais comedidos num papo-seco tres vezes menos volumoso do que a salsicha em si; ou entao em pequenos recipientes de cartao, salsicha cortada em vários pedacos suficientemente pequenos para caber na boca de uma crianca, mergulhada no tal molho de caril (nao fiquem a pensar no frango de caril lá de casa, este molho parece mais tomate de bolognese), acompanhada com a batata frita em palitos, tudo servido com guardanapos q.b. e o típico garfinho de madeira qual palito, para picar a batata.

A flexibilidade gástrica é imensa, aqui come-se a qualquer hora, antes, depois e durante as refeicoes. Se se estiver numa de apetite doce, há muito por onde se possa escolher. Amendoas tostadas envolvidas em acucar, nada de muito calórico, ou entao uma maca tal qual Branca de Neve, envolta num molho vermelhao natural sem corantes absolutamente nenhuns. O algodao doce nao é muito comum, e sim o crepe (vendido em stands tricolores; é como o restaurante italiano, normalmente pertencente a cidadaos turcos ou paquistaneses; haja saúde e ilusao), doce, salgado, simples ou com decoracao. A acompanhar tudo isto o famoso Glühwein, um tipo de vinho mais similar a sangria, mas quente, servido em tacas típicas alusórias ao Natal. Se alguém quiser levar uma taca usada para casa, pode pagar a tara e ficar com ela como recordacao, sim porque para o ano haverá novas tacas com 2008 gravado. Dizia eu que o Glühwein se tem que beber quente, quase mesmo a escaldar. Como complemento pode pedir-se o vinho com Schuß, um acréscimo, misturado com rum ou outro tipo de bebida, para atribuir ao vinho o gosto ultimativo. Assim, nao saberá a sangria barata e aguada, mas a álcool, barato mas forte. Os aderentes ao desporto do Weihnachtsmarkt juntam-se normalmente ao pé das tendas de Glühwein, onde permanecem horas de pé a conversar amenamente e a esvaziar tacas. A partir do momento em que se busca o apoio do balcao sabe-se que é hora de regressar ao sossego do lar.
Tropegamente, caminha-se ao longo das ruas do mercado, semi-vazias (o mercado fecha normalmente às nove da noite, para respeitar o direito dos cidadaos ao silencio do final de dia). Para culminar e tapar um vazio no estomago, para-se na barraca da Tia Ema para pelo menos satisfazer a gula visual e comprar um coracao ao namorado, que ficará para sempre pendurado numa qualquer janela lá de casa até criar vida em si mesmo.

5 Kommentare:

Sinapse hat gesagt…

O tempo passa a voar! Já estamos outra vez em Dezembro! o ano passado por esta altura estava em NY à procura de casa ... e depois, não tarda muito, fará um ano que larguei amarras de Bruxelas ... em Bruxelas havia mercado de Natal, na Grand Place ... a vida dá tantas voltas!!

:)

Leonor hat gesagt…

Adoro Glühwein, quando é bem feito, claro, e gosto muito dos mercados de Natal. Há dois anos estive em Munique e no ano passado em Budapeste :)

Gostei da loja da Tia Ema ;-)

Ariadne hat gesagt…

é favor virem até cá, ainda nao provei o vinho deste ano, mas acredito que tenha sido uma boa colheita, como todos os anos... ih ih...

Leonor hat gesagt…

Und morgen ist Nikolaustag! :)

Ariadne hat gesagt…

E, como todos os anos, recebi um Nikolau da entidade empregadora que, com toda a disciplina alema, me obriga a ingerir num dia toda a porcao de chocolate equivalente às necessidades de uma semana... Viva o Pai Natal!