Cada vez que estou de regresso a casa tento absorver o máximo daquilo que normalmente só trago comigo em forma de memórias e lembrancas, muitas vezes desvanecidas ou alteradas por aquilo que julgo ser real, substituidas pelo algo que desejo ter acontecido, e nao o que sucedeu na realidade. Tento sorver o que me faz falta, os odores, os sabores, a luz, as faces, os sorrisos, os cumprimentos de quem já nao se ve há tanto tempo. Há objectos, situacoes, hábitos que apenas conhecemos lá, na origem, onde tudo comecou.A caixa dos botoes, em anteriores existencias uma mera casa de sapatos. A sua disposicao nas prateleiras é conduzida com uma explicacao muito pessoal, que de tanta rotina permite a descoberta quase imediata do que se busca. Há uma cliente à espera.
As caixas, meticulosamente ordenadas, os botoes, colados na frente para permitir uma rápida pesquisa, qual inventário de biblioteca, antes em papel, hoje digital, e ainda assim eficaz. O antes nao será incapaz, apenas diferente e lento.
A senhora. Mais pequena e mais grisalha, mas com aquele sorriso acolhedor de quem nos viu crescer.

Keine Kommentare:
Kommentar veröffentlichen