Montag, 28. Januar 2008

A era do turbo-capitalismo: O que é certo versus o que acontece

"Wie schon in den Neunzigern lebt Deutschland nach dem wenig bewährten Grundsatz, dass nicht sein kann, was nicht sein darf. "

Muito comum aos anos 90, a Alemanha ainda vive baseada num dos poucos bem conservados axiomas: Aquilo que nao pode ser nao deve ser. Com isto repele-se a ideia da globalizacao, que nos induz a uma (sobre)vivencia sem garantias e certezas de médio ou longo prazo. Veja-se o caso da Nokia em Bochum, que decidiu fechar as portas e mudar as instalacoes da producao para a Roménia, após ter assimilado cerca de 90 milhoes em subsídios, acarretados pelo Estado e, assim, pelos contribuintes, sendo eu um deles. A ironia reside no facto de ser o próprio Estado, através dos Bundesländer (os estados federais), a criar incentivos para que esses global players escolham a regiao onde contribuirao para a criacao de novos postos de emprego. A unidade de producao da Nokia em Bochum já é residente há cerca de 20 anos, todos eles alimentados pelo estado Renania do Norte / Vestefália. Para reduzir os custos e aumentar competitividade, a empresa decidiu rumar a Leste (será ilusao minha ou as empresas alemas optaram pelo mesmo destino?) e transferir a producao para um país onde o salário médio roda os 300 euros, sem obrigatoriamente significar que a mao-de-obra nao será especializada. Ao contrário da opiniao de muitos, os países do Leste europeu oferecem um sistema de ensino mais orientado pelos resultados e caracterizado por disciplina e respeito para com as instituicoes (veja-se o caso dos nossos concidadaos ucranianos, um caso de exportacao bem-sucedida nas nossas escolas portuguesas).

Os cidadaos alemaes tentam negar evidencias e recusam aceitar o próprio destino, trespassando responsabilidades próprias para o lado estatal. As expectativas encontram apoio na classe política, a qual nao lida com temas tao sensíveis de forma razoável, muito menos economicamente racional. Estratégias impensáveis de se realizar, como o aumento dos salários reais (provavelmente possível pela conjuntura positiva), o estabelecimento de salários mínimos ou a definicao de um limite para os salários e bonus dos grandes managers (uma medida que em nada iria contribuir para a reparticao igualitária de rendimentos e sim para uma fuga de grandes cérebros empresariais para o estrangeiro) tornam-se cabecas de cartaz, com fins obvios de campanha para eleicoes regionais. Provavelmente só iremos presenciar algumas modificacoes de fundo daqui a umas décadas.

O povo indigna-se, a política debate-se, a economia regozija-se. E as Nokias continuam o seu percurso de optimizacao de receitas e maximizacao de lucros. Até um dia darem a volta ao mundo, essa mais longa do que 80 dias.

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