O dia da escolha chegou, após algumas contingencias, emergencias e vicissitudes. O grande dia da certeza incontornável. Há sete anos nao dormia. Nao se tratava de um mero fazer as malas, mas de uma escolha.
Eu, a emigrante. A que regressa por semanas para gozar o calor do Verao ou o do Natal, um atmosférico, o outro familiar. A que esquece palavras e troca idiomas. Muitos motivos se encontram a fundamentar o atenuar das raízes, um corte nao seria eficaz, ainda que por vezes desejável. Para amolecer a dor da saudade. Chamam emigracao ao fenómeno espontaneo de permutar o seu local de residencia por outro numa outra nacao. Há quem o denomine "Grenzgänger", aquele que perfura fronteiras. Outros chamam-no "Gastarbeit", os convidados a ficar para trabalhar. Existem aqueles que se abandonam à sorte do destino por razoes diversas, como condicoes políticas desfavoráveis ou perseguicoes intelectuais, limitacoes religiosas ou económicas. Ou os que buscam o prazer do clima ameno da t-shirt. A maior parte procura simplesmente... sobreviver. A seguranca que para alguns se trata de um bem adquirido é alcancada por outros com sabor a sangue, suor e lágrimas.
No meu caso? Nao conseguia esquecer o sentimento infantil de clausura. Como se a estabilidade de infancia me obrigasse a buscar a revolta, a dor da sobrevivencia, o conflito de privilégios, a imprevisibilidade do amanha num mundo inexplorado. Quase a procura masoquista de emocoes por falta de delírios e incertezas na minha existencia quotidiana. Pre-disposta a reviver os minutos na Terra de Ninguém das salas de espera dos aeroportos a cada partida, a cada chegada. A elasticidade dos lacos que percorrem as distancias e se alongam consoante o fosso que se estabelece ao dizer "Adeus, até breve". Quando se o diz.
A maior incongruencia de todas continua a ser a perseguicao de um sentimento de lar. Home. Heimat. Mudei já diversas vezes de cidade, de casa, de poiso. Como se procurasse algo lá fora que falta em mim. E a cada passo em frente faco e desfaco malas, escolho, conduzo retrospectivas, desfaco-me do passado indesejável, classificando-o, categorizando-o, e inicio o futuro, olho dentro de mim e do que pretendo ser e ainda nao sou, onde desejo estar e nao estou.
Esta questao fica em aberto: Quem saberá mesmo para onde vai?
3 Kommentare:
Queguida Guita,
Tens de entgague aqui e paguetilhague a tua expeguiência!
;))))
Bolas, Sinapse nao tem "r"... Adorei a tua sugestao do GAP. Afinal somos tantos!! Também se pode encontrar o teu testemunho por lá?
Claro!
Ainda não encontraste?
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